As Espadas do Passado, Presente e Futuro

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Folhetim 2: AS ESPADAS DO PASSADO, PRESENTE E FUTURO


  Capitulo 1 – Um novo começo

Kagome correu apressada até a escola, passou sem ver direito o semáforo, atropelou um rapaz que estava passando pela calçada, era um rapaz bonito e parecia ser americano, mas ela só gritou pedindo desculpas e continuou a sua maratona. Seus sapatos novos batiam rápido nas calçadas, faziam um barulho estralado. A maleta balançava de um lado para o outro conforme ela se agitava em direção aos portões do colégio. Estava atrasada, aliás, estava muito atrasada, mas aquilo já estava virando rotina. Não era, mais, novidade. Mas o que era novo, no entanto, era seu humor, seu sorriso, seu uniforme, sua nova escola, os amigos e novos amigos, a nova vida da jovem estudante. Tudo havia mudado e poucos meses haviam se passado desde que Naraku havia sido destruído. Era estranho como em pouco tempo tantas coisas haviam se transformado.

Tudo parecia realmente Ter mudado, mas ainda sim estava tudo igual.

Kagome era uma típica estudante de colegial, usava roupas novas, sapatos novos, maleta de estudos e sabia que teria que se esforça muito aquele ano e até o último ano para passar no vestibular e entrar numa boa faculdade ou universidade. Mas mesmo assim, ela tinha algo a mais que as demais novatas do colégio, ela tinha um sorriso mais radiante que todos ali, ela tinha um passado mais vivo do que qualquer um poderia Ter.

Muitos dos antigos amigos do colegial de Kagome haviam mudado de escola, assim como ela. Alguns foram para o mesmo colégio juntos, outros foram para fora do país em intercâmbios culturais ou de idiomas e alguns ainda passaram em Colégios especiais para super dotados. Porém, Kagome preferiu ficar numa escola mais perto de sua casa, e embora tivesse estudado muito para poder estudar numa escola publica e Ter passado por pouco no exame de admissão, ainda sim estava muito feliz de Ter conseguido aquela chance. Afinal, sua mãe não teria condição de pagar um colégio particular para ela e seria melhor que ficasse mais perto de casa, caso fosse necessário voltar correndo para o templo. Suas amigas a acompanharam, já que todas decidiram terminar juntas o colegial.

O uniforme não era mais de marinheiro com detalhes verdes. Kagome ainda usava saias e camisas sociais, mas o estilo havia mudado um pouco. As saias tinham pregas azuis marinhos, a camisa era branca inteiriça e havia uma gravata longa e também azul presa no pescoço. A jovem não gostava muito da tal gravata, mas pelo menos não se sentia criança usando o uniforme. Havia também, em dias frios o uso de meias longas que iam até dois quartos acima do joelho, o que ajudava a se proteger dos ventos gelados que de vez em quando batiam.
Subiu as escadas, bateu de ombros com um garoto que parecia perdido, olhou para ele e sorriu, mas não viu seu rosto, e continuou a subir até chegar de frente com a porta da sala, entrou tentando não fazer muito barulho, mas era impossível, ela era barulhenta!

_Desculpe professor. – ela entrou rápido, e sentou-se em sua mesa. Suas amigas a olharam com um sorriso no rosto, Kagome era sempre muito engraçada e desajeitada mesmo. Desde que o ano havia começado Kagome sempre chegava atrasada, elas não entendiam porque, mas ainda sim compreendiam. Mas o que fazer, Kagome gostava de dormir sempre um pouco mais e acabava se atrasando, mesmo que a escola fosse perto da sua casa. Porém, esta não era a verdade sobre o seu atraso.

...

_Inuyasha! – Shippou gritou chamando o meio-demônio, mas não houve resposta. O dia estava começando na era feudal e o ar estava frio, o pequeno demõnio se sentia um pouco cansada e com o corpo dolorido, havia dormido pouco aquela noite. Estranhamente o vento estava se agitando, principalmente depois da morte de Naraku, a atmosfera estava cada vez mais densa e a névoa um pouco mais gelada que o comum. Shippou procurava, a ando de Kaede o meio-demônio, mas ainda não o havia achado. Diferente de Inuyasha seu faro não era tão bem desenvolvido e sua audição também não, então tinha que confiar em seus instintos.
Inuyasha estava na frente da árvore sagrada fazia algumas horas, o sol não havia nascido ainda quando ele se colocou ali. Na verdade, estava lá desde sempre, sentia-se como se nunca tivesse tirado aquela flecha de seu peito, embora Kagome o tivesse libertado, ele ainda se sentia preso a um passado distante e doloroso. Estar ali, na frente do que ele deixou para trás era costume pelas manhãs.

Era estranho, mas desde que Naraku havia sido derrotado e a alma de Kikyou havia voltado para o corpo de Kagome, ele ia até a árvore, logo que o sol raiva. Permanecia ali por um longo tempo, como se meditasse, como se estivesse se desculpando por tudo que fez.

_É difícil se livrar do passado não é verdade? – a voz conhecida, soou para Inuyasha como um trovão, ou mesmo um veredito, não era sua consciência que falava, mas era como se fosse. Aquela voz metálica e pouco amistosa só poderia vir de uma pessoa, ou melhor, youkai: Ruki.

Lá estava ela, com seus cabelos soltos, sentada tranquilamente no tronco da árvore olhando para Inuyasha e vendo seu sofrimento contido. Suas pernas balançavam no ar e a espada estava deitada no colo. As roupas pareciam novas, mas era obvio que haviam sido roubadas a pouco tempo de alguma nobre ou princesa da região, Ruki não usava roupas de plebeus.

_O que faz aqui? – Inuyasha vociferou um pouco bravo com ela, o que ela pensava que estava fazendo num local como aquele, por que estava ali, como Inuyasha odiava quando ela se intrometia em seus assuntos.

_Como já disse, é difícil se livrar do passado Inuyasha! – ela levantou-se lentamente e o encarou mais uma vez. – Tenho algo a lhe dizer...

_Inuyasha! – a voz de Shippou soou novamente no ar. As orelhas de Ruki perceberam que o pequeno estava perto e antes mesmo que Inuyasha percebesse Ruki já não estava mais ali, havia sumido completamente, assim como havia surgido, nem mesmo seu cheiro havia ficado no ar.

Então ele sorriu, estava novamente só. Encostou a mão na árvore e respirou fundo buscando algo dentro de si. “Kikyou, obrigado por ter sido...” – mas a voz de Shippou tirou a concentração de Inuyasha, por um instante ele quase sentiu a presença de Kikyou ao seu lado, mas o pequeno demônio o fez perder totalmente as lembranças que o levavam até Kikyou. Então, a batida.

_Por que você bateu em mim? – o youkai perguntou coçando a cabeça, sentia a dor no local, no mesmo local de sempre, já deveria Ter aprendido a se desviar do golpe de Inuyasha, mas era difícil responder aos movimentos rápidos no meio-demônio. Agora havia um galo onde Inuyasha havia batido. – Doeu! – choramingou a pequena raposa com o olhar lacrimoso.
_Me deixe em paz Shippou. – reclamou Inuyasha pulando para o alto da árvore sagrada e sentando-se no galho. – Estou sem paciência hoje! – disse virando-se para o lado e dando as costas para Shippou.

_E desde quando você tem paciência? – perguntou o pequeno irritado com a violência de Inuyasha, queria um dia poder se vingar das brincadeiras maldosas que o cachorro fazia com ele. – Um dia eu ainda vou me vingar! – resmungou alto, mas Inuyasha não deu bola para a provocação, realmente não estava disposto a brigar com uma criança naquele momento.
“Enquanto você não se esquecer de Kikyou ela estará viva!” – Ruki o havia aconselhado a jamais esquecer de Kikyou, pois somente assim ela se manteria viva dentro do seu coração. “Minha querida Kikyou!” – pensou o meio-demônio fechando os olhos e lembrando do passado com ternura.

...

_Miroku! – Sango gritou com o monge. Tinha no olhar uma raiva quase que incontida. Não podia acreditar no que ouvia e via, Miroku, porém, olhava com medo ao perceber a ira de Sango. O colar de pérolas estava brilhando no pescoço da jovem exterminadora, porém, Miroku se encontrava em uma situação muito complicada.

O monge tinha duas jovens da aldeia ao seu lado. Para uma ele pedia um filho, para a outra, dois filhos. Aquilo fez Sango irar-se. O monge mal a havia pedido em casamento e ele já estava atrás de outras garotas. Os olhos da exterminadora ardiam como um fogo em brasas intensas.

_Então é assim? – ela arrancou o colar. – Você é um pervertido! – e jogando o colar no chão, o estilhaçou. Miroku, porém, ficou paralisado. Não sabia como agir, não sabia o que dizer. Sango tinha razão, ele era pervertido, mas ele a amava tanto. Admita que gostava de dizer aquelas palavras para as jovens, mas não as amava, não como amava Sango. Porém, como dizer aquilo a ela, como mostrar seu amor? O colar estava quebrado, o coração de ambos estilhaçados e a solidão abrandava suas almas.

...

_Ouvi dizer que a Sacerdotisa retornou! – um velho resmungou em meio à escuridão de seu quarto. Sua voz era grossa, tinha um sorriso amarelo malicioso e seus dedos ossudos e magros estralavam quando ele os fechava. Havia um tom de maldade em suas palavras e o homem deixava escapar um brilho estranho por seus olhos azuis. – Se esta noticia for verdadeira, então chegou a hora de encerrar a minha vingança contra aqueles que me fizeram ser este ser desprezível que sou.

_Sim, meu senhor. Naraku também foi exterminado. – resmungou um jovem que estava de frente ao velho, ajoelhado e em posição de reverencia, como se estivesse adorando a figura macabra que se apresentava a ele. – Sabe o que isso significa não é verdade meu lorde?

_Está na hora então! Não percamos tempo com discussões baratas, temos que iniciar agora um ataque. Vamos começar com o fim dos tempos! Aqueles dois irão pagar com seus sangues pelo que me causaram! – resmungou o velho levantando-se. Ele possuía três espadas na cintura ossuda. Três lâminas mortais, três mortes que ele queria e três vinganças que necessitava fazer. – Sesshoumaru, Ruki e Inuyasha são os últimos da dinastia dos Cães, eles devem ser eliminados.

_E o herdeiro impuro? O que devemos fazer com ele? – perguntou uma youkai de olhos de diamante.

_Vamos fazê-lo sentir a ira, afinal, ele também descente desta raça maldita! Ele deve sentir a nossa vingança assim como os outros dois. Não vamos ter piedade, eu nunca tive e não será agora que terei! – resmungou o velho.

_E a garota? – questionou.

_Usem suas garras, dentes e espadas para me trazerem a jovem, eu mesmo quero consumi-la com minha raiva que jamais morre! – respondeu dando as costas.
Todos sorriram naquela sala. A satisfação de estarem livres para iniciar a destruição podia ser sentida de longe por todos. Uma forte onda de energia maligna percorreu as terras feudais como um maremoto de devastação. A onda de maldade percorreu cada ponto da terra até que...

...

“O que é isso? Não pode ser? Mas... esta energia...” – pensou Sesshoumaru olhando para o norte, sentiu um bafo quente em seu pescoço como se um traidor estivesse diante dele, mas era apenas o vento percorrendo as terras de seu senhor.

...

“Essa energia... o que é? É ele!” – Ruki olhou para o norte e lamentou, estavam prestes a iniciar uma nova guerra. Ela sabia que em pouco tempo aquela sensação se tornaria um pesadelo.

...

“O vento está mudando de direção novamente!” – Inuyasha sentiu a brisa mudar de direção repentinamente. “O que está acontecendo, Tetsussaiga?” – Tetsussaiga tremeu por um instante, como se soubesse o que estava para ocorrer. “Faz muito tempo que não sinto esta vibração e cheiro de perigo no ar!” – pensou um pouco desconfiado de que algo estava preste a ser despertada. Mas ele estava errado, já havia sido acordado um poderoso ser que queria a destruição daqueles que o aprisionaram há muito tempo.

 

 

Capitulo 2 – A morte do meu Inimigo

...

“_Morra, Naraku! – Inuyasha gritou quando os poderes da flecha de Kagome e de Kikyou se encontraram, uma de cada lado, purificando o corpo de Naraku. Porém, não era o corpo adulto do meio-demônio que Inuyasha buscava, era o coração de Onigumo, era o coração humano. Porém, uma barreira o impediu de acertar. A criação mais infantil de Naraku o impediu de acertar criando uma barreira poderosa.

_Inuyasha! – Kagura jogou um fragmento de um cristal para Inuyasha, aquela era a chave para abrir a barreira.

_Kagome! – o cristal voou em direção a jovem. – Use-o! – gritou, Inuyasha fazendo um sinal para a jovem.

Novamente flechas purificadoras voaram. A de Kikyou acertou novamente Naraku, o ferindo, mas não o destruindo. Kagome, porém lançou sua flecha na barreira que protegia o coração de Onigumo! Um ataque foi lançado contra Kagome neste instante. Sango bloqueou as bolas de fogo que se dirigiam para a garota.

A flecha de Kagome perfurou a barreira e a destruiu. Inuyasha lançou o golpe mortal em direção a Kana, ou pelo menos seu espírito que parecia não querer morrer, revivendo e voltando a todo instante, e a criança que estava em seu colo.

Miroku havia aberto o buraco do vento, pois alguns insetos de Naraku tentavam bloquear com seus corpos o poder lançado por Inuyasha. O jovem monge podia sentir o veneno daquele seres entrando em seu corpo, mas ele tinha que impedir que os insetos atrapalhassem. Sabia que logo morreria, há tempos havia sido brutalmente atacado pelo miasma e tinha certeza que logo seu fim chegaria, era apenas uma questão de tempo até que a dor voltasse e ele deixasse o mundo, porém, antes de partir para o inferno, tinha que destruir aquele que gerou a desgraça de sua família, talvez assim Sango pudesse ter um futuro em paz.

Então uma luz imensa invadiu os corpos de todos.

Kohaku correu em direção a mais nova criação de Naraku e com um golpe certeiro, de um exterminador de youkais, ele destruiu o ser desprezível que tanto o mandava cumprir ordens. Já tinha tomado consciência que não era uma marionete e mesmo seguindo Sesshoumaru, tinha os seus próprios propósitos. Precisava ajudar a irmã a vencer e principalmente destruir aquele que o controlou e o fez matar seus amigos e seu pai, tinha que acabar com tudo aquilo e agora sabia que toda a experiência que havia adquirido servindo Naraku e seguindo Sesshoumaru, ele mataria Naraku!

De repente um poder repentino brilhou de longe e arrastou Naraku metros a diante. Naraku já sabia que aquela luta era inevitável, quando mais eles descobriam ao seu respeito, mais ódio adquiriam e mais vontade de destruí-lo sentiam, mas não conseguiriam matá-lo somente com suas vontades, teriam que superá-lo e isso era impossível, ele era muito poderoso.
O meio-demônio estava ferido pelas flechas de Kikyou, o inimigo sorriu para a sacerdotisa com tanto prazer que era como se ela o tivesse beijado, ele soltou uma risada e arrancou as flechas de seu corpo, jogando-as no chão, no entanto, sabia o poder que elas carregavam consigo. Não havia só ódio nas flechas, havia um estranho sentimento que o impregnava lentamente. Logo Naraku não seria mais capaz de resistir. Seu coração havia sido destruído, faltava pouco tempo para ele tivesse o mesmo destino. Mas não morreria sem lutar, sem levar quem quer que fosse com ele!

Kikyou foi ferida mais uma vez pelos feixes de luz de Naraku. Inuyasha nada pode fazer para impedir, por mais que tivesse jurado a sacerdotisa que a protegeria, como sempre foi incapaz de manter a sua palavra, era um fraco inútil quando se tratava de defender alguém. Mas a raiva de ver Kikyou ferida, de ver o sofrimento dela por causa de Naraku o fez correr de encontro com o inimigo sem pensar. No entanto, a presença de seu irmão, Sesshoumaru, se pôs em seu caminho, Sesshoumaru queria sua vingança. Havia caminhado muito pelas suas terras até chegar até aquele momento, tinha aprendido tanto quanto precisava para destruir Naraku, mas mesmo assim, havia muito mais em sua mente. Rin e Jaken eram agora partes dele e estava satisfeito em saber que estavam em segurança longe dali, e tinha o sangue, queria o sangue de Naraku escorrendo vagarosamente, ver sua morte débil diante de sua expressão fria e desinteressada, Naraku morreria naquele momento!

Sango estava ferida e Miroku sofria os efeitos do veneno, a situação não era boa. Shippou ajudava Miroku, enquanto Kagome ajeitava Sango em Kirara, para que esta tirasse a jovem exterminadora dali. Kohaku ajudou Kagome e, depois,0 seguiu com a gata para Miroku e os levou para o bosque, ali estariam seguros.

Shippou correu em direção a Kagome. Quando Sango foi atingida ela caiu encima de Kagome e a fez quebrar o arco, estava desarmada contra Naraku. Kagura havia caído de sua pena e agonizava de dor, tinha a perna quebrada e provavelmente sentia-se indefesa, completamente sozinha, não tinha aliados, somente inimigos! Com o coração de Onigumo destruído, ela podia sentir seu peito arder, como se tivessem arrancado seu próprio coração, ela estava morrendo. Kana, sua irmã, que já havia experimentado a morte sabia, já havia sido destruída e ela desaparecia lentamente, sentindo a dor da liberdade, da verdadeira ventania da liberdade.

Sesshoumaru sentia a presença de Kagura sumir lentamente. Por um instante ele olhou para ela caída no chão agonizando, sentiu pena dela. Mas manteve a posição, impedindo Inuyasha de correr até Naraku.

A situação era grave. Kikyou tinha suas almas fluindo para fora do seu corpo, que havia sido quebrado. Kagome não tinha arma alguma, Inuyasha não podia avançar contra Naraku e Shippou estava com medo. Kouga estava desmaiado devido a um golpe muito violento que sofreu com Entei. O que fazer?

Sesshoumaru sorriu para Inuyasha, não era um sorriso animador, mas satírico, então, abriu caminho para o irmão passar. Inuyasha encheu-se de uma raiva que jamais sentira antes, como se fosse explodir dentro de si, ele tinha que descontar tudo que Naraku havia feito, ele precisava destruir aquele ser que tanto o fez sofrer, que matou Kikyou, que tentou destruir Kagome, que amaldiçoou a familia de Miroku e destruí o clã de Sango, aquele que ressuscitou o exercito dos sete somente para poder adquirir mais poder e que por vezes testou seus sentimentos por Kikyou e Kagome! Como o odiava. Então deu o golpe final...

Não, não era possível, Naraku ainda estava vivo. Então Sesshoumaru partiu para cima de seu inimigo, o meio-youkai nojento que o enganou, que feriu Rin e que o fez caminhar muito somente para destruí-lo, como o odiava, já poderia ter destruído o ser antes, mas ele havia tentado ser mais esperto que o próprio Sesshoumaru, agora receberia o castigo final. E um corte foi feito, arrancando de Naraku a Jóia de Quatro almas.

_Destrua-o agora Inuyasha! – Sesshoumaru disse vendo o brilho da jóia explodir para cima e a pedra cair nas mãos de Kagome, como se tivesse sido jogada para ela. Inuyasha não questionou pela primeira vez o irmão mais velho, estava cego de ira.

Mais um golpe, mais uma tentativa. Desta vez com mais intensidade, com mais vontade e com mais sentimentos. Era preciso ser forte, destruir o ser que fez mal a muitos e que matou tantos.

Um grito de misericórdia, um grito de dor, um grito que jamais seria ouvido novamente. Naraku desapareceu assim como surgiu, como uma brasa que se esfriava lentamente, para nunca mais se acender. Seu corpo virou pó, um pó venenoso, que levava o mal. Pairou no ar e voou para nunca mais existir.

O sol surgiu no horizonte e a lua se escondeu, era um novo raiar, uma nova esperança surgia pronta para conduzir a todos numa nova jornada que quem sabe, os conduzissem aos seus reais destinos?

_Kohaku! Koraku! – Sango correu para o irmão, caído, cheirando a morte e com os olhos vidrados e sem brilho, estava morto, mas isso a jovem guerreira já sabia, como queria poder fazer o irmão voltar a vida. – Kagome! – gritou para a jovem que segurava a jóia. – Por favor! – implorou chorando. Sua família, sua esperança, tudo estava nas mãos de Kagome.

_Parada jovem! – a voz de Kikyou, fraca, mas intensa surgiu. Estava fraca, estava perdendo o pouco do sopro de vida que possuía. Mas parecia muito ciente do que fazia. Não se aproximou, porém de Kagome, como se sentisse que sua alma seria sugada pela jovem se, se aproximasse mais.

_Kikyou? – Kagome olhou para a sacerdotisa, era obvio que suas condições eram péssimas e por mais que Kagome quisesse ajudá-la, naquele momento, sentia suas pernas mais pesadas do que costumeiramente e sua mão ardia. No rosto alguns cortes e a roupa suja e gasta. Estava cansada de tantas lutas e sua alma estava estranhamente ardendo por dentro, como se estivesse se esvaindo lentamente.

_Leve a Jóia para o Templo do vilarejo, é preciso purificar a jóia, depois poderá fazer o que quiser com ela. – disse sentindo os carregadores de almas surgindo repentinamente perto de si. Eles a elevaram e a conduziram para o céu estrelado. – Este garoto não tem mais alma e nem corpo, não tem como ser ressuscitado!

Inuyasha ainda estava parado, imóvel em sua posição depois da morte de Naraku, ainda não compreendia o que havia acabado de fazer, mas sentia que seu coração estava sendo limpo completamente de todos os sentimentos que sentia. Toda a mágoa, raiva e ira que o moviam estavam sumindo de dentro dele, e ele finalmente sentia sua alma nova e renovada, seu coração batendo e seu corpo, cansado, mas leve. Ainda olhou na direção onde pensou ter visto Sesshoumaru, mas este já havia desaparecido.”.

...

_Naquele momento eu não entendi porque Sesshoumaru quis atacar Naraku antes de mim, não entendi porque tanta vontade de destruir Naraku... – Inuyasha olhou para a espada, podia sentir a presença de Sesshoumaru ali. Nunca compreendeu os motivos do irmão, nunca compreendeu seu ódio, mas era como se ele tivesse um relacionamento mais intimo com as espadas que seu pai lhes deixo do que o próprio Inuyasha. – Mas agora eu compreendo. Ele queria que a Tetsussaiga estivesse com o poder pleno e que não houvesse entre mim e Naraku nenhum elo que nos unisse, pois desta forma minha espada nunca poderia realmente destruí-lo.

Retirando a Jóia de Quatro Almas, ele arrancou de Naraku a única defesa que ele possuía contra mim.

O meio-demônio sorriu.

“Ele conheceu mais sobre você do que eu!” – pensou sentindo um pouco de inveja de seu irmão Sesshoumaru, queria poder ter conversado com seu pai, conhecido aquele que lhe permitiu viver e que lhe deixou uma espada tão maravilhosa como Tetsussaiga, mas isso jamais poderia acontecer.

...

Era de noite e Inuyasha podia sentir os ventos mudarem de lado. Algo estava para acontecer, algo estava para mudar suas vidas novamente. Um grito soou pela floresta e fez os pássaros voarem.

Inuyasha correu de encontro ao grito. Foi quando ele se deparou com algo...

 

 

Capitulo 3 – Uma youkai misteriosa

...

Um vento gelado passou pelo rosto de Inuyasha e o cortou de leve. Ele podia sentir cristais de gelo voando para todos as direções. Um sorriso parecia brotar no rosto do meio-demônio. Fazia muito tempo que nenhum youkai aparecia por aqueles lados, principalmente depois que a Jóia de Quatro Almas havia retornado ao corpo de Kagome.
Inuyasha estava de frente para um youkai estranho. Ele possuía o aspecto feminino e humano, mas seus olhos pareciam cristais de diamante e seus cabelos eram feitos de um gelo brilhante. Na verdade, Inuyasha nunca havia visto ser tão intrigante quanto aquele.

_O que você quer? – perguntou o meio-demônio sacando a espada e preparando Tetsussaiga para um ataque fulminante.

_O cristal da jovem de duas almas! – respondeu a youkai avançando para Inuyasha. Nas mãos de aparência humana e unhas de vidro, uma espada feita de pedras preciosas. Naquele instante, as armas de bateram e emitiram um som grotesco e quase ensurdecedor.
O olhar de Inuyasha estava cheio de vida, ele queria lutar, queria destruir. No entanto, um pensamento estranho veio a sua mente: “Mulher de duas almas? Kagome!” – seus olhos arregalaram-se num ódio súbito.

Kagome não estava na era feudal, ele saberia se ela estivesse, afinal o cheiro da jovem era único. Além disso, apenas o fato de um youkai como aquele, ameaçador, querer algo de Kagome, já fazia o sangue de Inuyasha ferver e sua raiva expandir, aumentando ainda mais o poder destrutivo da Tetsussaiga. “O que ela quer de Kagome?”.

_Quem é você e o que quer com Kagome? – Inuyasha gritou irritado, ninguém machucaria Kagome, jamais, ele a protegeria e desta vez não falharia, pois sabia o que realmente sentia. – Ela não vive mais nesta era! – mentiu, talvez por medo ou por desafio, mas de qualquer jeito estava muito zangado por ter que dizer alguma coisa.

_Eu a quero... Seu sangue! Sua alma! – disse a youkai com um tom sedutor e ao mesmo tempo tenebroso, como se fosse destruir Kagome.

_Oras, sua... – e ele partiu novamente em direção a youkai.

_Osso Voador! – um grito de longe e um bumerangue gigante atravessou a youkai com brutalidade. Sango estava por perto e havia ouvido o som estridente do impacto das espadas. Miroku estava logo atrás, junto de Shippou.

Kirara sobrevoava o local.

_Humanos? O que podem contra mim? – riu a youkai que, ao ser dividida em duas partes, começou a se regenerar rapidamente. Aquele ato lembrava Naraku, mas o cheiro do meio-demônio não estava presente nela. Aquela youkai não era criação de Naraku, todas as suas criações haviam morrido junto com ele. O que ela era? De onde vinha? Inuyasha não queria saber nada sobre ela, a única coisa que desejava era destruí-la!

_Inuyasha, o que está acontecendo? – Miroku se aproximou de Inuyasha. Shippou havia ficado junta a Kirara, era mais seguro. – Quem é ela? – perguntou olhando para o corpo humano da youkai. Não era feia, mas tinha uma aparência estranha.

_Não sei. Mas ela quer a Kagome! – respondeu correndo de encontro a youkai. – Não permitirei que encoste um dedo na Kagome!

_Por que ela quer a senhorita Kagome? – perguntou-se, preparando-se para lutar, podia não ter mais o buraco do vendo, mas ainda sim era um valoroso adversário. Era estranho, desde a morte de Naraku não havia tido ameaça alguma e com o fim da Jóia de Quatro Almas, a vida tornou-se mais fácil e Kagome nunca mais foi importunada com aquele tipo de ataque. “Mas então?” – perguntou-se.

Julie estava em desvantagem. Ela sabia disso!

Eram dois humanos, dois youkais e um meio-demônio contra ela. Claro que não seria fácil vencer, até poderia destruí-los, mas ela não estava atrás daqueles seres, ela queria Kagome e mata-los com toda a certeza não seria o melhor modo de conseguir chamar a atenção da humana com duas almas.

_Por hora podem viver seus míseros mortais! Vocês só me servem vivos. Quanto a você, meio-demônio Inuyasha... Sua família irá pagar pelo que causou a todos os que destruíram... no final, sua raça irá perecer! – disse retirando-se do campo de batalha como havia chego, com o vento e repentinamente.

...

Ruki estava sentada serenamente, a brisa era agradável e sentia-se um pouco mais leve que costumeiramente, raras eram às vezes em que não sentia ódio de si mesma por ser quem era e ter feito o que tinha feito. “Criar um meio-youkai! Que desonra para a casa do meu pai!” – refletiu olhando para sua espada.

A luz do luar iluminava seu rosto queimado pelo sol. Naquele instante parecia paralisada pela grandeza da lua. Há muito tempo não parava para admirar a vida, não era possível ficar admirando o que não estava no alcance de suas mãos, o tempo de viver estava terminado ou começando e a lua ainda estaria lá para ver sua morte!

Depois de tantos anos servindo ao clã dos cães ela não sabia mais o que estava fazendo ali, sua missão deveria ter terminado, mas aquele era sempre o começo de mais um grande erro que alguém cometeria. Não era fácil viver e se manter viva, acreditava que talvez um dia pudesse ser livre de tudo e partir daquele mundo assim como havia chego, lutando somente com o destino.

_Sesshoumaru. – resmungou olhando para o leste. Podia sentir o cheiro do youkai, um odor agradável e ao mesmo tempo detestável. Estava distante, mas seu faro nunca a havia enganado, ela jamais esqueceu o perfume de flores silvestres ariscas que o corpo do demônio exalava. Ele estava naquela direção. Por um instante pensou em ir até lá, terminar a luta que havia começado a mais de cem anos atrás, mas preferiu não fazer nada. Ainda podia sentir a dor da cicatriz de seu último encontro com o youkai.

“Naquele dia caia uma chuva pesada. Ele estava do outro lado do campo de batalha. Muitos dos meus companheiros haviam sido mortos por suas mãos frias e sem sentimentos. Mas, eu, também havia matado seus aliados. Estávamos empatados, sujos de sangue e cansados. Ele mantinha um sorriso sarcástico no rosto e eu permanecia com o olhar frio, apenas destruindo o que se aproximava das minhas garras. Por que me lembrei disso? Deveria esquecer de uma vez por todas o passado!”. – Ruki lembrou-se dos dias de guerras, o sangue que escorria por suas mãos, o cheiro de morte que pairava no ar, os mortos que se acumulavam por todos os lugares, os incensos e as velas para as almas vagantes. “Bons e maus tempos!” – ela sorriu e fechou os olhos.

...

Sesshoumaru encostou-se numa árvore e sorriu, pela primeira vez em muito tempo, Rin estava dormindo ao lado da fogueira e Jaken parecia sonolento, provavelmente estava com sono, mas se esforçava para ficar acordado. Ah-Uh estava servindo de apoio para Rin e os grilos faziam um barulho suave.

Aquele dia era mais um dia, mas estranhamente Sesshoumaru sentia falta dos tempos de glória do clã dos cães. Ele tinha quase se esquecido de como eram fúteis os motivos para destruir e que seu caminho foi aberto com sangues e dores de muitos youkais mortos, humanos destruídos e amores rompidos. Depois de tanto tempo, a lua ainda estava no céu, brilhando com sua beleza e poder, um poder que sempre estaria fora do alcance de suas mãos. Queria poder ter tal poder.

“Já faz tempo que não olho você!” – refletiu.

Seus pensamentos não estavam tão distantes como pareciam, na verdade, estava a oeste, provavelmente sentada em algum lugar, descansando o corpo de um sacrilégio que havia cometido ao ir e levar junto Inuyasha para uma era que não lhe pertencia. Depois de dias do sacrifício feito para que seu protegido tivesse a chance de ser feliz ela ainda sofria as conseqüências. O corpo de Sesshoumaru também estava cansado, não só das andanças, mas também das responsabilidades que carregava consigo todos os dias.

“Ela está crescendo...” – voltou suas atenções para Rin. Era verdade, isso passava a ser uma preocupação que ele acreditou que não mais teria, mas que tinha agora que voltava a seguir no caminho da destruição com o fim de Naraku. “Terei que fazer algo” – refletiu dando as costas para onde Rin estava e se afastando do grupo. Ninguém ousaria se aproximar do local, o cheiro de Sesshoumaru afastava os youkais, fortes ou fracos, todos temiam o poder dele.

_Ruki... – ele disse querendo acabar com a luta que começou a quase 100 anos, mas não era o momento, se morresse? Rin precisaria de alguém, e mesmo que vencesse, suas condições o impediriam de protegê-los por algum tempo.

Preferiu olhar novamente a lua, ela era bela.

...

_Você vai morrer! – gritou Inuyasha lançando-se contra a youkai com fúria...

 

Capitulo 4 – O lobo e a loba

...

_O que foi Kouga? – Ayame levantou-se, era tarde da noite, estava cansada e sentia falta de Kouga na caverna em que estavam. Os lobos, todos, unidos num único grupo, migravam para o norte, em busca de paz, em busca de tranqüilidade. Porém, o coração do demônio príncipe dos lobos estava inquieto. Ele também sentia os ventos da mudança soprando.
“Parece que meu destino ainda não se completou... Como se eu tivesse deixado tudo para trás!” – refletiu quando o vento bateu mais forte em seu rosto, era um sinal de que algo estava errado. Não se sentia culpado de estar ali, era onde ele mais queria estar, mas seus instintos lhe diziam que era preciso voltar para trás, caminhar na direção oposta e ajudar aqueles que mais precisavam de sua ajuda.

_Não estou gostando desta calmaria. – respondeu apoiando-se na parede de entrada da caverna e olhando para fora. Seu corpo e sua alma podiam sentir todo o clã dos lobos dormindo, cansados pela longa jornada que faziam em direção ao norte, para terras mais propicias a vida. – Eu... – ele tentou dizer algo mais não conseguiu, como dizer para Ayame que teria que voltar para trás? “Ela vai ficar magoada!”. – pensou soltando um suspiro de tristeza.
Estavam numa montanha, longe do vilarejo da velha Kaede e longe de Kagome. Kouga sentia falta de amiga. Ela lhe ensinou tanta coisa, coisas que ele sozinho jamais descobriria. Na época que a conheceu era egoísta e um assassino em busca do poder, assim como Naraku, mas com a jovem descobriu que a vingança não resolve os problemas, que a amizade às vezes pode fazer a vida brotar nos corações mais frios e que mesmo distantes os laços formados jamais se rompem.

Até mesmo sentia a desprezível falta do cheiro de cachorro de Inuyasha. Embora realmente não gostasse do meio-demônio, ele o respeitava, era um adversário a sua altura e mais, era aquele que Kagome escolheu para ser dono de seu coração, contra isso Kouga jamais poderia lutar.

_Estamos longe de onde nascemos! – ele disse para Ayame.

_Kouga, você não tem mais que lutar. A morte de seus companheiros já foi vingada, Naraku foi destruído para sempre! – Ayame aproximou-se um pouco receosa, mas confiante, de Kouga. Queria tocar em seu corpo, passar sua tranqüilidade para ele, mas preferiu apenas observar como ele se iluminava com a luz do luar. Estava tão belo quanto antes e estava mais maleável, mais amistoso, permitia a aproximação da garota e até a consolava e a fazia rir quando ela precisava.

_É como se eu ainda sentisse suas presenças ao meu redor, foram amigos que jamais poderei esquecer. – refletiu sentindo o peso de casa palavra, ele havia perdido todo seu clã e a que custo? Eram todos seus irmãos e estavam mortos por motivos fúteis.

_Sinto muito – Ayame lamentou. Kouga tentou sorrir para acalmá-la, mas sabia que nem mesmo seu coração estava calmo.

Há alguns dias ele passou a olhar Ayame com outros olhos, olhos de um lobo para uma loba. Claro que ainda estava com o coração um pouco receoso de acreditar em seus próprios sentimentos, mas aquela jovem possuía uma alma tão pura e tão leve, que ele queria alcançá-la em suas corridas, queria pertencer a ela e por mais que negasse este sentimento para si, estava claro que o príncipe dos lobos estava sendo domado por uma bela loba.

_Desculpe-me Ayame. Não quero te preocupar! – ele voltou-se para ela. Tinha um olhar tão sereno que fez a youkai se sentir tranqüila. – Vamos levar o clã para o norte. Essa é a minha missão como príncipe dos youkais lobo, todos eles precisam de tranqüilidade para continuar suas vidas e eu preciso descansar! – ele passou por ela e foi se deitar. Não era hora de deixar os sentimentos brotarem, quem sabe um dia. “Me espere Ayame! Por favor, nunca desista de mim!”.

...

Julie pulou para cima das árvores quando Inuyasha a atacou. E com um riso forte e atormentador sumiu, deixando todos confusos. Inuyasha não havia sido capaz de destruir a youkai e sabia que ela voltaria, porque estava atrás de Kagome, da Jóia de Quatro Almas.
“O cristal da jovem de duas almas” - a youkai queria a Jóia, o cristal que Kagome carregava. Esta era a única razão.

_Inuyasha, tudo bem? – perguntou Shippou correndo em direção a Inuyasha. Ele estava paralisado, preso em seus pensamentos, preocupado e perturbado. Então, o pisão! – Aii!!

_O que? – Inuyasha não havia percebido que havia pisado em Shippou. – Ah! É você. – resmungou virando-se para Miroku e Sango. – Voltem para o vilarejo. – disse, e caminhando em direção ao poço quebra-ossos deixou-os sem saber o que havia acontecido.

“Kagome, eu vou esperar você!” – ele pensou quando deixou os amigos.

_Inuyasha... – Sango sussurrou... sabia o que vinha depois, ele passaria a noite em claro esperando Kagome voltar.

...

_O que você acha? – perguntou Sango para Kaede.

_Este youkai não está atrás da Jóia de Quatro Almas. – respondeu a velha. – O cristal é outra coisa...

...

“_Filhos da lua. – Inu-Taysho cumprimentava a todos os seus aliados e convidados, seus iguais, mas ao mesmo tempo inferiores. Naqueles dias de glorias, os cães mandavam em todos os outros youkais com tanta imponência e poder que, os que não se submetiam ao seu a eles, eram esmagados como insetos. Eram tempos de ouro, em que as terras eram cobertas pela proteção de dois grandes youkais que, ao mesmo tempo em que respeitavam seus inimigos, também dos destruíam, e mantinham, entre os demônios e os humanos uma paz quase ilusória, mas que era verdadeira. – Estamos reunidos para celebrar a aliança que uniu o Clã dos Cães da Lua Prateada, no qual eu, Inu-Taysho sou o líder, com o Clã dos Cães da Estrela Negra, que tem como líder Thorkai. – e o youkai com aparência humana, usando roupas feudais brancas, com uma faixa roxa sustentava duas espadas, e nas costas, pendurada mais uma arma, sendo os detalhes da roupa vermelhos e azuis, apresentou o outro ser que era tão imponente quanto ele.

Tinha os olhos frios, mas parecia que sua voz estava alegre, como se a noticia tirasse de suas costas um peso, um fardo que ele estava cansado de carregar por onde passasse.
Thorkai era um youkai cão imponente, muito mais robusto que seu companheiro de mesa. Seu aspecto humano era extremamente grosseiro se comparado ao aspecto de Inu-Taysho, porém, ele possuía um ar mais cruel do que seu novo aliado, como se fosse ameaçadoramente mais brutal. Seus cabelos negros, não estavam mais curtos, como quando Ruki iniciou seu treinamento, agora eles escorriam, cumpridos, e estavam presos num grosso rabo. Os olhos eram cinzas e seus lábios grossos lembravam aos bárbaros de épocas remotas. Havia uma cicatriz no rosto, ela cortava o olho esquerdo e pousava perto da boca. As roupas eram feudais, mas eram negras com detalhes amarelos e vermelhos. A faixa era vermelha e sustentava duas navalhas e uma espada.

_Hoje celebramos a paz! – bradou Thorkai – Minha herdeira, Ruki, a estrela negra e Sesshoumaru, o príncipe da lua, se unirão para manter a paz entre estes dois clãs, que espero, tenham vidas prosperas e longínquas. – ele ergueu a taça de saque e brindou aos herdeiros da união.

Alguns humanos sorriram felizes com a notícia do fim da guerra. Outros youkais reclamaram, já que viviam das mortes que provocavam. Mas em geral todos pareciam satisfeitos em ver, diante dos seus olhos, dois jovens youkais celebrando um ritual importante e que traria a todos uma tranqüilidade desejada.

Do outro lado do imenso salão, onde se faziam brindes com sangue de youkais, ou mesmo com saquês, uma bebida humana embriagante, e promessas eram desferidas como estocadas de espada, dois youkais conversavam, pareciam alheios aos sorrisos, as bebidas e mesmo aos grandes youkais, que de longe, sentiam a presença de seus filhos. Estavam na sacada, longe dos olhos intrigantes dos curiosos e escondido pelas cortinas que flutuavam com o vento noturno, tremendo numa leve dança quase que hipnotizante. Era uma noite festiva, seria uma era calma! Todos estavam bêbados e felizes pelo que estava acontecendo, porém, entre os dois, não havia palavras doces, apenas a amargura de saber que não seriam capazes de cumprir suas promessas no campo de guerra.

Ruki e Sesshoumaru não pareciam animados com aquela celebração, tinham os olhos fixos no abismo que terminava o castelo de Inu-Taysho, como se quisessem pular naquele imenso buraco e fugirem de suas responsabilidades, talvez daquela maneira eles pudessem viver seu único desejo, terminarem suas lutas com a morte de um deles, mas isso seria impossível, eram fortes demais para ficarem com medo de uma situação como aquela, iriam enfrentar de cabeça erguida a realidade, estavam unidos pelo sangue e isso ninguém e nada poderiam separá-los. A verdade é que não se sentiam à vontade naquela posição, naquele modo de ser, ter que conviver pacificamente juntos parecia um teste maior que suas capacidades, para os dois, aquele era o derradeiro teste de sobrevivência. Não que não fossem capazes de conviver, mas se unirem, isso era algo, para ambos, inaceitável. Estavam constrangidos e ao mesmo tempo com uma raiva contida.

_Creio que nossas lutas chegaram ao fim. – Sesshoumaru olhou para a lua. Da sacada podia-se admirar um imenso desfiladeiro. Era uma grande queda. “E seu eu a matasse nesta instante e a jogasse daqui? Ninguém saberia, a destruiria silênciosamente! Mas que idéia idiota! Não sei se teria coragem!” – ele deu uma rápida olhada para a youkai. – Sabe que desejo seu sangue escorrendo por este piso de mármore não sabe?

_... – Ruki o encarou e sorriu desafiadoramente. – Já faz muito tempo que você tenta me destruir, esta poderia ser sua melhor oportunidade, mas cuidado, caso contrário, o sangue a escorrer pode ser o seu! – advertiu num tom sério.

Nos dias de festa, quando os grandes cães se uniam para contarem suas façanhas e os inimigos já estavam mortos, as roupas de ambos mudavam drasticamente, não que não caminhassem pelas terras, trajados de roupas nobres, mas em dias assim, era preciso mudar os trajes, pois havia em cada roupa um significado e uma tradição e mesmo naquele dia, um dia de união entre clãs, era preciso algo mais que uma simples roupa de luta.

Ruki usava vestidos em dias de celebrações, um pouco diferentes dos convencionais. Eram praticamente pedaços de panos que, cobriam seu corpo, isto é, roupas curtas e que permitiam que seu corpo ficasse quase a amostra. Isso porque, para aquela época, os trajes dela eram impróprios, mas entre youkais não havia modéstia. Além disso, mostrar seu corpo mostrava que mesmo sendo uma guerreira, ela ainda era uma fêmea disposta a ser o que era, um objeto de desejo de outros youkais. Assim, naquele fatídico dia, seu corpo estava a vista, coberto por um vestido de descia até um pouco acima do joelho, vermelho, possuía alças que se entrelaçavam. Usava botas de couro, de salto fino, mas que realçavam a beleza das pernas, bronzeadas pelo sol de sua terra. O cabelo estava preso numa grossa trança, e tinha uma beleza noturna estranha. Havia carmim nos lábios e os olhos estavam brilhantes, possuía dois brincos na orelha esquerda e três na direita. Sesshoumaru admitia, ela tinha uma beleza que ele nunca havia visto antes em toda a sua vida e em todas as suas andanças.

_Uma pena. – resmungou Ruki. – No nosso último encontro eu venci e ao que constatei, estamos empatados novamente. – ela sorriu e tomou um gole da bebida. Sesshoumaru não era um youkai marcado pelas lutas, isso ela tinha que admitir. Usava roupas nobres, como se fosse um rico feudal, eram negras naquele dia, e isso realçava sua tonalidade pálida e quase intocável de sua pele. Havia detalhes feitos com fios de ouro, pequenos ornamentos dourados espalhados por toda a roupa. As mangas cumpridas escondiam as mãos com garras afiadas. O cabelo estava preso, igualmente ao do pai. Sua beleza contra a luz do luar chamou atenção, intrigantemente, aos olhos de Ruki. Sua faixa dourada era belíssima e mesmo naqueles dias de festa, ele carregava uma arma no flanco, na verdade, uma arma que mostrava seu poder diante de todos os que estavam ali presentes, era uma adaga de ouro usada tradicionalmente naquelas celebrações.

_Lamento não ter cumprido a promessa que te fiz na primeira vez que nos vimos, de te matar! – ele resmungou, para que seu pai não escutasse. Pois, antes que Ruki retrucasse as palavras, Inu-Taysho invadiu a varanda e sorriu para os jovens. Então, conduzindo-os para fora do salão, olhou-os mais uma vez.

...

 

 

Capitulo 5 – Sesshoumaru e um antigo rival

...

Amanhecia lentamente, o orvalho escorria pelas folhas úmidas pelas gotas do sereno noturno, os pássaros despertavam e o sol erguia-se no horizonte num alaranjado suave que surgia, iluminando os olhares e as vidas dos seres que habitavam a Terra. Inuyasha estava acordado, seus olhos âmbar permaneciam fixos no vazio do céu azul que se iluminava com o sol. Desperto em seus pensamentos, o meio-demônio estava cansado. Em seus delírios e em seus medos Inuyasha via Kagome e Kikyou. Depois de tudo, ele ainda sentia-se um pouco dividido, sentia-se, ainda, um pouco confuso. Não conseguia entender ao certo o que havia acontecido na noite passada quando lutava com a tal youkai, ela falava sobre Kagome, mas por que a queria? Achou que Kagome estaria protegida de qualquer mal com o Naraku destruído e a Jóia de Quatro Almas completa, porém, ele havia se enganado, assim como havia se enganado com Kikyou.

“_Enquanto a Jóia existir eu serei sacerdotisa!” – ele lembrou-se das palavras de Kikyou, quando a conheceu ela cuidava da Jóia de Quatro Almas. A sacerdotisa queria ser uma mulher comum, se apaixonar e poder casar, mas a Jóia era uma maldição que a impedia de viver como mulher, ela tinha que ser forte. Sim, tudo havia acontecido por causa da Jóia e agora Kagome sofreria por ser a guardiã daquele objeto. Inuyasha não tinha escolha, para o bem de Kagome, ela deveria ficar em sua era e viver longe dele. Aquele pensamento doeu no fundo de sua alma. Viver longe de Kagome o atormentou, até...

_Inuyasha! – a voz de Kagome ecoou dentro do poço quebra-ossos. – Você está ai? – ela podia sentir a presença de Inuyasha. O que não era difícil já que o meio-demônio emanava um poder vital bem característico. Inuyasha era único e por isso Kagome o amava.
Porém, Inuyasha não respondeu. Ainda estava mudo, distante e pensativo. Ele já havia escondido tantas coisas de Kagome e novamente estava entre mantê-la longe dele e a salvo ou deixar que ela se arrisque por um amor que nem mesmo ele sabia quanto tempo duraria. “Ela ainda está crescendo, pode se apaixonar por outro!” – a voz de Ruki o perturbou, tinha que admitir que Ruki tinha razão quanto a isso, Kagome ainda era muito jovem e talvez inocente demais, um dia perceberia o erro que era estar junto de alguém que só a fez sofrer, mesmo a amando, como Inuyasha a amava. – Inuyasha! Por que não me respondeu? – a jovem perguntou saindo do poço e se deparando com o meio-demônio, tinha a cara fechada. Inuyasha olhou para ela com tanta intensidade que ela não foi capaz de ficar brava com ele. Tinha algo de novo no brilho do seu olhar. Algo que parecia saudade, misturado com medo. Mas Kagome não foi capaz de dizer o que era.

_Vamos? – perguntou levantando-se e dando as costas para Kagome. Claro que Inuyasha não iria mudar nunca, ele sempre parecia tão distante, mesmo estando tão perto, era algo que Kagome nunca iria mudar nele, mesmo que pudesse e quisesse, Inuyasha era daquele e por isso ela o amava tanto. Seus sentimentos raramente vinham à tona, ele não era de falar o que sentia, mas isso já era esperado, era difícil falar sobre algo que feria seu coração como uma lâmina. No entanto, Kagome não estava preocupada com isso, não se importava mais se Inuyasha a tinha dentro do coração, porque para ela, Inuyasha era a única razão para sorrir. Seu coração pertencia a Inuyasha e era só isso que importava. – Você vem? – ele perguntou novamente virando a cabeça para o lado e a chamando. Kagome sorriu e correu até ele.
“Inuyasha!” – pensou quando segurou em seu braço e caminhou com ele em direção a aldeia.

...

Sesshoumaru estava de pé, esperava que Rin e Jaken se levantassem para continuarem a caminhada, seria um longo dia e Sesshoumaru sabia que permanecer ali por muito tempo poderia ser perigoso para Rin. Começava a se acostumar com a idéia de que ele não podia mais pensar somente em si, por vezes provou a si mesmo que não sabia mais como seguir sem ter a humana Rin por perto, era como se ela criasse para ele uma camada de sentimentos que ele jamais teve. Sua mãe nunca lhe deu carinho, mas isso porque poucos sabiam de sua verdadeira história. Aquela que o dera a vida lhe ensinou a ser frio e ele jamais esqueceu que somente os fracos têm sentimentos, talvez por isso continuasse com Rin, ela lhe proporcionava algo que ele não possuía: sentimentos. Porém, um cheiro invadiu seus sentidos tão rapidamente que ele arregalou os olhos e segurou Toukijin com força, sabia que vinha uma ameaça junto com a brisa da manhã.

“Não pode ser!” – pensou, aquele odor vinha das árvores que formavam a clareira. Era o cheiro de podridão, misturado com terra remexida algo que faria qualquer estomago revirar, mas que somente atiçava os instintos de Sesshoumaru.

_Bom dia Senhor Sesshoumaru. – a voz suave e cortês fez Rin e Jaken despertarem de seu sono, era como se um pesadelo estivesse pronto para começar. Um ser sorriu para o youkai com serenidade. – Que interessante! – sibilou o demônio ao observar aqueles que estavam próximos de Sesshoumaru. Uma humana e um pequeno demônio esverdeado, algo interessante e inesperado para um ser como Sesshoumaru. Eles pareciam chamar a atenção do tal ser que havia cumprimentado Sesshoumaru. O ar estava tenso e os olhos dos seres encontraram-se na densidade dos ódios que se chocavam.

_Estou aqui seu desgraçado! – resmungou chamando a atenção do demônio para si, pois preferia que aqueles olhos pervertidos não olhassem para Rin, ela era uma menina e aquele demônio tinha prazer em consumir corpos de jovens ainda tenras.

_Sentiu a minha falta? – perguntou já descendo da árvore.

_O que faz aqui? – perguntou o youkai com impaciência. Conhecia aquele ser, sabia do que ele era capaz e pior, sabia o que ele queria, mas sabia também que ele deveria estar morto, esquecido num tumulo velho e em ruínas, mas o que estava fazendo ali, numa manhã ensolarada?

_Você sabe porque vim! Eu a quero... – e passou a língua pelos lábios rachados e voltou a sorrir com satisfação.

Porém, Sesshoumaru não daria a espada que havia herdado de seu pai. Admitia que ela não possuía uso algum e ele não tinha interesse algum pela espada, mas era uma herança e não daria a um demônio ignorante como aquele; o legado do seu pai não cairia nas mãos de um demônio tão fútil e ignorante como o ser que se apresentava na sua frente e só pensava em satisfazer seus próprios desejos consumindo corpos e destruindo almas. Além disso, depois de tanto tempo empunhando-a algo de estranho a mantinha ligada a Sesshoumaru, impedindo-o de ser quem ele realmente era, como se ela o acalmasse quando necessário, dando-lhe uma oportunidade de compreender claramente quem Sesshoumaru realmente era. A espada dada por seu pai o fez entender algo que ele pensou ter esquecido.

“Tenseiga” – ele sentiu o poder que emanava da espada. Era como se a mão de seu pai estivesse posta em seu ombro o fazendo tranqüilizar-se. Aquela sensação o fez perceber o quanto sentia falta de ser como Rin era, um jovem inexperiente sendo vigiado por alguém forte e prudente. Sentiu falta de seu pai e sentiu raiva de tê-lo deixado partir naquela noite!
Rin e Jaken colocaram-se de pé e agora pareciam um pouco tensos com a presença do demônio que caminhava lentamente em direção aos seus corpos recém despertados pela realidade. Jaken ainda colocou a jovem menina atrás de si e tentou evitar que os olhos do outro demônio penetrassem em sua alma humana.

_O que pensa que está fazendo tentando proteger uma alma tão frágil como a desta menina de mim? Basta apenas um olhar e ela será minha! – resmungou o demônio desviando as atenções da espada de Sesshoumaru para a doce alma da menina que estava com o frio demônio da linhagem dos cães da lua prateada.

_Quem é ele Jaken? – perguntou Rin afastando-se sem desviar o olhar do demônio a sua frente. Sentia-se hipnotizada, pelos movimentos estranhos e descompassados.

_Alguém que deveria ter permanecido morto! – resmungou o pequeno sentindo a pressão de poder que era exercida contra o seu corpo.

Mas Sesshoumaru e o demônio ainda tinham assuntos a tratar.

_Não pense nisso! – a espada de Sesshoumaru se colocou na frente de Jaken e do demônio.

_A espada! Dê-me a espada! Eu a desejo! – e apontando os dedos ossudos e cumpridos para o objeto, resmungou com a voz rouca. Os dentes eram amarelos e o bafo cheirava a uma podridão estranha, como se sua alma estivesse morta e fosse exalada por todos os lados.

A aparência de Sesshoumaru era a de um príncipe feudal, seu olhar frio e distante não transparecia o nojo que sentia de um ser como aquele. Uma roupa branca, com detalhes em azul e vermelho, uma faixa amarela e uma pele que saia e cobria seu corpo como se fosse uma estola. Quanto ao outro demônio, sua aparência era a de um samurai, um quinomo simples preso por uma faixa negra, possuía duas espadas, uma de cada lado do corpo. Seu rosto possuía várias cicatrizes e a pele parecia ser humana. Possuía um tampão no olho direito e seu olho esquerdo era como um cristal de rubi. Seu sorriso jocoso voltado para a pequena Rin irritava Sesshoumaru.

_Jaken, leve Rin daqui. – Sesshoumaru preparou Toukijin para matar o demônio insolente que se apresentava a ele com uma proposta indecente e o desejo de consumir Rin. Podia senti o poder maligno da espada percorrendo o seu corpo, como era maravilhosa a sensação de ter o destino em suas mãos e com ele poder massacrar o inimigo sem dó, nem piedade. Seu adversário apenas lambeu os lábios, como se fosse saborear uma carne e desembainhou suas espadas. Ele carregava duas, e parecia disposto a tudo destruir Sesshoumaru.

_Você acha que pode me vencer? Eu não sou mais o mesmo que já fui e você, pelo que parece, mudou muito desde nosso último encontro. – resmungou o demônio provocando Sesshoumaru com um prazer mórbido, queria que ele se transformasse, que fosse destruído de uma vez por todas!

_Estou mais forte! – disse sentindo a raiva dominar seus pensamentos.

_E onde está aquela youkai que o acompanhava? – perguntou olhando para Rin e Jaken que fugiam para dentro da floresta, sumindo da vista dele. Mas não poderiam se esconder, eles tinham um cheiro de medo que fazia o demônio sorrir de prazer. Ele os degolaria e depois consumiria suas carnes macias e tenras. – Ela era tão bela, tinha seios deliciosos, com eu os queria consumir, queria tê-la somente para você? O que você fez com ela? Devorou-a? – disse cheio de desejo.

_Ruki? – Sesshoumaru ficou completamente irritado de lembrar, ela era uma traidora e certamente merecia um fim terrível em suas mãos. Não queria lembrar dela naquele momento, só queria matara aquele demônio em sua frente e descontar toda a sua ira nele. “Não fale dela com tanta vulgaridade!” – pensou sem querer, como se estivesse ofendido de ouvir o nome da demônia vinda da boca de um ser asqueroso como aquele.

_Entendo... Ela te deixou não foi? Fêmeas são sempre inúteis! – resmungou.

_Não falaria dela de modo tão insolente! Isso é um pouco inconveniente para mim. – disse Sesshoumaru com polidez. – Se quer lutar, eu lutarei, mas não pense que irei cair em suas provocações! – resmungou.

_Já caiu! – disse baixo o demônio – Venha – Konaru adiantou-se...

 

 





 

 

 

 


Capitulo 6 – Ruki e a youkai

...

O sol surgia no horizonte quando Ruki parou em frente a um riacho tranqüilo e de águas cristalinas. A noite havia sido ruim, pouco dormira e sentira-se enjoada o tempo todo. Era como se soubesse que algo de ruim estivesse para acontecer. O orvalho ainda escorria pelas folhas das árvores quando ela molhou o rosto e sentiu o frescor invadir seu corpo ainda machucado.

Então o cheiro invadiu seus sentidos com tanta brutalidade que por pouco ela não perdeu o fôlego. Era aquela que deveria estar morta, mas não estava!

_O que quer? – Ruki deparou-se com uma youkai quase do tamanho de uma árvore.

Ela possuía asas de penas de águia e seu corpo, muito parecido com o humano era a de uma mulher. As unhas, porém eram garras de alguma outra ave. Suas roupas cobriam-na como um vestido justo, feito de peles de animais, era curto e estranhamente decotado.

_Sua espada. – grasnou a youkai para Ruki, como se não se importasse com o poder que aquele youkai possuía. Ruki, no entanto, não parecia preocupada com aquele ser que estava em sua frente, impedindo a sua passagem. “Quanto maior, maior a queda” – pensou abrindo um sorriso discreto.

As roupas de Ruki haviam mudado um pouco desde a última vez que ela havia sido vista. Trajava uma calça de couro justa e uma camisa de seda branca. Ambas roubadas de piratas humanos da costa da ilha. Na cintura uma faixa vermelha que segurava duas espadas, usava botas negras e seus cabelos negros estavam presos numa grossa trança. Na testa a estrela negra e no corpo tatuagens que simbolizavam sua descendência. A jovem youkai estava pronta para lutar.

_Não mudou em nada Ruki! – resmungou a youkai olhando com mais atenção para Ruki. – Oh não, na verdade algo mudou desde nosso último encontro. Seu rosto ainda tem a cicatriz que eu deixei. – a youkai riu, fazendo o chão onde estavam tremer. A youkai realmente era muito grande.

_Você a quer? Então venha pegar! – Ruki fez um sinal com o dedo, chamando Katina ao seu encontro. No que esta preparou suas asas e batendo-as, fez com que Ruki fosse jogada para trás e batesse com força contra uma árvore do bosque em que se encontrava.
A respiração falhou por alguns instantes devido ao impacto. E então ela sentiu as garras de Katina a segurarem e começarem a espremer seu corpo por inteiro, fazendo com que o coração da youkai quase parasse. Porém...

...

_Como é bom vê-la Kagome. – Kaede sorriu ao ver Kagome entrando em sua casa. Ela lembrava tanto a sua irmã, além disso, era tão gentil e tranqüila, e conseguia acalmar Inuyasha, que não havia como não gostar de Kagome desde a primeira vez que a viu.
Todos estavam lá. Sentados ao redor do caldeirão de Kaede. Era cedo e todos tomam chá. Shippou ainda dormia. Estava cansado, era uma criança e pouco entendia da necessidade de acordar cedo. Miroku e Sango, pelo que Kagome notou, estavam brigados, como de costume. Mas havia algo de errado no ar.

Miroku tinha um ferimento no rosto e Sango estava com a mão enfaixada. Inuyasha também não podia esconder o corte, quase curado, de seu rosto. Algo havia acontecido na noite anterior. Mas a jovem não queria perguntar o que havia acontecido, ela queria que lhe contassem, simplesmente não escondessem o que estava acontecendo.

_Uma youkai atacou o Inuyasha noite passada. – Sango percebeu que Kagome, ao sentar de frente com ela, havia reparado nos curativos que ela tinha na mão. Quando disse isso, Inuyasha ficou vermelho e também mal-humorado. Não queria discutir o assunto.

_Ela queria alguma coisa, não é Inuyasha? – Kaede interrogou o meio-demônio. Ela sabia a resposta, mas queria que Inuyasha dissesse o que havia acontecido.

_Kagome... – Inuyasha não queria dizer nada. Mas ao que ele havia percebido, todos, na noite passada, haviam decidido que contariam a Kagome o que havia acontecido, como se ela tivesse de saber que uma youkai havia atacado a todos para conseguir algo que estava com Kagome. Aquilo não era justo com Inuyasha, ele queria proteger Kagome, nem que fosse mentindo para ela. – Uma youkai nos atacou, ela estava atrás de você! – ele resmungou virando de costas para todos.

_Ela queria o cristal da mulher que possuía duas almas. – Miroku completou o que Inuyasha não queria dizer.

Kagome arregalou os olhos e colocou as mãos no local onde a Jóia de Quatro Almas descansava. Ela podia sentia a cicatriz, a dor voltando, a respiração ficando fraca, o medo disparando o coração de modo intenso. Era como se tudo estivesse girando ao seu redor. Kagome caiu no chão, desmaiada...








 

 


Capitulo 7 – Inimigos que nunca morrem

...

Ruki sentia sua respiração falhando! Estava começando a ficar difícil raciocinar. “Ela está mais forte!” – pensou enquanto tentava mexer a mão em que empunhava a espada. Então, um instante de descuido da adversária.

A espada perfurou a garra da youkai com tanta raiva, com tanta força que fez com que a pata que ela usava para sufocar Ruki caísse no chão e fizesse a youkai soltar um grito ensurdecedor. Havia perdido uma das patas. Os olhos encheram-se de raiva, um ódio que levava chamas de ira aos olhos de safira da youkai.

_Você pode ter feito esta marca no meu rosto, mas eu decepei sua garra! Isso você nunca vai esquecer. – disse colocando-se de pé e recompondo-se, no chão, do sufoco que havia passado. “Ela estava forte, mas...” – Ruki encarou a raiva de Katina. Não seria possível lutar com ela. Não daquele jeito. Ela tinha vantagem de ser alta, só havia um meio de lutar contra um demônio daqueles. Ela precisava assumir sua verdadeira forma.

...

Sesshoumaru desferiu dois golpes mortais. Mas foi inútil. O demônio havia se esquivado dos dois. Embora tivesse sofrido alguns cortes, mas nada que o destruísse. As espadas estavam gritando uma pela outra e Sesshoumaru sabia que não poderia perder. Era uma questão de força, de soberania, de vingança.

_Ainda não se esqueceu da cicatriz que eu te deixei, não é verdade Sesshoumaru.

_Como poderia. – ele lembrou-se do corte que tinha na perna esquerda. No último encontro dos dois, o youkai havia se distraído e seu adversário havia perfurado sua perna com força. Nada que o matasse, mas ficaria uma marca para toda a eternidade. – Mas hoje você pagará com a vida. – resmungou correndo novamente em direção ao adversário.
Encontraram-se no ar e caíram no chão. As espadas estavam encostadas uma na outra e as mãos tentavam empurrar um contra o outro. Então uma explosão de energia e eles foram jogados para trás. Sesshoumaru permaneceu de pé, enquanto o outro caiu de joelhos.

_Enfim, você está de joelhos. – sorriu Sesshoumaru e guardando a espada deu as costas para o adversário.

Ele não havia vencido, porém, antes de serem jogados para trás, Sesshoumaru havia desferido um último golpe. Konaru tinha os dois joelhos sangrando e havia perdido o movimento das pernas. Sesshoumaru havia cortado os nervos e os tendões que seguravam as pernas dele. A dor era imensa e ele sentia vontade de gritar, mas era impossível, não tinha forças para resistir à tamanha dor. Caído de joelhos ele apenas viu Sesshoumaru se afastar.

...

_Ouvi dizer que ele voltou! – Myouga falava com TouTousay. Estavam na caverna do velho ferreiro e tomavam chá. Não havia preocupação naquele momento, embora ambos soubessem que estavam para enfrentar um momento critico.

_Ele certamente irá atrás das espadas e do cristal. – resmungou o velho para Myoga. Seus olhos grandes e esbugalhados olhavam para fora. Estava cansado de tantas lutas e de tantas batalhas, mas nada podia fazer para evitar que tudo acontecesse. Era o destino do clã dos Cães e nem mesmo Inuyasha poderia fugir do seu destino.

_Tetsussaiga, Tenseiga e Tensiega, espadas poderosas. – Myouga tomou um gole de chá. – A guerra está apenas começando.

_Somente aqueles três podem evitar que tudo aconteça, mas... – Toutousay queria soltar uma risada, não era capaz de imaginar Ruki e Sesshoumaru lutando do mesmo lado e muito menos Inuyasha ajudando os dois naquele momento de tensão. Mas o que mais preocupava o velho youkai era o poder do adversário, estava maior que o de costume, ele podia sentir toda a áurea negra inundar lentamente aquelas terras com seu manto negro.

_Ruki, Sesshoumaru e Inuyasha, os herdeiros do trono do clã dos Cães. Não sei se foi sábio ficarem com as espadas, mas se eles não forem capazes de derrotar este mal que se infla de poder, não sei quem será.

_Lutar contra o poderoso Kacius será uma batalha que mudará todas as nossas vidas. Não importa mais Myouga, estamos nas mãos de três imprudentes youkais. Um busca o poder, o outro procura decifrar sua verdadeira identidade e a outra quer a destruição. – eles olharam-se e tomaram mais um gole de chá. Era melhor não se preocupar.

_Se eu desconhecesse suas mentes e seus propósitos, ficaria preocupado! – Toutousay sorriu.

_Inuyasha não vai aceitar perder duas coisas vitais para sua vida para Kacius. – Myouga refletiu. – A herança do pai e a alma da mulher amada seria realmente um golpe imperdoável e devastador para ele. – concluiu.

_Sesshoumaru provavelmente irá querer vingança, é somente isso que o move dia após dia. O que não chega a ser ruim numa situação como esta. – disse o outro. – A não ser que ele e Ruki decidam primeiro resolver o problema entre eles! – brincou.

_Não diga isso! – Myouga ponderou. – Ruki é temperamental, mas a promessa que fez a Inu-Taysho a prende a Inuyasha e isso resolve todo o problema no final das contas. – disse pensando melhor na situação.

_Me lembro de quando aqueles dois eram filhotes... – Toutousay resmungou. – Ruki teve que desafiar a vontade do pai para ser guerreira, uma bela jovem, um pouco egoísta e exageradamente complicada. Quando ela veio até aqui pedir que eu cuidasse de Inuyasha para ela, fiquei com pena da jovem, tão inexperiente e cruel, tendo de ser generosa com uma criança. Mas a mãe de Inuyasha teve sorte de que Ruki sempre foi ligada pelo sangue, ao final ela fez de Inuyasha forte e isso é suficiente não é?

_Não diga isso, eu cuidei de Sesshoumaru quando o pai dele faleceu, oras, o rapaz ainda era jovem, estava descobrindo a vida de maneira surpreendente, esperto e sagaz, forte e, como a mãe, frio em suas decisões. Não foi tarefa fácil faze-lo entender que seu pai não era um traidor, mas eu falhei completamente e ele sempre manteve a idéia de que foi traído pelo único ser que realmente respeitava. Creio que com a morte de Inu-Taysho tudo ficou mais complicado para Sesshoumaru, além disso, Ruki não estava lá para mantê-lo em pé, ela também o havia traído. Não é para menos que ele é tão fechado! – Myouga desabafou.

_Esta guerra é só o começo, você sabe. – respondeu Toutousay.

_Não teria como não ser. – concluiu Myouga com mais um gole de chá.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capitulo 8 – VERDADE? OU MENTIRA...

...

_Inuyasha! Senta!

Kagome olhava com certa tristeza para Inuyasha. Agora ela sabia por que Inuyasha havia sido rude com ela logo pela manhã. Mas o pior, não era saber o porquê, mas saber o quanto ele já havia mentido para ela. Ora, Inuyasha, sempre tentava protegê-la, mas sempre acabava mentindo para ela. Certamente não confiava em Kagome, era isso que a machucava por dentro.

_Por que você nunca me diz a verdade? – Kagome encarou Inuyasha se tal maneira que mesmo que ele quisesse esconder a verdade não seria capaz. Então, ele levantou-se e tentou desviar-se do olhar dela. Não era fácil ser sincero, principalmente por viver entre mentiras e intrigas, mas era preciso ser sincero, pelo menos para Kagome. Foi ensinado por uma youkai a viver e aprendeu somente a esconder seus sentimentos, somente isso o protegia de ser agredido pelos humanos e demônios. Mas agora ele precisava ser sincero e não parecia ser fácil ser honesto.

_Não estou acostumado com isso. – respondeu olhando para baixo, pelo menos esta verdade ele conseguia admitir. Todos estavam observando Inuyasha. Sentado e com o rosto voltado para o chão, ele parecia não estar convencido que ali era o melhor lugar para dizer alguma coisa.

_Você não confia em seus amigos? – perguntou Kagome apontando para todos.
Miroku e Sango se olharam: confiança. Esta palavra estava meio distante de todos ali. Sango não confiava em Miroku, este não confiava em Sango, Shippou nunca confiou em Inuyasha e Inuyasha nunca confiou em ninguém. Estavam presos entre medos e desconfianças que só os afastavam.

_Kagome, vá conversar com Inuyasha lá fora, sim menina. – pediu Kaede levantando-se. – Creio que há outras pessoas que precisam falar sobre confiança, não é verdade? – disse piscando para Shippou e chamando o pequeno para acompanhá-la para uma caminhada pela aldeia. Tinha alguns aldeões para visitar.

...

“Desgraçada!” – Ruki sentou-se no chão. “Não posso me transformar” – pensou olhando para trás. Havia fugido. Não acreditava no que havia feito. Tinha, de certa forma, a vantagem, mas não era capaz de se transformar em sua forma verdadeira, estava muito cansada e a espada a impedia. “Maldição!”. E respirando fundo sentiu o cansaço tomar conta do seu corpo.

Fazia tempo que ela não se sentia daquele jeito, vulnerável e com medo de que fosse encontrada. Porém, não era da youkai que a perseguia que vinha o vento do temor. “Se Sesshoumaru sentir que estou fraca ele virá!” – pensou olhando em direção as montanhas. Podia sentir o cheiro de Sesshoumaru vindo daquela direção.

“Ele também está lutando!” – e fechando os olhos, caiu de dor e cansaço.

...

_Se você morrer, eu comerei aquela pequena criança que você leva. – resmungou sarcasticamente o youkai. Ele lambeu os lábios e pareceu satisfeito em ter tão interessante humana para comer. Estava sentindo a dor no joelho, mas não podia deixar que Sesshoumaru percebesse o sofrimento.

_Arrancarei sua língua antes que toque nela! – respondeu Sesshoumaru indo embora. Claro que o youkai não poderia ferir Rin, mas a idéia pareceu para Sesshoumaru uma ofensa.
“Na próxima vez que nos encontrarmos, talvez eu deixe só a sua língua sobreviver!” – ele pensou afastando-se dali e indo à direção a uma clareira. Jaken e a menina o esperavam lá. Ele podia sentir o cheiro de ambos.

...

_Ontem à noite uma youkai apareceu. Ela queria você Kagome. – Inuyasha estava encima da árvore. Kagome estava sentada nas raízes, embaixo de Inuyasha. – Eu não sabia o que fazer quando te vi esta manhã. – ele olhou para Kagome. Estava tão bonita e havia crescido tanto. As roupas, o cabelo, uma jovem cheia de energia e ele ainda assim se surpreendia com seu coração quando a olhava e seu peito batia com mais força. – Achei que com a morte de Naraku tudo seria mais fácil, mas...

_Mas não é! – ela olhou para Inuyasha. Seus olhares se encontraram. – Você não confia em mim, assim como não confiava em Kikyou. – ela desviou o olhar quando percebeu que havia tocado na alma do meio-demônio. – Foi por isso que o amor de você foi corrompido, porque não houve confiança. Eu não quero te perder Inuyasha, não quero que você durma novamente e não quero deixar de te amar só porque estou com duvidas! A única coisa que eu não tenho dúvida alguma é que te amo e só isso me basta! – ela deixou uma lágrima escapar. “Eu não quero que isso aconteça Inuyasha!” – ela pensou levantando-se e caminhando em direção a floresta.

_Kagome! Espere! – Inuyasha com um salto se colocou na frente dela. – Não quero que você sofra. Eu... – ele engasgou. – Eu confio em você! Mas estou com medo! Eu sei que você é forte e que pode lutar, mas e se alguém te machucar e se eu não puder te proteger? E se eu for enganado? E se eu te ferir novamente? Eu confio em você, mas... – ele disse.

As mãos se encontraram e se seguraram, forte e intensamente. Os olhares estavam tão próximos e o medo de se perderem pairava no ar. Um beijo, uma sensação de confiança, um desejo que fluía pelo corpo, a língua, os dentes, os lábios, o desejo, aquele momento poderia durar para a eternidade.

“Confie em mim Inuyasha!” – Kagome pensou passando as mãos nas costas de Inuyasha e o abraçando com força, como se o fosse perder. Ele sentiu o calor do corpo dela invadir sua alma, como precisava dela, não saberia viver se seu cheiro.

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Capitulo 9 – De volta ao lar

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_Jaken, leve Rin para a casa de meu pai. – Sesshoumaru encontrou os dois na clareira. Rin estava angustiada, nunca havia visto um youkai com um olhar tão perverso quanto aquele, era como se ele fosse a devorar apenas com os olhos, degustando lentamente seu corpo infantil como numa refeição tenra. Seu coração havia disparado de tal maneira somente a presença de Sesshoumaru ali foi capaz de acalmá-la. – O castelo onde minha mãe não vive mais por desonra de meu pai. Está na hora de fazer alguma coisa! – ele disse frio.

_Como disse Senhor Sesshoumaru? – insistiu Jaken. Sesshoumaru não havia retornado para o castelo de seu pai desde que Naraku havia surgido. Não que aquilo fosse incomum, na verdade já haviam ficado mais de três anos longe de lá, mas por que a preocupação de Sesshoumaru com a menina? Isso era intrigante. Desde que a encontraram Sesshoumaru tem o cuidado de proteger a menina dos perigos, aquilo era desconfortável para o servo. – Por que não vamos a casa de vossa mãe? Rin pode?

_Faça o que mando Jaken! – Sesshoumaru deu as costas para ele e foi até Rin, podia sentir o medo que ela tinha no olhar. – Vá com Jaken e se comporte. – disse ele olhando com carinho para a humana. Não sentia amor, era algo maior que qualquer outra coisa, ele sentia-se responsável por ela, como se sua vida fosse simples perto da jovem humana. Mas ele preferia apenas protegê-la a dizer qualquer coisa.

_Para onde você vai Senhor Sesshoumaru? – a voz da pequena Rin parecia chorosa, ela podia sentir no fundo da sua alma que Sesshoumaru iria fazr algo perigoso e que talvez não voltasse mais.

_Rin... – disse o demônio respirando fundo.

_E o Senhor? – Jaken subiu no dragão de duas cabeças e puxou Rin para cima. – Devo aguardar sua volta? – questionou ainda desconhecendo os propósitos do senhor que servia com lealdade.

_Tenho uma certa youkai para ver. – resmungou sumindo num feixe de luz claro e azul. – Cuide dela Jaken! – a voz ameaçadora fez com que o youkai tremesse por inteiro.

_A senhora Ruki?

_Calado Jaken!

...

Era de noite quando Inuyasha foi com Kagome até o poço quebra-ossos. A lua iluminava seus rostos com tanta sinceridade que Inuyasha não era capaz de dizer nada que fosse rude para Kagome naquele momento. Na realidade, se ela pedisse qualquer coisa para ele naquele momento, até mesmo as verdades que ele esconde, ele diria sem pestanejar. Sentia-se tão fraco perto dela. Kagome sorria com tanta sinceridade. Fazia-lhe bem ficar perto de Inuyasha, porém, algo ainda a incomodava.

_Eu não vou deixar você Inuyasha. – ela segurou mais forte na mão dele.

_Kagome... – Inuyasha a encarou com os olhos um pouco zangados, mas serenos, sabia que aquela seria a resposta de Kagome.

_ Eu nunca deixei você, quero dizer, eu nunca vou deixar você. – ela abaixou a cabeça, envergonhada do que havia dito. Não pelo fato do que queria dizer, mas porque os olhos de Inuyasha pareciam mais frios que o de costume.

_Não quero que você se machuque. Eu não queria que você enfrentasse Naraku, mas não tive escolha. Mas desta vez eu tenho, eu não quero que você se machuque! – ele repetiu para ela enquanto erguia, com os dedos, seu rosto. – Não suportaria te perder. – ele encarou os olhos negros de Kagome com intensidade.

_Eu não vou te... – mas antes de dizer qualquer coisa um abraço. Ela calou-se, perdendo-se nos braços de Inuyasha. Era incapaz de dizer qualquer coisa, pois se sentia impotente quando estava perto do meio-demônio, sentindo o seu calor e seu cheiro.

_Adeus Kagome! – ele sorriu e ajudou Kagome a subir no poço.

A jovem desapareceu pelo poço, deixando Inuyasha com seus pensamentos, com seus sentimentos, com a lua a iluminá-lo serenamente. Aquela noite seria longa, assim como todas as noites eram. Os pensamentos e as lembranças viriam e iriam e ele continuaria ali, sozinho até o dia seguinte.

...

“Ele quer o cristal de Kagome!” – Ruki pensou. Nada passava despercebido pela jovem. Há alguns dias havia ouvido o sussurrar do vento e uma áurea maligna passear pelas planícies daquelas terras. Era novamente um antigo inimigo que despertava, pronto para destruir tudo o que estivesse em seu caminho. E Ruki sabia, ela, Sesshoumaru e Inuyasha estavam em seu caminho. “Somos os últimos!”.

_Então você está viva. – a voz de Sesshoumaru soou como um trovão que fez com que Ruki abrisse os olhos. A presença do ser era inquietante e fazia com que jovem youkai se sentisse arrepiada, um pouco estremecida com sua presença.

_Sesshoumaru...

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Capitulo 10 – Clãs inimigos, amores infinitos

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A respiração de Sesshoumaru estava mais acelerada que o de costume e seu coração pulsava num ritmo quase incontrolável, sentia-se perturbado, olhando para Ruki, olhando para seu passado. O rosto da jovem, queimado pelo sol, estava tão belo naquele momento, enquanto os raios lunares pousavam seu corpo que o youkai sentiu um arrepio passar pela espinha.

_Então você ainda esta viva! – Sesshoumaru pronunciou-se, como se Ruki não tivesse sentido a sua presença antes, ele exalava um poder incontrolável de seu corpo, algo que atrai Ruki de maneira desconfortável!

_Se estivesse morta seria melhor, não quero que pense que tenho medo, mas ao menos não teria mais que ouvir sua voz. – Ruki respondeu levantando-se – Creio que você já sabe o que está acontecendo, não viria até aqui somente para ver se eu realmente estou ou não viva. – ela bateu nas roupas, sacudindo a poeira. Os olhos, então, encontraram-se no ar e por um instante, os movimentos pareciam estar hipnotizados. Mas a realidade não era mais o passado, eles estavam no presente, estavam em meio a uma guerra que logo se iniciaria.

_Ele despertou. – Sesshoumaru deu as costas para Ruki para não ter que olhar para ela e então respirou fundo. – Gostaria de saber por quê... Sei que você tem a resposta que procuro, não é? – disse com ódio na voz.

_Não me interessa o que você acha e mesmo que eu soubesse, não é sua volta que me preocupa, mas como vamos derrotá-lo em tão curto tempo! – resmungou irritada a youkai de cabelos negros.

_Se não o fizermos teremos problemas graves. Posso sentir as sombras se movendo todas as noites e tentando consumir nossas almas. Já era de esperar! Somos os últimos! – ele disse insatisfeito.

_Sim...

_Assim como nossos pais, nós somos capazes de destruí-lo, não precisamos de mais nada que não sejam nossas espadas. Além disso... – ele disse com autoridade.

_Você sabe que isso não é verdade. – Ruki sentiu sua espada tremer e observou que a de Sesshoumaru também tremia. Elas se atraiam, esse era o destino.

“Precisamos de Inuyasha!” – Ruki refletiu. “Maldição!”

_Ele não pode ajudar! É fraco! – Sesshoumaru parecia ter adivinhado os pensamentos de Ruki, mas isso era comum, tinham uma ligação impossível de ser rompida. – Ele nunca foi útil para nós e ainda sim você diz que precisamos dele!

_Inuyasha é um herdeiro, você sabe disso! – irritou-se.

_Não, ele é um bastardo que sujou o nome do clã dos cães da lua prateada, ele tem sangue sujo e imprestável! – Sesshoumaru respondeu nervoso.

_Você se lembra do que aconteceu quando ele apareceu? – Ruki perguntou tocando nos ombros de Sesshoumaru. Ele pode sentir um calor invadir seu corpo frio. – Precisa que eu te lembre do que aconteceu? – ela segurou com força o ombro e fez com que Sesshoumaru virasse para ela.

Estavam cara a cara, olhavam nos olhos um do outro com intensidade. Ruki podia se ver nos olhos de Sesshoumaru e Sesshoumaru podia se ver nos olhos de Ruki. As respirações misturavam-se numa fusão de medo e raiva que se espalhava pelo ar.

_O Clã dos Cães Estrela Negra e o Clã dos Cães Lua Prateada uniram-se para enfrentar um mal comum, um mal que poderia ter destruído todas as terras que os nossos pais lutaram para salvar e unir. Lembra-se? Os laços da união? – ela resmungou com um pouco de remorso pelo fim da grandiosa era dos clãs. Agora não passavam de pequenos grupos sem grande força.

_Nunca pudemos nos livrar disso. – Sesshoumaru disse com rancor na voz, ainda sentia sobre si o laço marcado em seu corpo. – ainda sim, há marcas por todo o território das lutas intermináveis, muitos demônios vivem do medo que aqueles tempos de horrores proporcionaram a todos!

_Mas não importava o que nossos pais faziam os exércitos não eram capazes de vencer. O numero era pequeno comparado ao poder que eles possuíam. – Ruki continuou a lembrar.

_Foi necessário forjar três espadas. – Sesshoumaru lembrou-se da forja. – A espada do passado, Tenseiga, a espada do presente, Tetsussaiga e a espada do futuro, Tensiega. Dois caninos do grande Cão Branco e um canino do Cão Negro. – ele relembrou-se do dia em que viu pela primeira vez a espada de seu pai.

_Eles as forjaram e foram capazes de vencer pela primeira vez e houve paz por muitos anos. Nossa infância foi sem guerras glamorosas! – Ruki disse com saudades na voz, foram tempos esquecidos.

_Mas então ele voltou... – Sesshoumaru resmungou mais uma vez. – Houve um problema, o coração do youkai ficou preso entre as eras e somente um único objeto possibilita a passagem no tempo.

_O coração de cristal! – terminou Ruki.

_Eu me lembro de tudo, ainda tenho as cicatrizes. – Sesshoumaru empurrou Ruki para trás. – Não preciso de Inuyasha para atrapalhar tudo.

_Mas precisamos da espada que ele carrega e sabe disso. E se nem eu e nem você podemos tocá-la, então como pensa em usar a Tetsussaiga? – Ruki aumentou o tom da voz, tentando fazer Sesshoumaru perceber a realidade.

_Nós não precisamos de Inuyasha, somente da mão dele! – Sesshoumaru abriu um sorriso sarcástico.

_Não seja rude! – Ruki olhou para o lado e desviou seu olhar de Sesshoumaru. – Está me pedindo algo impossível e sabe disso.

_Nada é impossível para Tensiega, sei disso!

_Calado! Ela exige mais do que apenas sangue para continuar viva, como pode me pedir algo que eu não estou disposta a dar?

_Já fez pedidos piores que estes, não foi?

_Canalha! – gritou Ruki.

_Traidora desonrada! – Sesshoumaru encerrou a conversa.

...

O fogo queimava com intensidade e Kaede preparava uma sopa para seus amigos. Já fazia algum tempo que eles estavam ali. Não que ela não gostasse da presença deles, mas a verdade é que as brigas de Miroku e Sango estavam cada vez mais intensas e Inuyasha sempre arrumava problemas com os youkais que viviam nas redondezas. No entanto, Shippou era uma boa raposa e se comportava como uma criança travessa, mas companheira, que sempre estava presente, ajudando a velha quando precisava.

Miroku estava do lado de fora da casa de Kaede, olhava para o céu e esperava que Sango o perdoasse por ele ser tão mulherengo, mas ele sabia que aquilo não aconteceria, a jovem exterminadora era orgulhosa demais para pedir desculpas por seu ciúme.
Sango ajudava Kaede e observava a sombra de Miroku do lado de fora. Não podia acreditar que depois de tudo ele não havia mudado nada.

Ela admitia que gostava dele, mas não podia suportar a idéia de que ele não havia deixado de ser mulherengo. Nunca pediria desculpas para ele, e se fosse para pedir desculpas, ela preferia lutar contra Naraku mais uma vez.

“Miroku...” – mas seus pensamentos foram perturbados por um estrondo que veio de longe. Algo estava acontecendo do lado de fora da casa, na floresta.

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Capitulo 11 – Provando o amargo da vida

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Inuyasha correu em direção a aldeia. Havia ouvido um barulho muito alto que vinha de lá. Era estranho, mas por um instante ele pensou ter ouvido a voz de Kikyou e depois veio à explosão. Não sabia o que aquilo poderia ser, mas era preciso verificar. Mesmo porque, seus amigos estavam na aldeia e algo poderia ter acontecido com eles.

“O que está acontecendo?”

...

As flechas de Kaede voavam parar todos os lados. Milhares de youkais voavam e atacavam a vila com fúria, como se quisessem algo que havia lá. No entanto, apenas destruíam casas e matavam os aldeões. Sango e Miroku estavam ajudando a destruir os demônios, mas estava sendo difícil mantê-los afastado. Muitos já haviam morrido.

A visão era devastadora. O fogo queimava parte das casas, alguns homens tentavam defender suas famílias dos youkais, a sacerdotisa fazia o máximo possível para purificar os local e evitar a entrada dos inimigos. A exterminadora mostrava com habilidade suas capacidades de destruir os demônios usando um bumerangue feito de ossos e montando sua gata de suas caudas, Kirara. Miroku lançava amuletos purificadores e usava seu bastão para afastar os youkais das crianças. Shippou tentava fugir com os menores para longe dali. Era um pandemônio.

O sangue de humano se espalhou na terra.

“Maldição! O que está acontecendo?” – Inuyasha se deparou com a cena.

Não podia acreditar, aqueles pareciam os youkais de Naraku, mas estavam mais fortes e muito mais destrutivos. Por um instante ele pensou que Naraku havia retornado, mas a realidade o fez perceber que havia algo de diferente naqueles demônios.

_Inuyasha! – a voz de Kaede o fez despertar. Estava cercado pelo inimigo. Foi preciso usar a Tetsussaiga para eliminar os seus oponentes.

_São youkais de Naraku? – perguntou Shippou correndo em direção ao meio-demônio.

_Não, eles têm outro cheiro. Um cheio que eu não conheço. – e ativando o poder da Tetsussaiga Inuyasha começou a destruir o inimigo. Porém, mesmo com seus esforços, grande parte do vilarejo havia sucumbido e sido destruído. As poucas pessoas que sobraram estavam machucadas e exaustas pela luta. Havia ainda algumas casas em chamas, mas todos trabalhavam para apagar o fogo, que se espalhava.

_A noite vai ser longa. – Miroku juntou-se ao grupo. Sango e Kirara ajudavam a apagar uma das casas restantes, Inuyasha usava sua força para terminar de destruir os youkais restantes. Kaede e Shippou levavam os feridos para um local mais seguro para que a velha pudesse ajudar a curá-los.

...

“Por que estou sentindo um aperto no peito?” – Kagome pensou durante a noite. No dia seguinte tinha um compromisso importante com suas amigas e por isso não havia ficado na era feudal, mas alguma coisa a chamava para o poço, como se precisassem de sua ajuda. Mas ela não estava preocupada, afinal, o que poderia acontecer depois que Naraku foi derrotado? Ela achava difícil que outro inimigo pudesse aparecer.

...

“_Como assim você vai se tornar humano? – Ruki estava sentada encima de uma das casas do vilarejo e conversava com Inuyasha. Fazia longo tempo que não se falavam e o meio-demônio havia decidido se tornar humano.

_É o meu desejo. – ele respondeu olhando para Kikyou. Ela brincava com as crianças do vilarejo com doçura. Mas estava atenta a youkai que estava com Inuyasha, não a conhecia e não sabia o que ela queria.

_Quanto eu lhe falei que havia grande poder neste lugar, não falei sobre a sacerdotisa, eu me referia a Jóia de Quatro Almas! Inuyasha, ela pode te transformar num youkai completo, pensei que fosse esse o seu desejo. – Ruki zangou-se. Não podia acreditar que seu protegido havia se apaixonado por uma humana e, justamente, uma sacerdotisa, a raça que ela mais odiava.

_Pois esta é a minha decisão final! – respondeu Inuyasha com um tom mais forte. – Ela ainda não sabe, mas espero o momento certo para dizer. – resmungou.

_Se for por uma questão de tática para pegar a Jóia isso seria até aceitável, mas querer usar tamanho poder para ser humano por causa de uma mortal, isso já é ridículo! Se você precisa que eu pegue a Jóia eu farei isso, mas se seu desejo é mesmo se tornar humano, então eu só lamento. – Ruki deu as costas para Inuyasha. Sua raiva era tanta que se olhasse para o jovem poderia bater nele.

_Eu já decidi, vou me tornar humano pela Kikyou! – e pulando para outro telhado, deixou Ruki com seus pensamentos”.

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Capitulo 12 – O ódio de uma youkai

...

_O ataque foi bem sucedido senhor. – o youkai que havia lutado com Sesshoumaru tinha uma aparência melhor e seus ferimentos começavam a se curar. – Inuyasha deve ter entendido o recado.

_E a garota? – perguntou o velho, com seus olhos curiosos. Parecia não se importar, naquele momento, com Inuyasha, mas com a jovem Kagome. Algo por trás da jovem era mais importante que a vingança. Kagome carregava o poder que tanto aquele ser almejava.

_Não estava na aldeia senhor. Ao que parece ela vive em outra era, como o senhor previu. – respondeu a youkai que lutou com Inuyasha. Os olhos do velho arregalaram-se. Ele estava certo nas profecias. A jovem que lhe traria vida não era desta era e somente ela poderia lhe dar o que ele tanto queria, poder.

_Não se preocupe lorde, nós a teremos. Em breve eu a terei entre as minhas garras. – a youkai que lutou com Ruki resmungou.

_Isso se esta garra que Ruki lhe arrancou voltar a crescer. – riu Konaru achando patética a condição que Katina encontrava-se. Havia perdido uma das garras na luta contra Ruki.

_Você não está em condições melhores Konaru. – Julie observou que o companheiro estava ferido profundamente nos joelhos. – Sesshoumaru não lhe deu chance de lutar. – e voltando para o senhor que estava sentado num banco e olhava para fora, continuou – As espadas são fortes. Não podemos tocá-las.

_Está com medo Julie? – questionou o velho levantando-se e caminhando em direção aos seus servos. – Ao que percebi você foi à única que não foi ferida pelas espadas. – e olhando para os outros dois, percebeu que sua serva mais fiel estava ilesa de ferimentos. – Não lutou com Inuyasha? O que aconteceu? Você fugiu? – e aproximando-se dela, agarrou seus cabelos e a levantou por eles. – Eu não quero fracos no meu clã! – gritou com a youkai, que se amedrontou com o poder que saia da voz do seu mestre. – Saiam daqui! – e jogando Julie longe, fazendo-a bater brutalmente na parede, assustou seus servos e os fez fugir dali com rapidez.

“As espadas e o cristal são as únicas coisas que impedem que eu tenha a minha vingança!”.

...

O dia amanhecia e Kouga sentia a sua perna doer um pouco. Desde que havia dado perdido os fragmentos da Jóia ele sentia um pouco de dor sempre que corria. Mas preferia não aparentar o que sentia, principalmente porque todo o bando dependia de sua liderança para continuar a jornada para o norte. Ayame corria atrás do bando, cuidando para que os velhos e mais fracos do clã acompanhassem o ritmo imposto de Kouga.

Todos se esforçavam para chegar ao norte antes do inverno, que se aproximava rapidamente. Além disso, havia uma áurea negativa em todas as terras que os fazia migrar com mais rapidez para longe.

“Não vou permitir que outro idiota tente matar o meu clã! Não vou permitir que destruam a minha família novamente!” – Kouga olhou para Ayame, ela carregava um dos filhotes que havia nascido há pouco tempo. A mãe do pequeno animal havia falecido e ela tomara para si o dever de cuidar dos novos membros do clã. “Quando chegarmos lá, eu sinto muito Ayame, mas terei de partir!” – ele olhou para o céu azul e buscou forças para dizer adeus a jovem youkai lobo.

...

“Quando Inuyasha me disse que iria ficar com Kikyou, que se tornaria humano, eu não fui capaz de entender seus motivos. Na verdade, senti uma fraqueza muito grande invadir meu corpo, como se eu tivesse falhado, como se a culpa de tudo fosse mais minha do que daquela maldita sacerdotisa. Como uma youkai eu não era capaz de entender porque Inuyasha havia se apaixonado por uma mulher, mas eu era capaz de impedir que ele se tornasse um fraco, um homem. Talvez por eu nunca poder expressar meus sentimentos, eu invejava Inuyasha. Ele estava escolhendo um caminho que o levava a felicidade, eu nunca pude fazer isso.
Admito que não foi fácil, mas era preciso impedir que ele se tornasse humano. Não foi uma decisão que fiz por conta, precisei entender o real motivo de impedir a felicidade de Inuyasha.
Antes de tudo tive que cuidar para que o corpo de um homem mal fosse destruído e que a tentação fosse oferecida, era preciso ser um ser cruel e que não se importasse em morrer para ter poder. Eu preparei Onigumo. Não foi difícil. Incendiar uma casa quando ela esta sendo assaltada, deixando que o bandido ficasse trancado num aposento e queimasse foi simples para uma youkai como eu. Claro que foi preciso sacrificar alguns humanos, mas isso não foi importante.

O que não foi fácil foi convencer os youkais mais fracos que o corpo do tal ladrão era o local perfeito para uma simbiose humana e demoníaca que poderia trazer benefícios para ambos.
Mas, convencidos os youkais a se apossarem do homem, eu tive que tentá-lo. Não podia deixar que ele negasse a proposta dos youkais. Então, Kikyou, como parte inicial do meu plano encontrou Onigumo. Uma sacerdotisa bondosa e cuidadosa que guardou segredo sobre a existência de Onigumo e cuidou dele, mas fez mais que isso, fez despertar nele o desejo e isso foi o suficiente...”

Ruki desejou que jamais tivesse pensado naquele plano, que não tivesse que cuidar de Inuyasha e que não fosse pertencente ao Cão dos Cães da Estrela Negra, mas assim como Sesshoumaru, seu destino foi selado e ela condenada a ser o que era.

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Capitulo 13 – Espadas

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Já havia passado três dias desde o ataque dos youkais ao vilarejo e Inuyasha e seus amigos continuavam a reparar os danos causados. Ele nunca havia visto tanta destruição assim desde que Naraku havia sido morto. Era surpreendente como, mesmo após a morte do vilão, as guerras e as mortes continuavam a existir.

Naquele dia de chuva, pouco se podia fazer. Não era fácil, mas todos precisavam e um descanso e Inuyasha de uma resposta. Estava cansado de ser surpreendido por youkais desconhecidos que atacavam o vilarejo sem motivo aparente. Antes, quando a Jóia ficava no templo da aldeia as invasões eram comuns, mas havia um motivo, porém, naqueles tempos, em que a Jóia não pertencia mais aquele mundo, Inuyasha não conseguia entender porque tantas lutas.

_Tome Inuyasha. – Kaede deu um copo de chá para o meio-demônio. Inuyasha não gostava de chá, mas as rajadas de vento e chuva do lado de fora da casa lhe davam a sensação de frio e o chá ajudava a esquentar. Além disso, todos pareciam tão cansados que discutir por causa de uma mera bebida não parecia ser uma atitude sensata.

_Kagome não aparece faz três dias. – Shippou reclamou em voz alta, esperando que Inuyasha desse a resposta. Mas enganou-se, o meio-demônio estava concentrado demais em seus pensamentos para ouvir a voz do pequeno. Mas, a raposa não desistiu. – Inuyasha, você sabe por que... – mas um golpe na cabeça o fez parar a frase, novamente ele havia desconcentrado Inuyasha com a sua voz infantil.

_Inuyasha! – Sango segurou Shippou e verificou o machucado que Inuyasha havia feito. Claro que por diversas vezes Shippou havia sido rebelde, um pouco exagerado e até atrapalhado, mas era apenas uma criança e não era justo bater nele só porque estava com saudades de Kagome.

_Escuta, Inuyasha, você falou para Kagome não vir para cá enquanto não resolvermos o problema? É isso? – perguntou Miroku tomando um gole de chá. – Desde que vocês conversaram, ela não tem aparecido. Por acaso vocês brigaram? – insistiu Miroku olhando seriamente para Inuyasha.

_Não sei por que ela não vem para cá. – respondeu Inuyasha friamente, e voltando para Kaede, a encarou. – Naquela noite, quando fomos atacados por todos aqueles demônios, eles usavam um cristal na cabeça, algo estranho, algo com um cheiro muito humano. Você sabe o que é? – perguntou. Claro que todos haviam notado tal cristal, mas a ligação parecia um pouco chula demais.

_Sim. É um cristal da alma. – respondeu a velha olhando com sinceridade para Inuyasha

...

Ruki não via Inuyasha fazia tempos.

Desde seu último encontro com o jovem ela só pensava em revelar a verdade que havia escondido dele todo este tempo. Porém, com o retorno do youkai que poderia mudar toda a história seria impossível ser sincera com Inuyasha, a verdade é que somente ela poderia convencer Inuyasha a ajudá-la a derrotar o novo inimigo que crescia cada vez mais.

“Serão tempos difíceis!” – pensou Ruki. A chuva caia e molhava seu cabelo negro. Seu corpo estava cansado e os ferimentos cicatrizavam-se com rapidez.

_Você acredita mesmo que podemos vencê-lo? – Ruki disse baixo, como num sussurro.

_E porque você duvida? – questionou Sesshoumaru.

Ela e Sesshoumaru caminhavam lado a lado, silênciosos e serenos, enquanto a água caia com força e fazia arder seus ombros e suas cabeças. Os relâmpagos iluminavam a trilha escura pela qual passavam e somente seus corpos estavam ali, seus pensamentos estavam distantes.

As espadas tentavam se atrair, mas seus donos as mantinham caladas em seus flancos. Os sapatos amassavam a lama e suas mãos cortavam os galhos que ficavam no caminho. A natureza em sua volta curvava-se diante dos poderosos filhos do Clã dos Cães.

_Por que estamos presos em nossas mentes? Por que ainda estamos aqui? – resmungou Sesshoumaru. Ruki estava calada desde que começaram a caminhar em direção ao castelo do grande Cão Branco. Mas não era por motivo algum, ambos gostavam do silêncio, mas algo os incomodava.

_Por que ainda nos buscamos quando algo desequilibra nossas terras? Por que nos odiamos Sesshoumaru? – Ruki perguntou secamente, fazendo os passos do youkai pararem repentinamente. Era como se ele ouvisse a voz da pequena Ruki, com quem treinava e lutava durante os dias de verão enquanto seus pais saiam para caçar.

_Nós mudamos muito. Crescemos... – ele disse com um tom frio.

_Sempre nos odiamos não foi... Até aquele fatal dia em que entendemos a nossa sina. – ela concluiu.

_Não há nada mais que nos usa a não ser o que somos. – ele resmungou.

_Por que você me odeia mais do que antes? – Ruki pareceu confusa por instantes.

_Você protege Inuyasha, isso já basta. – respondeu o youkai desviando-se do olhar de Ruki.

_Não é verdade! – ela retrucou. Não era verdade, o ódio que compartilhavam vinha de um passado mais remoto. Sesshoumaru sabia disso, assim como Ruki. Na verdade, seu ódio nascia onde à aliança dos seus pais havia começado. Seu ódio iniciava em seus berços. - Você me odeia porque eu destruí algo que você amava.

_Minha vida... - Sesshoumaru resmungou.

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Capitulo 16 – Casa, castelo ou abrigo?

...

_Então foi isso que eu senti. – Kagome estava sentada ao lado de Inuyasha. Tremia de frio, sua roupa estava um pouco úmida, mas estava melhor do que quando Kaede e os outros começaram a contar a ela sobre os cristais da alma. “Então todos temos cristais”. Ela colocou as duas mãos no peito, perto do coração sentiu seu bater suave e tranqüilo.
Inuyasha estava calado. Desde que ela havia chego ele parecia distante, como se algo o incomodasse. Mas talvez não fosse isso que a estava deixando um pouco desconfortável, afinal, já havia se acostumado com o jeito de Inuyasha. A verdade é que ela sentia dentro de seu corpo um desequilíbrio, um mal estar que não podia descrever ao certo o que era.

_Mas estes cristais, como eles podem reviver um corpo já morto? – Sango questionou, parecia sentir algo dentro de si.

_Você precisa destruir um corpo e se apossar de seu cristal. Todos os humanos têm um. Para reviver os corpos mortos, usa-se, para cada corpo, um cristal. – Kaede respondeu Sango. Então olhou para Kagome e a encarou. Era estranho, mas Kagome não carregava somente sua alma no cristal, levava a de Kikyou também.

_Então para destruí-los é preciso destruir o cristal da alma. Porém, se você fizer isso, estará matando a alma, ou seja, ela jamais poderá voltar para o corpo do qual foi arrancada. – Miroku resmungou olhando para a janela. Tudo parecia se acalmar.

...

A chuva havia cessado e o sol surgia no horizonte num amanhecer tranqüilo e belo. As gotas de chuva escorriam pelas folhas e um arco-íris surgia no horizonte dando uma beleza maior a cena. Kagome estava do lado de fora da casa de Kaede e via a vida brotar com suavidade após um dia de chuva intensa e constante.

_Kagome! – Sango apareceu. – Bom dia! – sorriu a jovem. Ela estava com Kirara. Kagome já havia notado fazia um certo tempo, mas até aquele momento não havia podido falar com sua amiga. Sango estava um pouco triste, com o olhar perdido e as palavras secas e sem vida. “O que você tem Sango?” – pensou Kagome caminhando em direção a jovem exterminadora.

_O que foi Sango? – Kagome sentou-se no banco que ficava ao lado da casa. Sango a olhou desanimada e depois se sentou junto a Kagome.

_Estou sentindo um aperto no meu coração. – respondeu a exterminadora. – Desde...

Porém, antes que Sango pudesse continuar alguém, vinha ao longe, correndo. Estava com a expressão desesperada e seu medo podia ser sentido de longe. O homem gritava e pedia socorro. Kagome e Sango correram ao encontro daquela pessoa.

_Me ajudem! – pediu caindo desmaiado de cansaço.

...

_Enfim chegamos. – Sesshoumaru olhou. À frente dos dois estava um castelo que se erguia do chão de maneira imponente e alcançava as nuvens, as cortando e quase tocando o teto do céu. Havia cinco torres que se dispunham na forma de uma estrela e dentro delas mais seis torres que formavam uma lua. Estavam, enfim, em casa.

O castelo tinha um aspecto antigo e esquecido. Parecia mal-tratado pelo tempo, mas já havia resistido há séculos, a guerras e a amores. Era uma fortaleza feita por youkais e para suportar o ataque de youkais. Possuía um amplo sistema de defesa. A iniciar pela entrada. Era preciso passar pelo fosso, atravessando a ponte, além disso, havia uma barreira de energia que só permitia aos que possuíam a marca do clã adentrar. As janelas que emolduravam a construção possuíam vitrais coloridos e eram enormes.

_Faz muito tempo. – Ruki sorriu. Tantas lembranças. Estava novamente ao inicio e sentia-se feliz de estar ali. Estava feliz de poder se sentir protegida, mesmo não estando.

_Saudades? – questionou Sesshoumaru quanto aos sentimentos de Ruki que pareciam tentar aflorar em seus lábios, mas que foram contidos por apenas um olhar discreto ao youkai.

_... – ela refletiu, então sentiu um cheiro comum. – Rin e Jaken já estão aqui? – perguntou. Não era preciso responder. Ruki podia sentir o cheiro dos dois. Uma humana jovem e um youkai fraco. Eram eles. A youkai não era capaz de entender porque Sesshoumaru mantinha aqueles seres inferiores sob a sua proteção, mas admitia que ele tinha coragem, pois defender as terras, a honra e mais dois pesos, era um fardo que poucos arriscavam carregar.
Ruki e Sesshoumaru caminharam sem se olharem ou se falarem em direção ao passado. Em direção a tudo que eles acreditavam não ser mais verdade, mas que sabiam, não havia sido apagado de suas memórias.

_Você está cometendo o mesmo pecado que fez seu pai morrer. – ela comentou.

_Não seja tola!

...

_O ataque à aldeia foi interessante senhor. – resmungou Julie. Ela tinha um sorriso cruel nos lábios. Em seu rosto alguns gotas de sangue humano e seus olhos pareciam sedentos por mais mortes. Os diamantes refletiam a maldade que havia dentro dela.

_Os exterminadores trabalharam muito bem. – Konaru observou mostrando à quantidade de cristais de alma que haviam conseguido coletar conforme os humanos eram exterminados pelos seus novos servos. Dentro de um saco de couro revestido com inscrições antigas e amarrado por um laço de energia, as almas de inocentes estavam presas. Não podiam fluir para o céu e nem para o inferno, estavam condenadas a dar vida a outros seres.

_Excelente. – o velho sorriu. Ele precisava acumular estes cristais poderosos, pois além de se manter vivo, aquelas preciosidades poderiam reviver youkais mortos, aumentar os exércitos malignos e facilitar a destruição de tudo que havia naquelas terras. “Logo o clã dos cães sentirá a minha ira!”.

Estavam numa mansão nobre afastada de qualquer lugar. Podia-se notar o poder do homem que lá havia devido ao brasão e aos detalhes que havia na casa. Em meio à floresta escura que se erguia e protegia os conspiradores que tramavam contra a paz e contra o equilíbrio da vida. Naquele momento o dia nascia e o velho observava o sol surgir. A luz era intensa e o fazia se sentir bem. Então, após tomar alguns goles de luminosidade, ele voltou-se aos seus servos mais fieis.

_Quero mais mortes! – o velho disse olhando com frieza para os youkais que estavam ajoelhados e olhavam para seu mestre. Ele estava com um olhar um pouco estranho, como se as mortes dos homens não fossem suficientes para saciar sua sede de sangue e alma. Ele queria a sua vingança, ele queria mortes!

_E quanto aos três e a garota? – Julie questionou. Respeitava seu senhor, mas era muito cautelosa, principalmente por conhecer a força que eles possuíam. Não queria subestimar o inimigo, não queria correr o risco de morrer pelas mãos sujas de um cão.

_Eles são meus! Já que vocês não possuem competência para destruí-los, eu mesmo o farei. Porém, antes de iniciar minha vingança, eu quero o cristal da garota! Eu quero meus poderes de volta! – ele gritou com seus servos e os expulsou de sua presença com o olhar maligno que possuía.

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Capitulo 17 - Lágrimas no coração

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A ordem havia vindo diretamente do velho senhor que agora começava a controlar toda a terra da era feudal. O exercito de exterminadores tinha de encontrar e levar, viva, Kagome para o velho. No entanto, Kagome e seus amigos não se encontravam mais na aldeia de Kaede. Haviam viajado por dois dias em direção a uma aldeia, ou aos restos de uma aldeia.

“O velho disse que haviam sido atacados por exterminadores” – Kagome pensou. Ela estava sentada nas costas de Inuyasha que corria, segurando com firmeza a jovem. Sango e Miroku vinham montados em Kirara. Shippou, porém, havia ficado junto com Kaede. Queria ajudar a reconstruir a aldeia.

_Monge, você acha possível que sejam exterminadores de um novo clã? – Sango perguntou para Miroku. Seu rosto estava sombrio, como se uma névoa de sentimentos pairasse por seus olhos e lábios. Ela estava triste e ao mesmo tempo esperançosa. Talvez algo tenha acontecido.

_Na verdade, Sango. Não estou certo sobre o que aquele pobre homem nos contou. – respondeu Miroku, pela primeira vez ele não sentiu vontade de agarrar Sango e nem de pensar perversão alguma. Talvez pelo fato de Sango estar muito frágil ele não fosse capaz de se aproveitar da situação. A verdade é que a única coisa que queria é que ela ficasse bem, mesmo que eles estivessem brigados.

_O que acha Kagome? –Inuyasha perguntou. Estavam bem à frente de Kirara.

_Ando sentindo algo estranho no ar, talvez isso ajude a explicar. – respondeu Kagome olhando para trás, podia ver o rosto de Sango, seus olhos. – Acredito que possa ser o clã da Sango. – e olhando para frente, tentou não pensar em mais nada.

“Exterminadores de youkais!” – Inuyasha pensou. Além da Sango e de Kohaku, ele não conhecia mais nenhum exterminador do clã, eram só os dois e mais ninguém. E ao julgar por isso, tinha certeza, se todos fossem tão fortes ou determinados como os dois, Inuyasha teria problemas demais para se preocupar.

...

_Está ferido? – Ruki perguntou assim que entraram no castelo. Já havia servos youkais no portão principal para os receberem. Jaken já havia tratado de tudo, como sempre fazia. – Não perguntei antes, mas... – Ruki não sentia pena de Sesshoumaru pelo ferimento, mas naqueles dias em que eles caminharam lado a lado, em silêncio, ela sentiu-se mais fortalecida que o de costume, a presença de Sesshoumaru era perturbadora, mas ao mesmo tempo renovadora. Além disso, não havia perguntado aquilo anteriormente porque Sesshoumaru não admitiria tal comentário, mas percebendo seu estado, Ruki sabia que tinha que tomar providências.

_Não lhe interessa. – resmungou Sesshoumaru um pouco surpreso com a atenção de Ruki. Há muito tempo não lhe perguntavam se ele estava ou não ferido. Sentiu-se, por instantes, feliz de ter Ruki ali, perto dele.

_Levem água morna e ervas para os aposentos de Sesshoumaru. – ordenou Ruki dispensando todos os que estavam lá, aguardando o retorno dos chefes do clã dos cães. Sesshoumaru fingiu não ouvir a ordem e caminhou em direção a escadaria que levaria aos seus aposentos. Fazia anos que não entrava no castelo.

“Nunca vai mudar Ruki!” – o youkai subiu sem olhar para trás.

“Sinto falta deste lugar!” – Ruki deu as costas a Sesshoumaru e caminhou até a sala da lareira.

...

“_O nome dele é Inuyasha! – disse o Inu-Taysho antes de partir em direção ao inimigo e ser consumido por completo pelas chamas ardentes do ciúme e da traição. Somente a princesa e o pequeno foram capazes de fugir daquela terrível desgraça que se abateu sobre todos os seres, humanos e youkais, que nas terras feudais viviam. O grande chefe do Clã dos Cães havia sido dominado pelo amor e pagava o preço pelo sacrilégio de amar uma humana.

A princesa estava desorientada, sentia medo, fome e uma inquietação nos olhos. Podia ver de longe o fogo destruir tudo como uma praga. O pequeno em seus braços agitava-se, como se pressentisse a morte de seu pai. O poderoso Inu-Taysho perdia-se em meio às labaredas.

Seu amado estava morto, enterrado sob a tristeza que ela mesma havia construído e não restava mais nada do amor que ela possuía, somente a criança que estava aconchegada em meio ao amor da mãe revelava o quanto ela desejava Inu-Taysho e amava aquele demônio poderoso.

_Minha senhora? – Ruki apareceu das sombras das árvores. Sua aparência era a de um youkai cão, como o de Inu-Taysho, mas seus cabelos eram negros como aquela noite de trevas. A lua cheia iluminava seu rosto e ela se impunha com altivez frente à mulher com a criança no colo. – Sou Ruki. – ela deixou a luz do luar iluminá-la, permitindo que a jovem mãe de Inuyasha pudesse ver quem lhe falava. Assustou-se por um instante com tamanha semelhança e teve medo de que ela lhe tomasse o filho. Mas a curiosidade humana foi mais forte.

_O que você quer? – perguntou assustada, segurando com mais força e segurança seu filho, sua única lembrança de seu querido amor. Não deixaria que uma youkai ferisse seu pequeno Inuyasha. – Você é uma youkai! O que quer?

_Protegê-la. – respondeu Ruki dando as costas para a mulher. – Se quer viver, me siga. – e caminhando lentamente seguiu em direção a uma aldeia”.

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_Por que não revivemos Naraku? – perguntou Julie olhando para fora, pela janela. Ela via a escuridão da noite surgir serenamente e invadir seus olhos de diamante com suavidade. Fazia séculos que ela vagara perdida pelo mundo, mas agora ela tinha um propósito, ela tinha sua vingança. Aquele homem era a resposta para todas as suas duvidas.

_Ele foi o responsável pela nossa separação! – respondeu Katina olhando com raiva para a youkai de diamante. Não podia acreditar que ela estava dizendo uma besteira daquelas. Claro que não poderiam reviver Naraku. Mesmo porque seu corpo foi desintegrado por Inuyasha e Sesshoumaru. Mas mesmo que houvesse uma oportunidade...

_Não! – o velho resmungou ao ver a expressão no rosto de Julie. Ela estava fraca, ou seria apenas um devaneio? Aquilo o homem não poderia dizer. – Ele não pode ser controlado pelo cristal da alma e seria mais uma vez um empecilho aos nossos planos. Certamente ele iria querer novamente adquirir poderes. – o velho explicou. – Além disso, Ruki foi a responsável pela criação dele e depois disso desapareceu, só voltando a aparecer nestes tempos.

_Uma covarde. – Konaru disse olhando para Julie. – Você já deveria ter destruído-a! – resmungou para Katina.

_Bem, não importa. Os servos de Naraku nos serão úteis, mas ele não! – o velho encerrou a conversa.

_Então o que devemos fazer com Kagura e Kana? – perguntou Julie mostrando os resquícios das almas daqueles seres que faziam parte de Naraku, mas que agora estavam com seus corações separados do meio-demônio.

_Logo teremos algo para elas! – sorriu o velho.

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Capitulo 18 – Ressuscitando o passado

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“_Eu sinto muito – Sesshoumaru, pela primeira vez parecia estar sendo sincero com Ruki. A verdade é que a intensidade da notícia que ele trazia não podia ser suportada sozinha. Ruki estava com um nó na garganta e suas garras comprimiam-se fazendo suas mãos sangrarem. Não podia acreditar que aquilo estava acontecendo.

A lareira estralava.

A noite parecia ser mais longa do que ela queria que fosse. Os dias haviam sido tenebrosos e a única coisa que ela foi capaz de fazer foi ficar ali. Sentada, olhando para a janela, esperando que tudo acabasse rapidamente. Mas não acabou. Talvez por isso ela estivesse daquele jeito.

_Ele morreu como um grande chefe. – resmungou Ruki levantando-se e caminhando até a lareira. Havia algo em sua mão. Uma mensagem que Sesshoumaru havia trazido. O testamento do pai de Ruki. Apenas o fogo foi capaz de consumir o pergaminho escrito com sangue de demônio.

_Isso é seu. – ele segurou no ombro de Ruki. O calor do corpo dela era intenso e queimava como brasa. Mas ele sabia que por dentro havia um coração de gelo que impedia qualquer, assim como ele fazia, de se aproximarem. – Tensiega. – ele jogou a espada ao lado da jovem. – Ele pediu para que você cuidasse bem da espada. – resmungou soltando o ombro dela e caminhando para fora da sala.

‘Obrigada, Sesshoumaru!’ – Ruki sorriu para as chamas e olhou para a espada que estava ao seu lado, jogada”.

_Quem é você? – Ruki perguntou para Rin. Claro que sabia quem era a pequena, mas havia algo a mais em sua pergunta. Algo que Rin não saberia explicar, mas que pelo tom da voz de Ruki, tinha que explicar.

_Rin. – sorriu a criança. Claro que estava um pouco com medo da figuro que estava a sua frente, mas Sesshoumaru não permitiria que ela fizesse nada de mal a ela. – Eu vivo com o senhor Sesshoumaru. – respondeu com mais segurança.

_Entendo. Vive com Sesshoumaru. Ele cuida de você? – perguntou com mais interesse. Rin era pequena e batia um pouco a baixo da cintura de Ruki. A youkai não fazia questão de abaixar ou olhar nos olhos de Rin para falar, a verdade é que estava olhando para outro ponto enquanto conversava com a humana.

_Sim. – respondeu novamente com um sorriso.

“Então você é importante para ele não é verdade?” – um sorriso malvado passou pelos lábios de Ruki.

...

O vilarejo que havia sido atacado pelos exterminadores estava devastado de tal maneira que era difícil distinguir os corpos e as casas queimadas. Havia muitas crianças e mulheres juntas, mortas de maneira horrenda. Os homens, porém, tinham os corpos estilhaçados. Havia sido uma luta brutal e destrutiva.

Muitas marcas nos corpos revelavam, eram exterminadores, profissionais na arte da morte. Mas o que fez Sango arregalar os olhos e querer chorar foi uma arma abandonada no campo de batalha devastado pelo fogo.

“Kohaku!” – ela desceu rápido e correu em direção a foice que estava coberta de sangue e estava cravada nas costas de uma criança. As marcas da arma eram obvias, ela pertencia ao irmão mais novo de Sango.

_O que aconteceu aqui! – Kagome olhou a sua volta. Estava horrorizada. O cheiro era podre e ela via o sangue de inocentes espalhar-se pela terra e misturar-se com as águas cristalinas no pequeno riacho que cortava a cidade. Não podia acreditar que outros humanos haviam feito tamanha brutalidade.

_Esse cheiro! – Inuyasha não parecia impressionada, não aparentemente. Em sua alma ele podia sentir a dor que todos os mortos haviam sofrido antes de darem seus últimos suspiros.

“É o mesmo cheiro que os youkais de Naraku possuíam da última vez!” – ele respirou mais fundo. Embora o cheiro de sangue humano fosse desconfortável, ele precisava ter certeza de que o cheiro era parecido.

_Vamos enterrar estas pessoas e orar pelas suas almas. – Miroku olhou para Sango. Ela estava sofrendo e ele não podia fazer nada para impedir aquilo. Como queria que ela ficasse em paz, mas como consolá-la? Ele nem ao menos podia tocá-la, sentia-se envergonhado demais por tudo que já havia feito com Sango para aproveitar-se daquela situação.

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_Grande senhor, para onde os exterminadores devem ir? – Katina perguntou ao seu senhor com educação e curiosidade. Ele estava sentado de frente para ela e degustava carne e vinho. Era um humano e tinha fome.

_Para o vilarejo da sacerdotisa Kaede! – respondeu o velho tomando um gole de vinho e encarando o cristal que havia no lugar dos olhos de sua serva. – Quero que raptem Kaede e um youkai que está com ela. – continuou o homem assim que rasgou um pedaço da carne.

_E os outros humanos? – perguntou Konaru interessado.

_Pode comê-los meu servo! Mas não se esqueçam de extrair os cristais, eles estão acabando e preciso de mais servos! – respondeu o velho olhando com maldade para Katina e Konaru, sabia o quanto eles gostavam de sangue, o quanto gostavam de matar e o quanto poderiam ser úteis enquanto estivessem ali.

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Capitulo 19 – Irmãos

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A noite cobria com um manto negro toda a era feudal, confortando os corações aflitos, curando os corpos feridos e fazendo reviver lembranças do passado. A fogueira queimava com tanta intensidade que só seus estralos podiam ser ouvidos. Os mortos descansavam em suas covas. As cruzes simbolizavam as orações feitas. O cheiro de morte, pouco a pouco, ia desaparecendo.

_Sango... – Kagome aproximou-se da jovem exterminadora. Seu sofrimento não era maior que a sua duvida, que o seu medo. Era estranho. Sango havia enterrado todos os seus amigos e exterminadores, havia feito as orações, os havia vingado, então porque eles haviam voltado? Nada fazia sentido para eles naquele momento. Porém, o que doía mais era saber que eles estavam matando, estavam destruindo o que tentavam proteger, vidas, eles estavam tirando vidas inocentes.

_Meu irmão... Eu... Minhas mãos... – ela fechou os olhos e deixou as lágrimas escorrerem. Seu irmão havia destruído novamente pessoas inocentes. Ela estava novamente fadada a perseguir seu passado para fazê-lo voltar a ser passado e suas mãos voltariam a se sujar de sangue.

_Eu sinto muito Sango. – Miroku colocou a mão no ombro dela e mostrou sua tristeza em vê-la daquele jeito. Sango o olhou com as lágrimas que escorriam. Naquele momento não havia rancor e nem ressentimento, ela abriu os braços e o abraçou com toda a força que tinha. Ele sorriu e retribuiu o carinho sincero. Miroku consolou Sango com o que tinha: seu amor, sua sinceridade, seu carinho por ela.

“Sango” – Miroku respirou fundo e acalentou as lágrimas da jovem.

_Inuyasha. – Kagome afastou-se do grupo e foi até uma árvore um pouco distante da fogueira. Inuyasha observava a lua com serenidade.

_Kagome? – ele olhou para baixo. Claro que ele sabia que era ela, seu cheiro não podia ser disfarçado. – O que foi?

_Estou com medo. – ela desabafou. Inuyasha havia dito que os youkais queriam o cristal que ela possuía. Disse também que estava com medo de perdê-la. Aquilo tudo havia sido um choque. Eles estavam destruindo tudo por causa dela. Kagome sentia dentro do seu coração que ela era a culpada de tudo o que estava acontecendo.

_Sua idiota! – ele desceu da árvore e sorriu. – Eu já disse que vou te proteger! – e abraçando ela, deixou seu corpo envolver a jovem.

...

_Julie! – gritou o velho. Estava sentado olhando para a noite que invadia todo o céu. Ele sentia no ar uma inquietação como se algo estivesse para acontecer. Ele podia sentia a presença de Ruki e Sesshoumaru, juntas e aquilo seria complicado. Ele queria a briga entre eles; sua união seria a destruição de todos os seus planos.

_Sim? – respondeu em meio à escuridão a youkai. Estava sempre disposta a servir ao seu senhor com devoção mesmo sabendo que ele queria matá-la.

_Traga Toutousay e Myouga à minha presença! – disse o velho. Talvez aqueles seres antigos soubessem de algo, tivessem uma idéia, fossem capazes de mudar tudo o que estava acontecendo.

_Como quiser. – e sumindo, a youkai partiu em direção aos velhos.

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Sesshoumaru observava de longe Jaken e Rin. O youkai cuidava da menina, mesmo não gostando dela. Estavam brincando no lago que havia dentro do castelo. Rin divertia-se com a água quente que saia dos poços do lugar. Jaken, porém, parecia entediado com a diversão da garota. Os olhos de Sesshoumaru estavam fixos em Rin. Ela era inocente e estava envolvida numa guerra que desconhecia. Na verdade, havia um grande dilema no coração de Sesshoumaru naquele momento e naquele lugar.

“O que devo fazer?” – questionou-se pela primeira vez. Nunca havia pensado antes, mas a humana logo cresceria. Não seria justo deixá-la viver atrás dele, sempre seguindo seus passos. Não que ele se importasse com a segurança dela, mas se sentia responsável pela existência da garota e tinha como tal, assumir papéis importantes no futuro. Um futuro que nem ele mesmo sabia se chegaria. “Posso morrer!” – ele olhou para o céu. O sol brilhava.

“Ele tem certo carinho pela garota. Mas por quê?” – Ruki estava de longe, também observava a alegria de Rin ao brincar com a água. Como alguém pode sentir algo por uma humana? Aquele havia sido o pecado de Inuyasha e Sesshoumaru estaria cometendo o mesmo erro.

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Capitulo 20 – Inimigos e mais inimigos

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_Olá, Inuyasha! – Katina sorriu para Inuyasha. Todos estavam de frente, os youkais e o grupo de Kagome. O sol brilhava alto no céu e a aldeia estava devastada pelo dia anterior. Os exterminadores haviam feito seu trabalho como extrema destreza. Na verdade, Sango nunca havia visto o quanto o poder dos seus ancestrais poderia ser tão brutal e cruel. Ela sempre acreditou que os youkais eram criaturas más, mas depois de toda a sua jornada, passou a acreditar que nem sempre exterminar é a solução para se salvar.

Inuyasha e seus amigos haviam levantado cedo. Iriam prestar as ultimas orações antes de regressarem para a aldeia de Kaede. Kagome precisava voltar para casa e Inuyasha tinha que fazer algo importante, algo que não podia revelar a ninguém. Porém, enquanto oravam e Inuyasha comia algumas guloseimas da bolsa de Kagome, aqueles seres apareceram.
Katina era gigante e, naquele momento, estava sem uma garra. Parecia ter sido arrancada com brutalidade por algum youkai, mas Inuyasha não tinha certeza disso. Embora pudesse sentir um cheiro familiar que vinha de Katina. Era como se a presença de Ruki estivesse ali. Mas havia o cheiro de Sesshoumaru também, mas Inuyasha tinha certeza que seus inimigos não eram aqueles dois, mas sim os que se apresentavam na sua frente.

Os olhos safira da youkai refletiam os olhares curiosos de todos. Kagome, porém, sentia-se um pouco fraca na presença daquela youkai, como se sua força vital fosse sugada por ela. Inuyasha podia ver a fragilidade de Kagome diante daquela criatura.

_Você conheceu a nossa irmã Julie, mas nós ainda não nos apresentamos. – respondeu Konaru rindo. Ele olhava fixamente para Kagome. A mulher que eles procuravam estava ao alcance de suas mãos, mas mesmo assim eles eram incapazes de tocá-la. Havia muitos adversários ali, mas nada os impediria de ter o cristal de Kagome. Além disso, o desejo de Konaru era comer Kagome e isso ele sabia que não poderia fazer.

_O que vocês querem? – Miroku perguntou. Ele tinha a expressão serena, mas pelo tom de voz podia-se ver o quanto estava curioso e ao mesmo tempo sentindo uma raiva contida dentro de seu coração. Podia sentir que aqueles youkais eram os responsáveis pela angustia de Sango, podia sentir o cheiro de morte que pairava sobre aqueles corpos estranhos, podia ver pelos seus olhos feitos de cristais que eles escondiam muitos segredos.

_O cristal! – sorriu Katina apontando para Kagome.

_Não! – a jovem armou o arco e preparou uma flecha purificadora. Não se renderia tão facilmente. Além disso, já havia enfrentado problemas maiores para se render daquela maneira. Se eles a queriam, então teriam que lutar, porque ela lutaria até o fim para não ser capturada.
Kagome havia crescido muito. Se alguém tivesse feito aquilo antes, quando ela iniciou sua jornada, claro que ela teria se abaixado e chorado. Oras, ela era uma menina, não tinha que lutar. Mas depois de tanto tempo enfrentando o mal, ela havia se tornado mais forte do que aparentava e se seu corpo não se impunha, ela usava o arco e flecha para resolver a situação.

_Entendo. – resmungou Konaru. – Porém... – ele estralou os dedos com força fazendo um som estranho soar.

De trás das árvores, por debaixo da terra, entre as cinzas das casas, sob as águas sujas de sangue do rio, muitos homens e mulheres, todos usando as roupas que Sango usava, levando as armas que Sango conhecia, carregando em seus rostos as feições que Sango respeitava e levando, nas testas, cristais da alma. Kohaku e o pai de Sango estavam lá. E para uma surpresa maior ainda, possuíam reféns...

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_O que devo fazer? – Sesshoumaru perguntou a si mesmo sentando-se num salão enorme do castelo. O salão era revestido com mármore branco. As paredes possuíam quadros e retratos antigos. As cadeiras eram feitas com peles de inimigos derrotados e as mesas esculpidas e detalhadas.

O pai de Sesshoumaru gostava muito daquele lugar.

_Você possui muitas concubinas, elas cuidarão de Rin quando for necessário. São tão leais a você que não ousariam fazer mal a criança humana. – Ruki apareceu. Como sempre ela sabia o que Sesshoumaru pensava. Claro que o youkai também sabia o que se passava na mente de Ruki. Haviam sido criados sob o poder do signo de escorpião e isso lhes dava o poder sentirem o que mais ninguém sentia e serem capazes de guardar aquilo que nenhum humano ou youkai é capaz de guardar: os sentimentos.

_Não quero a ajuda de Inuyasha! – ele virou-se de costas para Ruki. – Ele é insignificante. – resmungou.

_Eu também sou e mesmo assim estou do seu lado. – Ruki respondeu colocando a mão no ombro de Sesshoumaru. “Estou aqui!” – pensou sorrindo.

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_Shippou? Kaede?...

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Capitulo 21 – Manipulação

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Kagome sentiu seu peito apertar, como se alguém estivesse segurando seu coração na mão. Sua respiração deu um golpe e ela sentiu todo ar entrar de uma só vez. Os olhos arregalaram-se. Inuyasha hesitou em atacar. Admitia que não gostava de Shippou como todos os outros, mas respeitava o pequeno. Além disso, tinha certo respeito por Kaede, era à lembrança viva de Kikyou.

Sango e Miroku se olharam. Não seriam capazes de atacar aqueles youkais com dois reféns, dois amigos, dois companheiros em suas garras. Naquele momento estavam se sentindo inúteis, indefesos, frágeis. Pela primeira vez percebiam o quanto um era importante para o outro e como seus amigos eram vitais para suas existências.

“O que devo fazer?” – Inuyasha olhou para Kagome. Não poderia entregar Kagome, mas não podia deixar Shippou e Kaede sem ajuda. Seu coração estava estranhamente com medo do que poderia acontecer se ele tomasse a decisão errada.

_Kagome em troca destes dois! – Katina riu mostrando desprezo pelos seus reféns. A verdade é que eles estavam inconscientes. Sango pode ver uma marca roxa em seus pescoços, haviam desmaiado por falta de ar. Miroku ainda reparou numa marcha de sangue nas roupas, haviam lutado antes de serem apanhados. Kagome horrorizou-se com a cena. Seus amigos, presos, inconscientes, machucados e desorientados. A jovem sentia-se culpada daquilo.
Katina e Konaru se olharam quando Kagome deu uma passo para frente e abaixou as armas. Eles podiam sentir o cheiro do medo e da derrota na jovem sacerdotisa. Mas é claro que mesmo ela admitindo que não podia fazer nada, eles, os youkais, não podiam abaixar a guarda.

_Preparem as armas! – gritou Konaru para os exterminadores.
Sango gelou por um instante. Todos responderam com rapidez ao comando. Apontando as armas para o grupo, todos, sem exceção prepararam-se para atacar.

_Não façam isso! – Sango gritou. Miroku segurou seu braço, impedindo que ela corresse até o pai dela. Sabia que ele a mataria se percebesse qualquer ato de fraqueza. – Parem! Onde está a honra dos exterminadores?

Katina riu alto com o desespero de Sango.

_Honra? Eles são apenas fantoches bem treinados do nosso senhor! – Konaru explicou.

_Mandem abaixarem estas armas, ou então... – Inuyasha ameaçou preparando Tetsussaiga para a luta. Não iria admitir que ninguém fizesse mal aos seus amigos e naquele momento ele não pensou no que poderia arriscar ameaçando os youkais inimigos.

 _O que pensa em fazer Inuyasha? Olha a sua volta. Exterminadores prontos para atacar. Youkais, prontos, para matar. Vítimas prontas para morrer. Vocês estão em desvantagem! – Katina explicou com um sorriso na face.

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_Oras seu desgraçado! Bastardo! – Ruki desembainhou a espada e se preparou para atacar Sesshoumaru. Não podia acreditar que aquela era a idéia dele para vencer os exércitos do inimigo. A verdade é que ela nunca imaginou o quanto Sesshoumaru poderia ser frio e cauteloso. Mas, ela também era assim.

_Você quer vencer esta guerra? Então faça o que peço! – ele respondeu preparando sua espada mais poderosa para lutar. O poder que fluía da arma era intenso e percorria todo o corpo de Sesshoumaru com intensidade. Ele podia sentia sua força aumentar.

_Então está bem! – Ruki parou e guardou a espada. Era melhor fazer o que ele queria. Não eram tempos de ter medo, eram tempos de luta.

_Excelente. – Sesshoumaru sorriu.

_Porém... – Ruki deixou escapar um ar superior quando olhou para Rin. Ela estava escondida atrás de uma viga do castelo. – É preciso um preço e você sabe disso. Ou você esqueceu Sesshoumaru? Tenseiga é uma espada de trocas equivalentes. Ela pode fazer curas, dar maiores poderes às espadas e devolver o que lhe foi tirado, no entanto, ela precisa se alimentar para fazer isso.

_Eu sei que você alimenta Tenseiga com sangue de sacerdotes, isso já deveria bastar! – resmungou Sesshoumaru fingindo não entender o que Ruki dizia.

_Eu usei este sangue para lacrar o poço quebra-ossos, você sabe disso. Mas você sabe também que não é assim que funciona. Para que eu possa colocar o braço de Inuyasha no seu, é preciso que você dê algo de muito valor para Tenseiga, para que ela se alimente e possa realizar seu desejo. Tem que ser algo que para você é importante. É a troca equivalente dos desejos e sentimentos. – resmungou Ruki caminhando em direção a Rin...

...

_Inuyasha, eu vou com eles! – Kagome colocou a mão no ombro de Inuyasha e sorriu para ele. Estava com medo, mas seus amigos eram mais importantes para ela que a própria vida. Não deixaria que nada acontecesse a eles.

_Excelente... – Konaru sorriu.

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Capitulo 22 - Decepção e tristeza

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Ruki caminhou até onde Rin estava escondida. Então encarou o rosto da menina.

Tinha olhos grandes e Ruki podia sentir seu coração bater acelerado. A criança estava com medo e ao mesmo tempo assustada com a presença daquela youkai. Sentia-se até um pouco curiosa para saber o que ela queria dizer com a troca, mas naquele momento, seu instinto de sobrevivência falou alto e ela começou a chorar.

As lágrimas escorriam com sinceridade pelo rosto branco da jovem. Mas as mãos de youkai estavam firmes no pulso de Rin e a fizeram caminhar até onde Sesshoumaru estava. Claro que não havia razão para ter medo, o youkai não a deixaria morrer e não faria mal a ela, mas porque ela tinha que ser testada daquela maneira? Rin estava sozinha em meio de demônios cruéis, e sabia disso!

_Então é isso que quero como troca! – Ruki jogou Rin aos pés de Sesshoumaru. O youkai não olhou para Rin, ele preferia encarar os olhos calmos de Ruki. Ela não sentia remorso de dizer aquilo, a verdade é que parecia tranqüila ao mandar que Sesshoumaru matasse a pequena para que conseguisse o que queria.

_... – Sesshoumaru pensou em dizer algo, mas preferiu apenas dar as costas para Ruki. Então, deixando Rin e a youkai sozinhas no salão, dirigiu-se para seu cômodo. “Não consigo matar aquela humana!” – pensou fechando a porta atrás de si.

“Sinto muito por isso Rin, mas foi preciso” – Ruki também saiu dali.

...

“_Você tem algo para proteger, Sesshoumaru? – a voz do pai do youkai era decidida, tinha no tom um pouco de desilusão quanto ao filho. Sabia o quanto ele era ambicioso e até onde era capaz de chegar para atingir seus objetivos. Mas mesmo assim, mesmo sabendo que o filho não era um youkai como ele, de coração domável, mesmo assim ele precisava perguntar a Sesshoumaru se ele tinha algo para proteger. Talvez aquela fosse a última lição que ele daria ao filho, talvez nunca mais pudesse ver sua prole, mas era preciso dizer algo sábio, algo que mostrasse a realidade a ele, que despertasse Sesshoumaru para a verdade que ele não era capaz de ver: a vida não era apenas para ter poder, era para amar e sofrer, também.

_Não! – ele respondeu. Naquele instante a imagem de Ruki se projetou em sua mente. Ele tinha que esquecer tudo o que já havia vivido ao lado dela, ele tinha que se esquecer do sorriso que ela tinha e das noites mal dormidas. Sesshoumaru queria trilhar pelos caminhos da destruição e Ruki não era mais que um obstáculo que ele já havia superado.

_Entendo. – Inu-Taysho fechou os olhos e lamentou pela arrogância do filho, até mesmo se sentiu envergonhado, ele havia sido responsável por aquilo, ele havia ensinado apenas a destruição para Sesshoumaru, nunca mostrou o amor e admiração que sentia pelo filho, mas era assim que tinha que ser, e assim seria.

Ruki passou por Sesshoumaru e correu junto a Inu-Taysho, ela havia sido designada pelo próprio senhor dos Cães para uma missão que mudaria toda a sua vida. Sesshoumaru ficaria para trás. Ela queria trilhar os caminhos da morte e da satisfação e não podia mais deixar que sentimentos a impedissem de continuar o caminho que seu pai havia traçado para ela.

_Um dia vocês entenderão. – Inu-Taysho resmungou baixo assim que assumiu sua forma verdadeira e começou a correr ao encontro de sua morte, de sua vida, de sua amada.”

...

“Kagome” – todos pensaram quando ela jogou o arco no chão e caminhou até onde os youkais.

_Não! – Inuyasha segurou Kagome no punho e a impediu de continuar a ir a direção aos youkais. Ele não podia perder Kagome, ele não permitiria que ela se sacrificasse por ele. Inuyasha sentia-se na obrigação de proteger Kagome e não ela protegê-lo! De certa forma ele sentia-se um pouco humilhado por depender de Kagome, mas era seu coração que dizia aquilo.

_Inuyasha... – Kagome olhou para ele com os olhos cheios de lágrimas. – Eu tenho... – mas ele a calou com um beijo. Não era um simples beijo, era todo o sentimento de Inuyasha. Era como se ele soubesse que aquela poderia ser sua última oportunidade de mostrar o quanto ele gostava dela. Inuyasha tinha que proteger Kagome. Tinha que mostrar seus sentimentos tinha que ser humano, mesmo sendo meio-demônio.

Miroku olhou para Sango, diante daquela cena a única coisa que ele podia fazer era desejar encostar seus lábios nos do dela. Não se sentia confortável em meio ao inimigo, mas sentia-se menos ainda feliz em ter que ficar ali. Mudo e olhando para o sofrimento de Sango diante das pessoas que ela amava e que agora eram suas inimigas.

O beijo foi curto, mas trouxe a Kagome esperança de salvar seus amigos. Ela então sorriu para Sango e Miroku e depois, abraçando Inuyasha, voltou seu rosto para Konaru e Katina e preparou-se para lutar. Inuyasha estava certo, ela não podia se render.

_Sango, você vai morrer! – Kohaku disse aproximando-se da irmã com um olhar sem expressão e com a boca seca. Não havia alma naquele corpo, ele estava vazio e era controlado por um cristal que o dominava. – Sua bastarda! – gritou Kohaku partindo ao ataque, assim como os outros exterminadores.

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_Nos solte! – Myuga gritou. Era muito pequeno e estava preso entre as garras de Julie. Ela olhava com um ar brincalhão para o youkai. Não podia acreditar que um ser daquele porte possuísse tanto conhecimento quanto seu mestre acreditava ele ter.

_Calado! – resmungou a youkai. – Toutousay está calado, porque não fica como ele?

_Você o fez desmaiar! – resmungou Myouga olhando para o amigo. Ele estava com o corpo mole e era carregado por Julie com o braço esquerdo, enquanto Myouga estava preso na mão direita.

Já haviam ultrapassado a floresta que servia como desafio aos inimigos e protegia a casa de estranhos. Agora Myuga podia ver claramente o lugar para onde estava sendo levado. Nem em seus piores temores ele imaginou que um dia retornaria aquele local. E, embora o youkai fosse medroso, naquele instante, todo o seu medo podia ser visto em sua expressão desesperada de tentar fugir dali.

_Tenho medo de viver, mas vivo até morrer! – Julie resmungou diante do portão de aço que protegia a casa. Era aquela senha que abria a entrada para o inferno, era aquilo que fazia as chamas do mal se revelarem.

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“Shippou! Kaede!” - Kagome preparou o arco novamente. Inuyasha já havia partido para o ataque e Sango com Miroku já desferiam os primeiros golpes contra os inimigos.

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Capitulo 23 – Um adeus ou um até logo?

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_Começou! – Ruki disse para Sesshoumaru invadindo seu aposento. Não haviam sentido antes devido à discussão, mas agora ela ouvia as vozes e sentia os cheiros com facilidade. Não estavam longe dali, era preciso agir. – Temos que ir! – ela precipitou-se para fora do castelo, correndo em direção ao oeste. Sentia que era de lá que vinha a energia negativa que tentava apagar a chama ardente de Inuyasha. Ruki não permitiria que seu protegido fosse destruído por exterminadores, seria uma vergonha. Além disso, precisava de Inuyasha e Kagome vivos. Os outros não eram importantes, mas aqueles dois eram fundamentais para a vitória do clã. “Não me importo se aqueles outros humanos morrerem, mas Inuyasha e Kagome não podem!” – pensou aumentando a velocidade dos passos.

“Maldição!” – Sesshoumaru acompanhava de perto os Ruki. Não se importava, na verdade, com nenhum dos lados, mas ele queria a Tetsussaiga para si, mesmo que não fosse capaz de manipulá-la com precisão, tinha certeza de que Ruki poderia ajudá-lo a usar o poder da espada, caso Inuyasha fosse morto. “Ela não poderá fazer nada contra mim se Inuyasha morrer!” – um sorriso cruel passou rápido por seus lábios.

Os passos dos youkais eram longos e precisos. Saltavam de um lado para o outro com a facilidade de seus corpos, cortavam como o vento aldeias que estavam pelo caminho como furacões enraivecidos, deixavam a lama e os rios marcados pelos seus pés, tinham as mentes frias e malévolas despertas na ilusão de exterminarem a guerra em seu começo.

“Ruki, por que fazemos isso?” – Sesshoumaru se questionou quando finalmente se depararam com o cenário à sua frente. Era desprezível.

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_Ayame. – Kouga olhou com carinho para a youkai. Fazia tempo que não a via mais como uma amiga, mas como uma companheira. Ela havia se tornado especial para o príncipe dos lobos e ele sabia que não poderia ignorar aquele fato, mas algo estava acontecendo no sul e ele tinha que saber o que era. Sentia que Kagome estava em perigo e que se não fizesse nado estaria agindo como um covarde que foge das lutas.

_Kouga, tudo bem? – o dia estava quente e abafado. Eles haviam chego ao final da jornada. Estavam diante de uma campina aberta, com mato alto e um riacho que cortava as montanhas que cercavam o lugar. Era um paraíso que jamais poderia ser tocado por qualquer outro youkai.

_Vou voltar. – ele resmungou baixo. Tinha medo da reação de Ayame. Ela gostava dele e não sabia o que ela faria ao saber daquela noticia. No entanto, não era só por isso que ele falava em sussurros. Não queria que o clã se preocupasse com ele, sabia que se pedisse todos voltariam com ele para o sul, pois eram fieis, mas não era isso que ele queria. Ele queria a segurança de sua raça e queria manter a sua honra intacta.

_Eu entendo. – ela abaixou a cabeça, por vergonha, por medo e por submissão as ordens e decisões de Kouga. Mesmo porque ela não tinha muitas escolhas. Havia decidido segui-lo e não era capaz de desrespeitá-lo, não depois de todos aqueles meses migrando para o norte. Ela, assim como Kouga, queria a segurança e a prosperidade de sua raça e sabia que ali estariam seguros. – Eu vou ficar. – ela sorriu erguendo o rosto.

_Por favor, não fique brava. – ele pediu encarando os belos olhos de Ayame. Nunca havia reparado o quanto eram expressivos e cheios de vida. Somente naquele momento, sentado numa pedra, observando os filhotes que cresciam e os lobos que corriam, felizes, é que ele havia encontrado paz para admirar a beleza da jovem youkai. – Eles precisam de você! – Kouga mostrou o quanto o clã crescia e se tornava forte novamente.

_Você vai voltar? – perguntou segurando a mão dele. Fazia muito tempo que ela não se aproximava tanto dele. A verdade é que se sentia com medo dele recusá-la, de se afastar dela. Porém, Kouga segurou com mais força a mão de Ayame e sorriu novamente para ela, mostrando um sentimento que estava escondido.

_Vou, vou voltar para você. – ele beijou a testa de Ayame e partiu, deixando-a apenas a observar o youkai que amava correr para longe de seus braços mais uma vez.

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_Vamos? – perguntou Katina.

_Sim! – concordou Konaru. Estava na hora de deixar tudo nas mãos dos exterminadores e fugir com os reféns. Aquela não era a luta deles, era a luta de seus escravos. Mesmo porque, sabiam que Inuyasha e seu grupo não teriam coragem de destruir os exterminadores, afinal, eles eram do mesmo clã que Sango e aquilo facilitaria tudo.

“Vão morrer!” – pensou Konaru segurando os dois reféns, ainda inconscientes e fugindo dali.

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Capitulo 24 – A luta dos exterminadores

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Inuyasha estava cansado. Ele já havia derrotado muitos inimigos e muitos demônios, mas faltava coragem para destruí-los. Afinal, se destruísse os cristais, não estaria matando apenas uma, mas duas vidas de uma única vez. A verdade é que a única coisa que conseguia fazer era machucar seus oponentes, faltava-lhe à vontade de matar.

_Inuyasha! – Kagome gritou. Atrás dele havia mais dois que estavam atacando. Ele confiou em Kagome e abaixou-se com rapidez e sentiu uma flecha purificadora passar perto do seu corpo e derrubar os dois exterminadores. Kagome os feria com seu poder, mas assim como Inuyasha, não era capaz de machucar aqueles que já estavam mortos.

Miroku tentava conter o pai de Sango de atacar a própria filha. Mas estava sendo difícil manter o ritmo da luta. O jovem monge havia sido atingido por uma das espadas e sentia o sangue aflorar por sua roupa. Um ferimento no braço esquerdo o impedia de lutar com toda a força, além disso, lutava contra um morto, ou seja, seu oponente não sentia cansaço ou medo, apenas lutava. Não podia acreditar que aquele homem que o atacava era pai de Sango. Embora a semelhança no estilo de luta, ele parecia tão expressivo, tão cheio de vida, não parecia estar morto.

Kohaku atacava sem piedade sua irmã. A briga entre eles já havia rendido um ferimento superficial no rosto de Sango e uma mão ferida gravemente. Já seu irmão, estava com as duas pernas sangrando e um corte fraco no braço direito, no entanto, ele estava morto, não sentia dor e não precisava se preocupar com a morte.

_O que faremos? – Kagome gritou atirando mais flechas em direção aos exterminadores.

Foi quando uma luz varreu uma parte dos exterminadores, derrubando-os no chão com força e destruindo os cristais que havia em suas testas. Não havia duvidas, Inuyasha conhecia aqueles cheiros. Ruki e Sesshoumaru estavam ali.

Mas por quê? Eles não deveriam interferir onde não eram chamados.

“O que estão fazendo aqui?” – pensou Inuyasha olhando de onde havia vindo à luz.

_O que? – Miroku distraiu-se com a luz e sentiu uma lâmina vindo em direção as suas costas. Porém, algo o protegeu, um bumerangue voou até ele e impediu que o pai de Sango destruísse Miroku. Mas ele caiu no chão, havia sido acertado por outro golpe de outro exterminador.

_Miroku! – Sango empurrou o irmão o mais longe que pode e correu em direção ao monge. Não queria, não podia, não acreditava. Ele tinha que estar bem, ele não podia deixá-la, não naquele momento em que ela mais precisava dele.

_Kohaku – Kagome laçou uma flecha com grande poder que fez com que o garoto caísse. Não estava destruído, apenas paralisado. O pai de Sango havia sido atingido pelo osso voador e se recuperava do golpe.

Inuyasha mantinha a posição. Não mataria aqueles exterminadores e junto com Kagome faziam a cobertura para que Sango verificasse como Miroku estava. Não poderiam deixar que ninguém morresse, pelo menos, não naquele momento.

_Destruam os cristais! – Ruki passou por Inuyasha e Kagome e destruiu mais corpos que tentavam atacá-los.

Sesshoumaru lançava poderes com sua espada de longe, e fazia o sangue dos exterminadores espirrar em todas as direções. Não podia deixar que levassem a Tetsussaiga e muito menos que tirassem a vitória das suas mãos. Ele nunca havia perdido num campo de batalha e não perderia naquele momento.

_Não! – Kagome gritou para Ruki e Sesshoumaru. – Mais pessoas vão morrer!

_Você se importa? – perguntou Ruki destruindo mais exterminadores com sua espada. O sangue fluía para dentro da lâmina, que se alimentava do sangue do adversário. – A vida não consegue ocultar nossos grandes erros, minha jovem. Só a velocidade e a vontade de viver que nos mantêm aqui! – e logo o campo estava forrado de sangue e de corpos dos exterminadores.

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_Então, como posso vencê-los? – perguntou o velho para Myouga. Toutousay ainda estava desmaiado. – Acorde-o! - resmungou para Julie.

_Não pode! – respondeu Toutousay levantando-se e despertando do sono. – Onde estamos? – perguntou desorientado. Sentia a sua cabeça latejar. – Quero tomar um banho, por favor! – pediu sem se importar com o homem que estava na sua frente. Na verdade, ele não se importava muito com as coisas que aconteciam em sua volta.

_Você é o guerreiro formado por almas vingativas dos que falecem em batalhas, o homem que morreu, mas que está vivo graças à aliança que possui com três youkais, o poderoso Kacius. – resmungou Myouga.

O velho sorriu com certa maldade nos lábios.

_Exatamente.

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Kouga corria com toda a força que possuía. Mesmo estando longe, ele sentia o perigo aproximando com tanta força que mesmo ele, rápido, não era capaz de alcançar a velocidade com que o mal se espalhava por aquelas terras que estavam cheias de sofrimentos infinitos.

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Capitulo 25 – Inu-Taysho e Thorkai, youkais poderosos

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“_Inu-Taysho e Thorkai, unidos? – resmungou o humano. Ele estava diante dos maiores youkais que já haviam andado sobre aquelas terras, porém seus olhos não se desviavam, estavam fixos nos olhos dos demônios. Sua espada estava segura e pronta para ser usada, não tremia. Aquele humano tinha a coragem de um tolo, mas o coração de um animal prestes a atacar.

Inu-Taysho possuía há muito tempo às terras do sul. Toda a sua dinastia, por anos, tinha o poder daquelas terras. Thorkai era o senhor do norte. Terras que lhe pertenciam devido à força e a coragem de se aventurar em terras mais geladas. Eram youkais dominantes, que nunca se rendiam e mesmo quando a guerra contra os Gatos do Oeste aconteceu, eles foram capazes de vencer sem problemas.

_Assim como suas espadas, suas reputações procedem. – resmungou o humano. Ele era alto, tinha o rosto jovem. Usava roupas um pouco estranhas para a época. Usava calças de seda negra, assim como sua blusa. O chapéu também escuro possuía uma pena de corvo que escorria até o ombro. Na cintura, tiras de couro seguravam as três espadas e as adagas que possuía.

Em volta dos três poderosos seres, uma guerra acontecia. Youkais lutavam ferozmente. Humanos também disputavam sobre aquele lugar. O sangue era espalhado pelo chão e a dor podia ser ouvida atrás das montanhas que cercavam o vale. A cena gerava um pouco de medo nos que observavam a fúria com que os inimigos se gladiavam. Porém, no centro de toda aquela agitação, dois youkais e um humano discutiam, como se nada acontecesse atrás deles, como se tudo estivesse em plena calmaria.

_O que eles estão fazendo? – Ruki perguntou ao passar por Sesshoumaru. Estava atacando com duas navalhas os inimigos que tentavam avançar. Ela já havia matado. Mas parecia que quanto mais matava, mais humanos apareciam para serem mortos.

_Conversando, eu acho. – ele pulou atrás dela e ficaram costa a costa. Outro círculo se formava. Humanos os cercaram, mas eles estavam em desvantagem. – Pronta? – perguntou com um sorriso maligno no rosto.

_Sempre! – disse Ruki iniciando a retaliação.

As espadas no flanco do humano eram intrigantes. Tinham um brilho negro que, ao que os youkais ouviram dizer, faziam os mais poderosos dobrarem-se diante dele. Ela controlava os demônios e os condenava a morte. Um humano com tamanho poder, uma alma condenada ao inferno.

_Aquele que vive pela espada, pela espada morrerá. – resmungou Thorkai apontando suas navalhas para o inimigo. Seus cabelos negros balançavam com o vento e os olhos estavam brilhando como as estrelas do céu daquela noite.

_Então você é Thorkai, o chefe do Clã dos Cães da Estrela Negra. – resmungou o homem. Thorkai inspirava medo nos adversário. Ele muito maior que Inu-Taysho, embora os poderes não pudessem ser medidos, pois um tinha habilidades diferentes do outro. Todos temiam mais o pai de Ruki, porque ele não hesitava em matar. – E você deve ser Inu-Taysho, o chefe do Clã dos Cães da Lua Prateada. – sorriu o humano como se soubesse de tudo a respeito daqueles youkais.

_E você deve ser o humano Kacius, o homem que carrega as três espadas da destruição. – resmungou Inu-Taysho observando as armas que havia na cintura do homem. Naquele momento o vento da mudança pairava sobre o vale. Humanos e youkais estavam morrendo. Ruki e Sesshoumaru resistiam bravamente aos ataques ferozes daqueles humanos descontrolados e seus pais pareciam hesitar um pouco em enfrentar o chefe dos humanos.

_O que quer, afinal? – perguntou Inu-Taysho.

_O que importa, vamos matá-lo. – resmungou Thorkai.

_Tenha calma, meu amigo. – o youkai sorriu para seu companheiro e esperou que o humano o respondesse.

Ali, naquela forma de meio humano, aqueles youkai pareciam ser inofensivos, quase que pareciam possuir um coração de verdade batendo em seus peitos. Porém, os olhos ariscos, as garras ferozes e os sorrisos sarcásticos nos rostos os denunciavam. Eles eram demônios poderosos que não poderiam ser subestimados em uma luta.

_Vocês destruíram meu irmão quando ele ainda era uma criança inocente. Vocês usaram minha esposa como concubina e destruíram toda a minha dinastia. – ele esbravejou. – Na guerra contra os gatos do oeste vocês não só os destruíram, mas destruíram a minha família. Eu sou o senhor do oeste e vocês, por ignorância, acabaram com toda a minha vida quando atacaram os gatos.

_Então aquela criança que chorava era seu irmão. – sorriu Thorkai. Ao menos sabia que, se morresse, seria por uma causa importante. Ele morreria por ter matado uma criança que o tentara envenenar.

_A mulher te pertencia? – questionou Inu-Taysho. A verdade é que ela havia se oferecido para ele. Ao que o youkai lembrava, ela veio ao seu encontro e se ofereceu como oferenda. Ele não pode recusar, ela era bonita.

_Vocês corromperam a minha família. Mas fizeram mais que isso, vocês roubaram o cristal da alma que me pertencia. – ele desembainhou duas das três espadas e preparou-se para o ataque.

_O cristal das almas? – Inu-Taysho olhou para Thorkai. Eles não eram capazes de se lembrar do que o homem falava, mas sentiam que não eram responsáveis por tal façanha, mesmo porque, não se interessavam em reviver corpos já mortos.

_Você tem as três espadas da destruição, mas nós temos as espadas do tempo. – Thorkai jogou suas navalhas no chão e tirou na cintura uma espada que parecia velha e desgastada, mas que escondia um grande poder. Inu-Taysho guardou a espada do inferno e desembainhou as outras duas espadas”.

...

_Eu ainda me lembro daquele dia, seu velho! – disse Kacius encarando Myouga e Toutousay.



 

 

 

 

Capitulo 26 – A família dos exterminadores

...

_Quero perguntar algo antes Sesshoumaru. – Ruki observava a luta dos humanos e de Inuyasha sem grande surpresa. – Konaru também ressuscitou? Fui atacada por Katina e eu já a havia eliminado anos atrás.

_Sim. – ele respondeu secamente.

_Acha que ele esta usando os youkais que tentaram nos vencer para nos distrair? – ela insistiu.

_Pensei que era somente uma pergunta. – respondeu Sesshoumaru ignorando a segunda pergunta. Ruki apenas sorriu e tirando uma espada do flanco correu em direção ao inimigo. Tenseiga tremia na cintura com a agitação de Ruki. “Por que ela insiste em não usar a Tenseiga?”. – Sesshoumaru pensou olhando a youkai correndo de encontro com o inimigo. “Se ele morrer agora eu não sentirei piedade. Que morra empunhando a espada que deveria pertencer a mim. Sua mortalha será minha satisfação. Ruki pode protegê-lo de mim Inuyasha, mas ela não será capaz de protegê-lo para sempre dos seus inimigos. E um dia você vai sucumbir ao poder dos que te odeiam e eu estarei lá, observando sua destruição e me apoderando do que já deveria ser meu há muito tempo. Eu sabia que Ruki colocaria a humana no caminho da espada, usando a pequena como obstáculo, mas não sou o único que te odeia, ao seu redor há outros!” – Sesshoumaru observou de longe Inuyasha, Tetsussaiga estava limpa, não havia sangue na lâmina e aquilo incomodava Sesshoumaru profundamente. “Ela tem sede de sangue seu idiota” o youkai percebeu que no fundo a espada gritava por destruição, mas aquilo provavelmente era apenas o que Sesshoumaru queria acreditar. “Eu nunca quis ter a sua mão, sei que Ruki tinha outra maneira de me possibilitar usar a Tetsussaiga como eu bem entendesse, mas ela, assim como eu, também quer poder e não admitiria que eu me tornasse mais poderoso que ela!”. – Sesshoumaru deixou uma expressão de descontentamento invadir sua face alva.

Porém, logo os lampejos de lucidez atingiram Inuyasha e o sangue começou a se espalhar. Ele não tentava mais evitar, estava destruindo todos os cristais. Sabia que assim matariam muitos além dos que estavam ali, mas era o único jeito.

_Inuyasha! – Kagome gritou quando caiu no chão de joelhos, não queria ver aquilo. “Pare!”. - ela pensou com força. Mesmo que mandasse Inuyasha “sentar”, mesmo que ela chorasse aquilo não se resolveria e somente estaria fingindo não ver o que estava diante dos seus olhos. Estava com o coração despedaçado, eles haviam sido derrotados, mesmo que não houvesse mais nenhum exterminador vivo, a derrota veio de uma luta que não deveria ter sido travada e Kagome sabia disso. A culpa invadiu seu coração como um peso. Kaede e Shippou haviam sido levados e eles não foram capazes de ajudar aos mortos.

Miroku estava caído, sua respiração estava fraca e ele podia sentir o calor do seu corpo diminuir lentamente. Ferido e sangrando, talvez não fosse capaz de viver mais que aqueles momentos. Sango não estava melhor que ele, na verdade seu irmão, antes de ser destruído por Inuyasha, havia a apunhalado pelas costas. Naquele momento ela segurou seu irmão no colo e sorriu para ele. Não estava brava com ele e nem tinha medo do que estava por vir, se partisse daquele mundo os encontraria, ela voltaria para sua família, porém, seu desejo de ficar, de viver era grande demais. Ela sentia o sangue verter lentamente para fora de seu corpo, a adaga usada havia sido arrancada por ela mesma. E depois de ver seu irmão partir serenamente, arrastou-se até onde Miroku estava deitado e olhou com carinho para ele.

_Sango... – Miroku sussurrou para ela. “Eu sinto muito” – ele pensou tentando sorrir, mas estava difícil mexer o rosto. Embora a dor fosse quase insuportável à presença de Sango naquele momento trazia conforto ao jovem monge. Ele tinha algo na mão. Algo que queria entregar para a exterminadora.

_Miroku! Você... – mas não havia palavras. Miroku tinha o colar de pérolas que ele havia dado para Sango e que ela havia destruído dias atrás quando brigou com ele, na palma da mão que antigamente guardava o buraco do vento. Não podia acreditar que ele havia arrumado a jóia e estava, novamente, lhe entregando.

_Não jogue nunca mais este colar no chão! – ele disse beijando a testa dela. “Eu não cumpri a minha promessa de ficar com você Sango, eu sinto muito”. – ele fechou os olhos.
Enfim, desmaiados, podiam sentir-se em paz um com o outro. Sango estava deitada por cima do corpo de Miroku e uma poça de sangue os cercava.

Ruki olhava a cena deplorável dos dois humanos com certo desprezo. Ela recolhia sangue dos mortos para alimentar Tenseiga. A verdade é que não suportava ver os gestos de amor que os seres faziam uns para os outros. Aquilo a incomodava, pois ela mesma já havia sido assim e havia se arrependido de tudo.

“Sentimentos fúteis!” – pensou olhando para Sesshoumaru. Ele a encarou por alguns instantes, mas depois deu as costas para Ruki e começou a caminhar de volta para o castelo. Não tinha mais nada a se fazer ali.

_Inuyasha! Eles levaram Shippou e Kaede. – Kagome se lamentou. Ainda não havia percebido a gravidade da situação. Miroku estava com ferimentos graves, Sango resistia com braveza, mas podia sentir a dor invadindo seu corpo. Inuyasha estava cansado e ela sentia-se um pouco zonza com tudo aquilo.

_Kagome... – Inuyasha correu ao encontro dela. Podia sentir o peso que ela levava nas costas. Era como se toda a culpa daquele massacre tivesse sido sua, mesmo que não fosse. Ela estava com os olhos cheios de lágrimas de culpa e suas mãos tremiam como se ela tivesse feito algo de errado. – Eu estou aqui... – ele a abraçou com toda a força que podia, querendo protegê-la daquele tumulto, mesmo sabendo que isso seria impossível. “Eu vou te proteger, você querendo ou não!” – ele sorriu para a jovem.

“Vão sobreviver”. – Ruki passou por Sango e Miroku. Eles estavam desmaiados, mas não estavam tão ruins quanto pareciam, se fossem medicados e descansassem certamente ficariam bem. Já Inuyasha, ele preocupava Ruki, ele havia hesitado diante de um inimigo e aquilo poderia ser um grande problema. Além disso, tinha aquela garota que era fraca, mesmo querendo ser forte.

_Vamos! – Ruki passou por Inuyasha e resmungou.

_Mas e os outros? – Inuyasha pegou Kagome no colo e se levantou. – O que fazemos? – um soluço baixo soou. Kagome chorava, mesmo que não quisesse. A verdade é que ela queria segurar o choro, mas não era capaz.

_Mandei-a calar a boca! – Ruki ordenou. – Estes dois humanos vão ficar bem, não se preocupe. – e virando para Kagome, olhou-a com indiferença. – Vamos! – insistiu.

...

 

 

 

 

Capitulo 27 – Amigos e inimigos se reencontram

...

Claro que Inuyasha não poderia deixar seus amigos à mercê de qualquer coisa, os tempos estavam cada vez mais confusos e desprezar a dor que os companheiros sofriam seria insensibilidade demais para o meio-demônio, embora Ruki não se importasse em dizer que não faria diferença se eles vivessem ou não.

_Kagome! – uma voz chamou a jovem. Ela caminhava ao lado de Inuyasha. Kirara os acompanhara, carregando Sango nas costas. A jovem não sangrava mais, mas ainda estava desmaiada. Kirara também estava ferida, uma das patas estava machucada e ela mancava. Miroku era carregado por Inuyasha. O amigo estava igualmente inconsciente, mas seu sangue também havia parado de fluir para fora de seu corpo.

Ruki, mesmo não achando interessante, deu aos dois ervas que ajudavam a parar o ferimento. Logicamente que ela não tinha interesse em usar aquelas plantas em prol de humanos, havia levado caso fosse ferida, mas como Inuyasha insistiu em não sair dali enquanto os amigos não cassem bem, ela não teve muita escolha.

O cheiro irritou Inuyasha. Mesmo naquelas situações, mesmo ferido e mesmo que nada daquilo tivesse acontecido ainda sim um pouco de nervosismo e raiva se misturaram na mente do meio-demônio e fizeram sua expressão cansada ficar fechada. Kouga se aproximava.

_Parado. – Ruki se mexeu com rapidez para trás do grupo e surpreendeu Kouga colocando a espada em seu pescoço e apertando lentamente contra sua pele. Ela estava irritada, devido à decisão de Inuyasha de levar os amigos junto, estavam demorando a voltar ao castelo e havia muito que fazer. À vontade de matar o incomodo dançou em seus lábios.

_Espere! – Kouga olhou com um pouco de desespero para Kagome. Inuyasha continuou andando, fingindo na ver a cena.

_Deixe-o Ruki. – Kagome pediu aproximando-se dos dois youkais. Era estranho como aquela youkai era má, ou pelo menos, desconfiada de tudo e de todos.

_Como quiser. – Ruki deixou os olhos recaírem sobre a espada de Kouga e depois, caminhando continuou a seguir o caminho com Inuyasha.

Kagome abraçou o amigo. Claro que havia sentido a sua falta, fazia tempos que não se viam, embora ela tivesse certeza de que ele estava bem. Kouga ficou feliz com o carinho de Kagome, sentira falta do cheiro dela. Tinha sido difícil deixá-la, de ter que dividi-la com Inuyasha, mas mesmo assim, valia o esforço fingir que Inuyasha não estava vendo os dois ali, apenas para poder sentir a pele macia da amiga.

_Vamos. – Kagome puxou Kouga em direção a Ruki e Inuyasha. Estavam perdendo os dois de vista e a floresta que cortavam parecia mais sombria do que nunca. – Senti a sua falta. – Kagome sorriu enquanto caminhavam.

_Kagome... – Kouga deixou o tom da voz engrossar um pouco e ficar mais sério que o costume. Agora eles já estavam logo atrás de Inuyasha e Kirara. Ruki caminhava com mais rapidez à frente deles. – O que está acontecendo? – ele perguntou. – Senti uma rajada de poder maligno vindo desta direção e pressentia que algo estava acontecendo.

_Nós não sabemos exatamente o que está acontecendo seu lobo fedido. – Inuyasha finalmente disse alguma coisa. Mesmo porque, o insulto estava entalado em sua garganta.

_Oras, enfim o gato não comeu a sua língua. – Kouga abriu um sorriso e passou o ar de superioridade youkai para Inuyasha. – Cara de cachorro!

_Calados! – Ruki resmungou na frente. Agora, além de humanos teria que suportar a intromissão de Kouga, o príncipe dos youkais lobo. – Achei que o território que lhes pertencia ficasse no norte. Lembro-me bem quando meu pai concedeu uma pequena parcela de nossas terras para o rei dos lobos. – ela comentou.

_Sim, todo o clã está lá. Eu os levei neste final de outono, logo o inverno... – ele arriscou dirigir a palavra para a youkai que o havia ameaçado. Porém, um bocejo entediado dela o fez calar, era evidente que ela não se interessava por aquele assunto.

_Então o que faz aqui? Seu lugar não é aqui, sua luta não está aqui! – ela resmungou novamente e deixou que o silêncio tomasse conta do ambiente.

...

_Vocês fugiram? Como ousam! – gritou o velho levantando-se e olhando com frieza para Katina e Konaru. Eles o haviam traído a sua confiança em não ficando e lutando. A única coisa que haviam feito direito foi raptarem Kaede e Shippou. Isso porque não haviam feito diretamente o serviço, somente ordenado aos exterminadores que matassem a aldeia e capturassem a sacerdotisa e o youkai que estava com ela.

_Senhor... – mas Katina sentiu a mão pesada do homem colidir com força em seu rosto e a jogá-la contra a parede. Um som abafou a dor da batida e ela ficou inconsciente. Tinha a boca sangrando, provavelmente havia quebrado o nariz, pois dele o sangue escorria com rapidez.

_O que... – e Konaru sentiu a ira do homem quando levou um soco no abdômen e caiu no chão, contorcendo-se de dor.

_Não hesito em bater em meus serviçais e não hesitarei em bater em vocês, por isso, digam-me onde Inuyasha e a humana estão. – Kacius virou-se para Kaede e a ameaçou, mas não houve resposta, nem dele e nem de Shippou. Não estavam dispostos a revelar o que sabiam, mesmo porque, eles não sabiam onde os amigos realmente estavam.

_Quem é você? O que quer? – Kaede perguntou com firmeza. Era uma sacerdotisa, tinha que agir como tal.

_Kacius. – ele respondeu. As paredes pareciam ter tremido. – Fui o senhor de todas estas terras, mas os youkais cães a tomaram de mim, agora eu quero a minha vingança.

_Kacius morreu há duzentos anos! – Kaede arregalou os olhos e sentiu um tremor invadir seu corpo. Embora duvidasse que aquele era um humano comum, não sentia energia algum de youkai nele. Então como?

_Julie! – o velho gritou. – Leve-os para fazer companhia ao Toutousay e Myouga. – o velho gritou quando a serva entrou.

...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capitulo 28 – Um triste homem solitário

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Kacius estava de pé, em frente ao espelho de seu aposento. A brisa batia na porta aberta e fazia as cortinas de seda dançarem. Agora, com o sol, ele podia se ver com mais tristeza que quando era jovem. Não havia beleza alguma em seu corpo, estava velho, mas mantinha o espírito jovem e guerreiro. Era magro e esguio, não tinha sinal de fraqueza no corpo. Algumas cicatrizes no abdômen, pernas e braços. Braços fortes e cheios de vida, habilidosos com as espadas. As pernas finas davam agilidade, mas ele não se conformava com o aspecto de seu rosto. Rugas e olhos claros e cansados. Uma marca de cicatriz na bochecha direita e alguns cortes recentes em baixo do olho esquerdo.

“Mudei muito desde a última vez que me vi no espelho!” – ele pensou vestindo o quimono e amarrando a faixa vermelha na cintura. Era uma roupa simples. Uma calça que iniciava justa e terminava numa larga abertura nos pés. A sandália de madeira fazia um som engraçado quando ele andava. E a camisa, aberta, mostrava o peito magro e ossudo do velho. Além da faixa, um cinto de couro que segurava três espadas. Duas do lado esquerdo e outra ao lado direito; ambas com um aspecto novo e limpo.

Possuía uma longa barba branca que estava trançada e cabelo branco, curto e volumoso. Nas orelhas um brinco de esmeralda. No punho algo que ele estimava muito e que lhe dava a possibilidade de caminhar sobre a terra naquela era de paz. Uma pulseira feita com três pedras preciosas. Diamante, rubi e safira, as pedras que substituíam os olhos de seus servos, as pedras que lhe davam vida, já que seu cristal da alma não lhe pertencia mais.
Era verdade, naquele dia fatídico em que os dois poderosos youkais o atacaram, nada sobrou de seu corpo. Lembra-se que suas armas foram inúteis comparadas ao poder da Tetsussaiga e Tenseiga, unidas e fortalecidas pela Tenseiga. Mas, o velho sabia que esta união não mais existia graças a Naraku e era sua chance de conseguir tudo que havia perdido de volta.

“Naquele dia vocês foram vencidas por outras três espadas” – ele acariciou a bainha de uma das espadas como serenidade. “Mas elas não estão mais unidas e nada podem fazer contra a espada do demônio Diaman, do demônio Safiros e do demônio Rubros”. – e se observando novamente no espelho, teve a impressão de ver sua imagem jovial voltando a suas vistas. “Logo eu os encontrarei e os derrotarei, mas primeiro, preciso ter a minha alma de volta e só a jovem de duas almas pode me fazer isso. Ela pode transcender o tempo e com isso trazer a minha alma de volta. Aquelas espadas aprisionaram minha alma dentro daquela que ama o filho mais novo do clã dos Youkais Cães, isso significa que está presa dentro do cristal da humana!” – o homem gritou.

Ele vivia pela eternidade, sempre assolado pelo medo e por seus inimigos. Seu castigo foi viver a eternidade sem sua alma verdadeira, dependendo de outros youkais para suprir sua falta. Por isso ele era capaz de manipular cristais da alma, como não possuía uma, ele era capaz de usar os cristais para corrompê-los e inseri-los em mortos que seriam seus servos. Assim aconteceu com Julie, Katina e Konaru.

...

“Konaru, Katina e Julie estão vivos!” – Sesshoumaru chegou ao castelo desanimado. Mesmo depois de ter matado humanos, sua satisfação não estava nem um pouco aparente. Ruki tinha razão, alguém queria desviar a atenção deles para algo mais grave, mas o que poderia ser. Naquela altura dos acontecimentos, mais surpresas seriam terrivelmente desastrosas. Não somente com o plano de Sesshoumaru, mas para toda a terra que pertencia ao clã.
Rin correu ao encontro de Sesshoumaru. Ela ficou o resto do dia em que ele e Ruki estiveram fora pensando no assunto. Claro que não queria deixar Sesshoumaru, já havia desistido de ficar com os humanos uma vez e não mudaria de idéia. Mas era preciso dizer algo para o youkai, mesmo que ele não a escutasse.

Sesshoumaru não se deteve quando Rin parou e quando ele passou ao seu lado pode ouvir a voz da menina como se fosse um sussurro.

_Se sou incômodo, irei embora. – ela abaixou a cabeça e pensou que Sesshoumaru já havia sumido por dentre os corredores do castelo frio e feito de pedras acinzentas. No entanto, a respiração dele estava bem perto dela.

“Incômodo?” – nunca havia pensado nisso, nem mesmo quando ela começou a segui-lo. Era estranho, mas sentia-se tranqüilo ao lado da menina, mesmo que isso lhe trouxesse alguns problemas, como ter que alimentá-la ou cuidar para que ela não dormisse no chão e no frio, mas isso já havia virado uma certa rotina. No entanto, voltando aquele castelo, ele havia percebido o dilema que enfrentava conforme o tempo passava e a criança crescia.

_Você está crescendo... – foi a única coisa que ele disse quando voltou à caminha e a, finalmente, sumir pelas sombras do castelo.

Rin apenas sorriu.

Capitulo 29 – Lutando contra inimigos impiedosos

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_Katina, os exércitos do norte serão seus. – ele apontou uma quantidade considerável de cristais de alma presos num baú feito de vidro. – Konaru, desperte os meus exércitos do sul. Julie! Prepare nossos prisioneiros, quero você do meu lado, quando encontrarmos aqueles que nos enfrentam. Mas antes... – ele olhou com um pouco de desanimo para a youkai de olhos de diamante.

_O que quer senhor? – ela perguntou sabendo que ele mandava em todo o seu corpo, como se ela fosse uma boneca.

_Traga a garota, este é o meu último pedido e ordem! – ele resmungou. – Você já falhou uma vez, não pode falhar novamente. – ele aproximou-se dela e agarrou seu pescoço fino e branco. E erguendo Julie, encarou seus olhos de diamante com seriedade. – Traga-a a minha presença!

_Como eu poderei...

_Use Kagura e Kana. Aqueles corpos vazios podem se mexer com facilidade e poderão ser de grande ajuda. – ele largou Julie e a fez cair no chão com força. “Como quiser!” – Julie pensou dando as costas para seu senhor.

Após todos saírem o velho soltou uma risada moderada e voltou-se aos seus pensamentos.

“Vou despertar todos os que morreram em guerras travadas por aqueles youkais, Inu-Taysho e Thorkai. Seus filhos terão que sofrer a ira dos que morreram por suas mãos!”

...

Ruki continuou caminhando sem parar até que se depararam com um castelo à beira de um penhasco. Não mais se surpreendeu, como da ultima vez que teve aquela vista. No entanto, seus acompanhantes pareciam surpresos e um pouco desconcertados com a grandeza do local. Não podiam acreditar que aquele castelo pertencia ao clã dos Cães. A verdade é que Kagome nunca havia visto algo parecido e muito menos lido sobre este lugar.

_Onde exatamente estamos? – Kouga perguntou aproximando-se do grupo. Ele estava um pouco afastado, preferia evitar ficar perto de Inuyasha e Ruki. – Nunca...

_Este castelo pertence ao Clã dos Cães do Norte e do Sul. – ela olhou para Inuyasha um pouco constrangida em dizer. – Este castelo pertence a você Inuyasha. – não se sentia confortável em dizer aquilo, principalmente porque jamais revelou a Inuyasha a riqueza que sua família possuía e o quanto à infância dele poderia ter sido mais confortável se ela tivesse levado a mãe de Inuyasha para aquele refugio. Mas não era assim que Inu-Taysho queria.

_Inuyasha... – Kagome resmungou um pouco surpresa. Era magnífico e ao mesmo tempo intimidador. As torres que se erguiam brutalmente até o céu. O penhasco escuro e tenebroso. A aparência maléfica e suja. Os portões imponentes e estranhamente velhos. Tudo ali tinha um ar macabro e intrigante.

_Levem estes dois humanos para dentro e os servos cuidarão deles. Quanto a você... – ela olhou para Kouga, não estava gostando da presença dele. O que já era de ser esperado: cães e lobos, embora não brigassem entre si, tinham certa rivalidade devido às distintas espécies de sua raça. Os lobos eram mais selvagens, enquanto os cães, com exceção dos últimos existentes, sempre foram mais humanos. – Tome cuidado por onde anda, pois este lugar não é próprio para youkais como você. Não gosto de você. – ela o encarou mais uma vez antes de dar as costas e entrar para o castelo.

Kagome entrou lentamente, nunca havia estado num local como aquele e sentia-se  zonza com tudo. Por um instante esqueceu que seus amigos estavam feridos e que outros dois haviam sido seqüestrados. O salão de entrada trazia certa calma ao coração da humana. Inuyasha, no entanto, estava desconfortável ali. Todo o lugar cheirava a youkai e principalmente, cheirava a Sesshoumaru.

Kirara deu um piado baixo, um pouco tímida, mas firme.

_Levem estes humanos paras os aposentos que pertencem a minha torre. Lá ficarão seguros de outros youkais. Cuidem de seus ferimentos e os tratem respeitosamente. – Ruki ordenou a quatro servos youkais que se apresentaram a ela assim que entraram. As botas estavam sujas de lama e enquanto ela andava, outro servo limpava a sujeira que a youkai espalhava, não era de se estranhar à limpeza do ambiente.

O chão de mármore branco estava sempre como um espelho, limpo e claro. As escadarias não possuíam um único grão de pó. Os quadros estavam sempre polidos. Os castiçais e outros objetos de decoração tinham um brilho chamativo.

_Inuyasha? Quero falar com Kagome, a sós! Se a humana puder me seguir até o jardim interno. Quanto a vocês, aproveitem para comer algo. Você... – ordenou ao servo que cruzava o salão. – Prepare um banquete para Inuyasha e o lobo. – disse com desdém dando as costas para os dois. Então, passou a caminhar para uma porta lateral que levava ao coração do castelo. Lá havia um jardim belíssimo, com flores, árvores e grama, além de um lago limpo e cristalino. Kagome a seguia de longe, com um pouco de medo.

Assim que chegaram ao jardim, Kagome sentiu uma mão segurando seu pescoço como se fosse quebrá-lo. A expressão no rosto da jovem era de pavor, e Kagome, incapaz de gritar, pois estava sem coragem.

_Agora vamos esclarecer algumas coisas...

...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capitulo 30 – Ruki, ódio e amor

...

Os olhos de Sesshoumaru estavam passeando pela cortina, do aposento, que balançava com leveza quando a brisa entrava suave. “O cheiro dela ainda está neste ambiente!” – ele pensou passando pela mesa e saindo para a sacada. De lá ele podia ver o jardim interno, uma visão privilegiada, com certeza, principalmente naquele momento. Algo chamou sua atenção. Ruki parecia segurar a humana pelo pescoço.

...

Kagura era como uma casca vazia que vagava ao lado de Julie como um zumbi. Sua expressão era pálida e sem qualquer movimento. Levava seu lequê nas mãos e caminhava com graça com seu quimono. Os brincos feitos de pérolas estavam limpos e seus olhos pareciam sem brilho algum. Dentro da youkai criada por Naraku não havia coração, alma ou qualquer coisa, no entanto, algo perturbava inconscientemente Julie em relação aquele demônio.
As duas caminham em direção ao castelo. Julie teria que ser rápida e, usando Kagura como distração, raptar a humana que possuía a alma de seu senhor dentro dela. Claro que a perda daquela youkai seria ruim, mas este seria o preço a se pagar pela vingança que ela queria ter.

...

_Me solta! – Kagome gemeu tentando se livrar das garras poderosas e afiadas de Ruki. As mãos da youkai eram fortes demais e ela não sabia como fazer para se soltar. Pensou por um momento em usar algum encanto de purificação, mas não foi capaz de pensar nisso.

_Não me dê ordens! – resmungou – Se você ficar calada e prestar atenção no que lhe contarei, terá sua vida poupada, por hora. – respondeu Ruki encarando Kagome com uma frieza que só ela e Sesshoumaru eram capazes de fazer. Era como se um gelo fizesse a pessoa tremer de medo e de temor, dificultando as respostas, inibindo os atos e segurando as emoções. – Muito bem. – ela sentiu a resistência de Kagome diminuir e toda a sua agitação encerrar-se em um olhar de ódio e um pouco de medo.

Kagome nunca achou que fosse capaz de odiar alguém, mais do que odiara Naraku, mas naquele momento ela descobriu que Ruki era capaz de ser odiada profundamente. Não entendia também qual era sua implicância com a jovem. Parecia que Ruki sempre fora superior a ela, como se nada fosse capaz de abranda o coração indomável da youkai.

_Sente-se. – Ruki apontou um banco de madeira ao lado. – Percebo o que você já notou que sua vida, para mim e para Sesshoumaru não tem muita importância. A verdade é que você nos vale mais morta do que viva, no entanto... – Ruki olhou para a torre. Sentiu cheiro de Sesshoumaru chegar ao seu rosto. Era obvio que ele não deixaria que ela executasse o plano sem que ele pudesse observar o que ela estava fazendo. – Há um empecilho que me impede de te destruir e que me faz impedir que Sesshoumaru o faça. – ela novamente olhou para Kagome.

_Inuyasha! – a jovem resmungou baixo. Já havia notado que Inuyasha, mesmo não mandando nas ações de Ruki, de certa maneira era capaz de controlá-la, ou ao menos, influenciá-la. Não pela voz autoritária, ou mesmo por sua arrogância, mas devido a um respeito que ela possuía pelo meio-demônio, algo estranho para ela que só conseguia o respeito de Inuyasha pelo grito. – Agora me lembro de ter ouvido Inuyasha dizer que você era a guardiã dele. – Ruki apenas balançou a cabeça afirmativamente.

Não era fácil admitir que tinha que cuidar de um impuro da raça, mas esta tinha sido a incumbência dada a ela e mesmo que não quisesse, tinha que obedecer.

_Mas isso não vem ao caso. A verdade é que depois de anos, descobri a razão de uma guerra sem sentido. Um cristal de alma foi roubado por um youkai. Ele o escondeu numa humana que tivesse poder suficiente para guardar duas almas ao mesmo tempo, o que chega a ser quase impossível para muitos, mas não para uma sacerdotisa.

_Kikyou. – Kagome novamente resmungou um pouco temerosa. “Mas...”.

_Exatamente. E, assim como ela, sua reencarnação levaria este empenho para toda a eternidade. – Ruki deu as costas para Kagome e observou o lago. As águas estavam calmas. Então continuou. – O ladrão queria apenas uma coisa, a destruição dos clãs. Gatos, lobos, cães e humanos! Todos que se opusessem a ele. No entanto, isso não ocorreu. As terras dividiram-se e os clãs foram se enfraquecendo mais lentamente do que aquele demônio queria. – ela voltou-se para Kagome. – Cansado de esperar, ele buscou fazer isso com suas mãos e eu acabei por ajudá-lo, quando me ceguei.

_Não entendo...

_Naraku... – Ruki deixou escapar. Havia chego à hora de confessar toda a verdade sobre o meio-youkai.

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Capitulo 31 – A prova do amor

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Kagome estava surpresa em ouvir uma coisa daquelas. Desde que Naraku havia sido eliminado ela não ouvia alguém se referir a ele com tanta seriedade. A verdade é que sempre teve duvidas sobre a criação dele, mas nunca foi capaz de afirmar o que acontecia. Naraku tinha sido um inimigo marcante, alguém que a fez se ferir, mas saber a verdade sobre ele, aquilo provavelmente seria mais doloroso que qualquer luta anterior.

_Ele tentou, através de tantos outros youkais; destruir estas terras para poder extrair dela um poder que é inigualável, porém, fracassou graças aos chefes dos clãs dos cães. O humano foi derrotado, mas a vitória custou à vida de Thorkai, meu pai. Inu-Taysho morreria depois, esmagado pelas chamas de um amor humano. – Ruki se lamentou um pouco por tudo, não tentava se lembrar de todos os fatos fazia anos. E agora estava contando tudo a uma humana. – Acontece que o humano que teve seu cristal roubado não morreu. Ele fez um pacto com três youkais que sustentariam seu corpo em troca de poder. Poder que nunca tiveram. Mas eles foram mortos por mim e Sesshoumaru e não foram capazes de resguardar a vida de Kacius.

_Seriam Katina, Konaru e Julie? – Kagome perguntou assombrada com a história. Ruki novamente balançou a cabeça com um sinal positivo. A jovem humana começava a entender porque aqueles youkais a queriam.

_Como eu e Sesshoumaru os matamos durante a guerra, isso contribuiu para morte do humano. – Ruki fez uma pausa. – Como eles voltaram à vida não sabemos ao certo. Acredito que a morte de Naraku liberou algum feitiço antigo que os fez voltar à vida. Ouvi boatos que entre as trevas havia um antigo ritual no qual Kacius realizou antes de ir para a guerra que fez sua alma e seu corpo voltarem à vida com a morte de um poderoso ser que tivesse meia carne humana e meia carne youkai, mas isso não importa. Ao renascer, o humano Kacius e sua ira acordaram estes três youkais que sustentam verdadeiramente sua vida, já que você está com a alma dele em seu corpo. Agora, somos obrigados a seguir a sina de nossos pais. Eu, Sesshoumaru e Inuyasha temos que destruir o humano e seus servos. – e ela sorriu maliciosamente para Kagome. – Embora, se você fosse destruída, nosso trabalho seria mais fácil, pois sua alma e a dele se perderiam no tempo, não tenho esta opção. Por isso, a tentação tão grande é, algumas vezes, pouco controlada.

Kagome colocou a mão em seu pescoço, ainda podia sentir a garra de Ruki em volta dela. Sentiu-se frágil, como se sua vida fosse como um fio que poderia ser repentinamente cortado e ela perderia tudo que tinha de valioso.

“Mas...” – a jovem sacerdotisa tentou pensar em algo, mas a voz de Ruki novamente a interrompeu, como um grito em meio ao escuro.

_Inuyasha precisa de você. – Ruki abaixou o rosto e observou por um instante a jovem. Ainda não acreditava no que seu protegido havia escolhido para amar. Mas ele já havia cometido o mesmo erro anteriormente e o repetia novamente. Mesmo assim ele não compreendia que sua sina não era ter uma humana ao seu lado e sim estar com uma youkai, continuar a linha dos cães. “Não posso fazer nada!” – pensou lembrando o que Inu-Taysho havia lhe dito. “Ele amou uma humana!”. – Então, quando chegar à hora, não tenha medo do amor que ele sente por você! – a youkai começou a caminhar para fora dali. Kagome estava imobilizada, mas foi capaz de soltar um gemido e despertar de tudo aquilo que havia escutado.

_Espere! – Kagome pediu levantando-se repentinamente. – Por que me disse isso?
_Kikyou... – ela sussurrou com leveza.

...

“_Uma humana! – Ruki bradou com raiva no meio da floresta. Era noite e o céu estava mais escuro que o costume. A youkai não era capaz de entender o que Inuyasha estava querendo com aquele pedaço mortal de carne que fedia a sangue e a podridão.

_Ela gosta de mim como eu sou... – respondeu Inuyasha.

_E por isso quer que você seja um deles! – Ruki bradou mais uma vez. Sua irritação era visível por todo o seu corpo. Seus cabelos negros estavam extremamente escorridos. Os olhos tinham uma inquietação curiosa e a estrela em sua testa parecia queimar sua mente, como se buscasse uma resposta.

_Ruki, por que está agindo assim? – Inuyasha não entendia a reação da protetora, acreditou que ela sempre o apoiaria.

_Você é um desertor Inuyasha! Sempre achei isso! Sesshoumaru tinha razão, mas eu não posso o deter em sua decisão. Sou forçada por um juramento a te proteger até a minha morte. – ela deu as costas para ele e socou uma árvore que no mesmo instante veio a tombar. Toda a energia que passava pelo corpo de Ruki foi despejada na pobre árvore que tombou.

_Sinto muito! – Inuyasha começou a caminhar para fora da floresta. Mas as mãos de Ruki o seguraram.

_Se ela fosse submetida a uma dor infinita e tudo que soubesse é que você foi o culpado, ela seria capaz de perdoá-lo? – Ruki perguntou num tom sério, como se planejasse algo. Inuyasha apenas encarou-a, como se a resposta não precisa ser dada. Mas mesmo assim, sacudindo o braço para que as garras de Ruki o soltassem ele respondeu afirmativamente com a cabeça. – Espero que tenha certeza! – ela abriu um sorriso quando ele deu as costas para ela”.

...

_Não pense em matá-la, não agora! – Ruki encontrou Sesshoumaru numa sala de banhos. Ali o vapor subia com intensidade. Os aromas eram agradáveis e davam uma tranqüilidade aos dois. Sesshoumaru parecia imerso na água, seus cabelos estavam molhados e ele estava com os olhos fechados, apenas ouvindo o que Ruki dizia. Ela estava na porta do lugar, encarando o corpo branco e coberto pela névoa do ar quente.

_Matá-la seria garantia de vitória. Se a sacrificarmos poderei usar a Tetsussaiga por um tempo, sei que você é capaz disso. – Sesshoumaru estava de costas para Ruki, mergulhado numa imensa piscina de águas quentes. Ali, muitas concubinas trabalhavam, para trazer conforto a Sesshoumaru, mas ele não parecia nem um pouco interessado nas jovens youkais que o serviam, como se elas fossem apenas parte da mobília que havia ali.

Além disso, todas as youkais que estavam ali olhavam com raiva para Ruki, como se ela ameaçasse a posição de cada uma frente a Sesshoumaru. No entanto, todos sabiam que eles eram apenas inimigos que vez por outra se aliavam.

_Ela vai ser sacrificada, ou melhor, vai se sacrificar. Isso eu sei, mas esta decisão virá de Inuyasha na hora certa!

_Espero que sim. – resmungou Sesshoumaru. – Se ele não o fizer, eu o farei!
Ruki sentiu um impulso forte e agressivo, não suportava ver aquele youkai num status que parecia ser superior que o dela. E agitada, foi ao encontro de Sesshoumaru. Ele sentiu o cheiro dela se aproximando e abriu um sorriso. As garras dela quase o alcançaram, mas antes que fosse capaz de fazer algo ao youkai, ele a prendeu entre suas próprias garras. Olharam-se, por um instante, Ruki corou um pouco. Mas, logo recobrou os pensamentos e o jogou novamente na água, de onde ele havia saído para impedir o ataque da youkai.

_Um dia... – ela disse saindo dali.

_Um dia... – ele retrucou ouvindo a porta bater atrás de si.

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Capitulo 32 – A volta dos que nunca vão embora

...

Os ventos pareciam bater com força no castelo. Repentinamente o céu escureceu, como se uma tempestade estivesse se aproximando das redondezas, mas somente o céu, com as rajadas de ar, pareciam zombar do forte do clã. Havia, ainda, um pequeno exercito do lado de fora, não possuíam nenhum cristal nas testas, mas tinham uma impressão morta nos olhos. Isso significava que eram cadáveres.

_Sinto o cheiro da Kagura. – Kouga precipitou-se para fora do castelo, correndo com velocidade para frente dos portões de madeira e se deparando com um grupo bem armado de samurais apontando suas armas para ele. – Estes homens, estão mortos. – falou baixo e um pouco assustado.

_Naraku? – Inuyasha acompanhou Kouga para fora. “Eu vi Kagura morrer!” – Inuyasha pensou. Naquele momento percebeu o quanto sentia falta dos amigos. Somente Kouga e Kagome, que chegou um pouco depois deles, estavam ali. Miroku e Sango estavam gravemente feridos e se recuperavam em algum lugar do castelo que nenhum dos três havia conseguido achar, Ruki não se interessava por lutas vulgares e Sesshoumaru não parecia se preocupar.

_Inuyasha, parece à dança dos cadáveres de Kagura. – Kagome observou com um pouco de preocupação.

_É ela, com certeza! – Kouga afirmou. Conhecia bem aquela situação. Muitos companheiros seus havia morrido e usados para os planos de Naraku através de Kagura e aquela manipulação que ela fazia com os mortos. Como ele odiava aquilo!

...

“Kagura?” – Sesshoumaru sentiu o cheiro dela. No entanto, percebeu que era apenas o corpo que estava ali. Um corpo malfeito, morto e cheirando a cadáver. “Julie também está aqui!” – ele vestiu a faixa amarela e apoiou as espadas ali.

_Rin! – Jaken gritou quando a menina entrou correndo no aposento de Sesshoumaru. – Desculpe senhor Sesshoumaru. – ele desculpou-se. No entanto, ele apenas encarou o servo. Rin havia se escondido atrás das pernas dele.

_O que aconteceu? – ele perguntou para Rin, olhando para ela com um pouco de frieza.

Ela parecia tímida em dizer, mas depois encarou o youkai e respondeu. Sua voz estava fraca e assustada.

_Tem gente morta lá fora... – ela disse assustada.

_Então é isso. – ele refletiu em voz alta. – Jaken! – gritou para o servo.

_Sim! – respondeu prontamente Jaken, um pouco surpreso.

_Vá lá fora e destrua os mortos. Rin, saia do meu quarto. – ele deu as costas para ambos. – Antes de ir ajudar Inuyasha, chame Ruki. – resmungou saindo para a sacada lateral. De lá era capaz de ver os portões que estavam sendo surrados pelos inimigos.

_Sim. – respondeu o servo agarrando Rin e a levando para fora dali.

“O que ela faz aqui?”

Ruki entrou quase que imediatamente. Sesshoumaru não precisava ter mandado Jaken procurá-la, ela já estava vindo ao encontro dele. Assim como a youkai surgia na porta, a noite começava a encobrir o céu com seu manto escuro. A noite aproximava-se com ternura e acariciava a todos com sua serenidade.

_Você sentiu o cheiro da Kagura não foi! – ela apareceu no quarto e caminhou até a sacada. Porém, só um resmungo de Sesshoumaru foi à confirmação de que ela estava lá. – Minhas suspeitas estão certas. Ele está querendo nos distrair.

_Esta tudo correndo como esperávamos. – ele resmungou ao ver que Inuyasha e Kouga iniciavam o ataque contra os guerreiros mortos. Kagome estava um pouco mais atrás. Atirava flechas em todas as direções, procurando derrubar e purificar o inimigo.

...

“Assim que eu pegar a menina você deve sair daqui!” – foi o que a youkai ordenou que Kagura fizesse. E era o que ela estava fazendo. Distraia a todos com seus cadáveres que dançavam conforme o vento de seu leque. Ela ria a divertia-se com os ataques. Inuyasha estava nervoso com os golpes que levava. Seu rosto foi arranhado por uma lança. Kouga também estava impaciente. Detestava Kagura e procurava encontrá-la em meio à multidão de mortos que os rondavam.

_Lá está ela Inuyasha! – Kouga apontou para a origem dos ventos.
Os dois precipitaram-se contra a youkai. Mas ela apenas deu uma risada e usou sua pena para sair dali. As flechas de Kagome haviam parado de serem lançadas e um silêncio tomou conta do ambiente. Os mortos caíram no chão e Inuyasha soltou um grito de raiva.

Kagura subiu rápido e passou pela janela onde Sesshoumaru e Ruki estavam. Por um instante ela pensou conhecer aquele rosto branco e indiferente. Era estranho, mas não tinha lembranças do seu passado, embora soubesse que já estava morta e que seus assassinos haviam sido aqueles dois que o pouco havia enfrentado.

Os olhos de Sesshoumaru acompanharam Kagura até que ela desapareceu.

_Seria uma boa aquisição para o seu harém. – Ruki deu as costas e caminhou para baixo. Tinha que continuar com o plano.

_Não gosto de ter um harém. – ele resmungou quando ela saiu. “Você sabe disso!” – olhou para baixo e viu Inuyasha ajoelhado.

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Capitulo 33 – O medo e a tortura

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Kagome foi jogada aos pés de um humano com o aspecto velho, mas, pelo que a garota constatou, bem conservado e disposto. Tinha energia para gritar com os seus servos e parecia um pouco satisfeito em tê-la em sua frente, embora até soubesse a razão, não entendia ao certo o que ele queria ou como obteria o que queria.

_Amanhã é noite de lua cheia. – o velho anunciou a Kagome. – Eu arrancarei a minha alma de dentro do seu corpo ao anoitecer e poderei reativar minhas espadas e, então, tomarei todas as terras, vingarei minha esposa e irmão e poderia usar o poder que este lugar oferece aos que sabem das antigas lendas.

_Não estou... – mas ela sentiu o pé de Julie chutar suas costas, fazendo-a curva-se diante do homem.

_Dirija-se a ele com respeito! – Katina riu da situação da garota. Parecia se divertir com o sofrimento de Kagome.

_Senhor, não estou entendo! – ela falou ainda curvada.

_Claro que estou infeliz por ter sido traído pela minha esposa, e irritado com a morte do meu irmão, mas é claro que suas mortes não me interessam como deveriam. O que quero e tomar posse do poder que esconde nos territórios dos cães. Um poder escondido por Inu-Taysho e Thorkai, um poder que nem seus legítimos herdeiros têm coragem de extrair.

_Mas... – e um novo chute, mas no estômago, fez com que Kagome sentisse uma dor que jamais havia sentido antes. Doía muito! Kacius riu.

_Levem-na! – ordenou dando as costas para todos.

Katina e Konaru retiraram-se imediatamente, levando Kagome. A garota estava machucada, um pouco cansada e mancava devido ao tombo no chão.

_Senhor... – Julie resmungou.

_O que quer? – perguntou impaciente. A alegria de poder ter sua alma de volta trazia um pouco de ansiedade ao velho.

_E quanto a nós? – ela perguntou. – O senhor...

_Sabe bem que prezo suas almas, são os únicos que me obedecem verdadeiramente. Os outros são apenas bonecos. Saberei recompensá-los pelos anos de trabalho por mim. – ele abriu um sorriso, mas não se voltou para Julie.

_E quanto a Kagura e Kana?

_Traga Kana a mim. Ela é útil. Já Kagura... Deixo-a aos seus cuidados. Use-a como bem entender.

...

_Você deveria estar protegendo a Kagome seu cara de cachorro nojento! – Kouga gritou com Inuyasha. Este, que estava ajoelhado, olhando para o céu noturno sem estrelas levantou-se rapidamente e segurou o lobo pelo pescoço.

_Cala a boca lobo fedido! – e soltou Kouga no chão.

_Não calo! – respondeu.

_Pois eu estou ordenando que os dois calem a boca! – Ruki apareceu.

Jaken estava escondido atrás de uma árvore. Havia tentado seguir as ordens de seu senhor, mas não levava muito jeito com lutas, era um servo e não um guerreiro.
Era estranho, mas ambos obedeceram. Inuyasha por respeito à única que o ajudou quando sua mãe veio a falecer e Kouga devido ao respeito que tinha pelo pai da youkai. Seus olhos voltaram-se para os guerreiros mortos e depois para Ruki. Ela não parecia nem um pouco abalada com o que via e, muito menos, interessada.

_Limpem este lugar. – ordenou aos servos que a seguiram para fora do castelo. Ela odiava sentir aquele cheiro de sangue podre no ar. – Joguem estes corpos pelo penhasco, - continuou, ainda sem tirar os olhos de Inuyasha.

_Por que você não veio nos ajudar? – Kouga perguntou impaciente.

_Por que? Creio que não conseguirá obter resposta nenhuma com tanta indelicadeza. – ela respondeu dando as costas para os dois e voltando para dentro do castelo. – Limpem-se. Logo que amanhecer, iremos atrás de Kagome. – ela olhou para a torre onde Sesshoumaru estava. Ele a observava serenamente contra a luz da lua. – Não seja precipitado Inuyasha, se partir agora não irá adiantar nada mesmo.

_A culpa é sua, cara cachorro! Você não sabe nem cuidar da Kagome. – Kouga resmungou.

_Você não deveria estar longe daqui, lobo fedido? – Inuyasha respondeu.

_Seu idiota! Seu eu não estivesse aqui quem iria colocar juízo na sua cabeça. – Kouga tentou bater em Inuyasha.

_Como se você fosse inteligente! – Inuyasha desviou do golpe.

_Entrem! – Ruki ordenou novamente.

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_Kana, ao surgir da lua cheia da noite que virá, use seus poderes para extrair a minha alma de dentro da jovem Kagome.

_Sim. – ela respondeu com um tom vazio.

_Excelente! – Kacius sorriu!

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Capitulo 34 – A piedade de uma youkai

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Ela estava ardendo em febre. Rin sentia-se enjoada e tinha o rosto muito pálido. Deitada na cama, coberta por couro de animais e dormindo com um pouco de dor. A pequena estava sendo, tratada no mesmo quarto, em que estava Miroku e Sango.
Ruki estava no quarto. Sentada ao lado de Rin, parecia usar sua espada para fazer a febre abaixar. Sango e Miroku estavam quase que curados e aparentemente dormiam tranqüilos enquanto a noite avançava à dentro. Os servos da Ruki eram eficientes e durante o dia cuidaram com empenho dos dois.

_Inuyasha... – Ruki levantou-se, guardando a espada no flanco. – Vá para o quarto ao lado, não vai adiantar você ficar aqui a noite toda, além disso, eles já estão bem melhor. – Ela colocou a mão no ombro do meio-demônio. Sentia-se um pouco cansada e lembrava-se de quando ele era pequeno e ela cuidava de seu crescimento.

Inuyasha saiu em silêncio.

Ruki observou os dois humanos e constatou que já estavam curados. Então dispensou os servos, mas continuou no quarto. As luzes das velas iluminavam com suavidade os rostos pálidos. As camas eram enormes, assim como o ambiente. Tudo que havia no castelo havia sido trazido do além-mar, por piratas youkais que na época governavam os mares. Ao lado de cada cama um criado-mudo com velas e bacias de água fria, em caso de febre.

“Vamos! Pequena!” – Ruki sentou-se novamente ao lado dela e segurou sua mão. Ela estava muito quente e tremia de frio. A youkai já havia feito tudo que podia. A verdade é que como troca para a curar Rin, ela deu parte da energia que lhe restava e um pouco do seu sangue. Estava fraca e cansada.

O dia não havia sido tranqüilo. Ela levantou-se e foi até a sacada, respirou fundo procurando acalmar toda sua mente incessante. A lua ainda brilhava no céu. O vento soprava com tranqüilidade e fazia balançar seus cabelos. A verdade é que não entendia como a pequena humana havia ficado febril tão repentinamente, no entanto, suspeitava que fosse efeito da energia maligna que Julie possuía.

Crianças podiam ser envenenadas com sua simples presença. Julie era uma youkai que conhecia os encantamentos antigos, encantamentos que deixavam todos à sua volta tontos e sentindo-se doentes. Provavelmente ela havia usado o mesmo veneno para deixar Kagome inconsciente e fugir com ela. Ruki suspeitava que Rin, estava próxima quando tudo aconteceu, e ao que a youkai observou, Rin viu, com seus olhos inocentes, a youkai se aproximar e falar o encantamento e isso já bastava para ficar doente.

_Ela ficará bem. – Ruki disse ao sentir que o cheiro de Sesshoumaru invadir o quarto. Ele havia esperado Inuyasha sair e todos os servos se retirarem para ir até lá, era típico dele, que sempre vivia de aparências. Não queria que o vissem se preocupar com uma humana. Jaken também estava dormindo e isso assegurou que ele iria sozinho ao quarto.

_O que você deu em troca? – ele perguntou olhando com altivez para Rin, sabia que Ruki havia usado Tensiega, ele sentia o poder da espada perto de Rin. A menina parecia dormir tranqüilamente. – Eu havia me esquecido dos efeitos que Julie pode causar em humanos. – resmungou passando pelas camas e indo sentir a brisa da noite.

_Usei um pouco da minha energia. – ela resmungou.

_Usou seu sangue também. – Sesshoumaru corrigiu. Podia ver que o ferimento na mão da youkai, embora estivesse cicatrizando lentamente, ainda deixava escorrer um pouco de um liquido vermelho. Sesshoumaru segurou o punho de Ruki e a virou para ele. – Por que você ajudou? – ele perguntou aproximando-se um pouco mais.

_Você precisa desta menina. – ela encarou os olhos frios de Sesshoumaru. Sua expressão estava fechada, como se estivesse de mal-humor – Ela está curando seu coração, o coração que eu feri um dia. – respondeu abaixando a cabeça. Sentia-se um pouco envergonhada na presença de Sesshoumaru, mas raramente deixava isso transparecer, em geral o encarava no olho, no entanto, estava constrangida. Sesshoumaru também se sentia um pouco confuso quando ouvia o coração de Ruki bater. – Nós erramos não foi? – ela perguntou com a voz fraca.

_Pecamos... – ele quase sussurrou suavemente.

_Sinto muito por ter ferido seu coração. – Ruki desculpou-se.

_Meu coração... – ele segurou o rosto de Ruki e o ergueu. Mas não houve palavras e nem movimentos. Os olhos pareciam estar ardendo. Mas...

_Senhor Sesshoumaru? – Rin resmungou como se fosse num sonho. Ainda estava dormindo, mas sua febre parecia ter diminuído e ela não estava mais com o rosto tão pálido. Estava se recuperando graças à ajuda de Ruki. Ruki despertou de seus pensamentos e passou pelo quarto rápido, tentando ignorar o que quase havia feito naquele instante.

_Cuide dela! – resmungou a youkai ao sair.

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Amanhecia lentamente, mas Inuyasha já estava desperto e fora do castelo. Kouga apareceu um pouco depois dele e os dois permaneceram silenciosos. Tinham nos olhos um pouco de rancor e desconfiança. As aves anunciavam o nascer do dia e aos poucos a vida parecia retomar seu rumo.

Ruki saiu e começou a caminhar para a floresta. Na cintura, duas espadas e uma navalha. No rosto uma expressão congelante que revelava sua total frieza quanto a Kagome. Inuyasha nada disse quando a youkai passou por ele, apenas lhe lançou um olhar de desagrado e começou a segui-la de perto. O cheiro de Ruki estava diferente, ela levava um pouco do cheiro de Sesshoumaru em seu corpo.

_Para onde vamos? – Kouga, que vinha atrás de Inuyasha resmungou curioso.

_Começar uma guerra! – Ruki respondeu imaginando o quanto de sangue iria verter.

“_Eu convocarei youkais e encontrarei você onde Kacius se encontra!” – a voz de Sesshoumaru passou por sua mente.

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_Jaken, cuide de Rin para mim. – ele disse despedindo-se da menina, que ainda estava na cama, recuperando-se do veneno que havia penetrado em seu corpo.

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Capitulo 35 – Atrás do tesouro perdido

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“Como eu deixei isso acontecer com Kagome?” – Inuyasha seguia de perto Ruki, mas seus pensamentos estavam distantes. Ele nem se importava com o cheiro de Kouga e não estava nem um pouco interessado no que Ruki e Sesshoumaru estavam planejando. A verdade é que ele havia sido enganado e havia perdido a coisa que mais amava.

Seus amigos estavam feridos e os outros dois seqüestrados e mesmo assim, a única imagem que vinha a mente do meio-demônio era a de Kagome. Ele sentia falta da voz dela, reclamando ou elogiando. Sentia falta das palavras duras e dos abraços quentes. Dos lábios pequenos e dos sorrisos mimados. Por que ele não foi capaz de salvá-la?

Os pés descalços de Inuyasha cortavam a floresta com velocidade. Agora Ruki corria na frente e Inuyasha estava em seu encalço. Ele podia sentir uma forte brisa passar por seu rosto. “Kagome!” – ele pensou acelerando seus pés. Queria poder beijá-la novamente. Queria apenas ouvir seus pés se aproximando dele e fazendo seu coração disparar. Tetsussaiga gemia em sua cintura, como se soubesse o quanto o seu senhor estava aflito por dentro.

Kouga mantinha-se calado, apenas absorvido em seus próprios pensamentos, desejando que Kagome estivesse bem e que Ruki não o matasse naquele mesmo instante. Porém, após uma manhã inteira correndo, Ruki parou abruptamente.

_Sinto cheiro de mortos! – ela resmungou passando a caminhar lentamente e esgueirando-se pelos arbustos. Estava certa, um grupo de uns cem homens que cheiravam a cadáveres passavam por ali.

_O que estamos esperando? – disse Kouga preparando-se para atacar.

_Vamos segui-los. – Ruki o impediu de pular encima de um que passava muito perto deles. – nos levarão com mais facilidade para onde Kagome está.

Todos concordaram com a idéia e passaram a seguir o grupo. Ruki sentia o cheiro de Katina guiando os mortos, mas naquele momento ela não podia ter sua vingança. Primeiro tinha que ajudar Inuyasha a salvar Kagome.

...

Miroku e Sango já estavam despertos. Kirara, que dormira aos pés da cama de Sango estava completamente curada e agora era ninada por sua dona. Miroku estava em silêncio, apenas observando a beleza da mulher que estava na cama ao lado da sua. Ela estava com os cabelos soltos, uma faixa cobria seu corpo e havia um manto por cima dos curativos. Ela estava sem maquiagem e seus olhos pareciam mais belos do que antes. Porém, o que mais deixava Miroku feliz era o que Sango levava no pescoço, a jóia que ele lhe havia dado.

_Você está bem? – Sango perguntou interrompendo os pensamentos de Miroku.

_Sim... – disse pensativo.

_Oi! Vocês acordaram. – Rin aproximou-se e sorriu. Ela havia acordado já fazia um tempo e estava completamente curada da febre alta e do veneno. – Pensei que vocês iam juntos ajudar a Kagome. – ela disse estranhando que os dois ainda estivessem lá.

_É verdade, onde estamos? – Miroku percebeu o requinte do lugar. Jamais havia visto tamanha ostentação. O quarto era muito amplo e possibilitava a acomodação tranqüila de quatro camas enormes. Havia em cada uma, um criado-mudo com uma bacia de água fria e um candelabro de ouro. Ao centro outra mesa, maior que acomodava mais uma mesa, esta com comidas e bebidas. De um lado um imenso guarda-roupa com trajes dos mais variados. Do outro lado um grande espelho. Na parte oeste do ambiente, uma janela que dava para uma sacada.

_O Senhor Sesshoumaru disse que era aqui que ele vivia. – respondeu a menina.

_Estamos aonde? – Sango perguntou novamente, desta vez mais assustada do que antes. Estavam no covil de Sesshoumaru? Isso não era nada bom.

_O Senhor Sesshoumaru e a Senhora Ruki viviam neste castelo antes de Inuyasha nascer. – Jaken entrou. – Não se preocupem; Inuyasha também possui este castelo e por isso ele também lhe pertence. – ponderou o youkai fazendo uma cara de desgosto ao falar aquilo. – E enquanto estamos conversando, meu senhor e outros estão indo buscar a sua humana, Kagome, se não me engano, ela foi seqüestrada.

Quando Jaken disse aquilo ambos, Miroku e Sango saltaram da cama. Embora sentissem algumas dores, aquilo não era nada comparado ao que eles haviam ouvido. Kaede e Shippou haviam sido seqüestrados e agora Kagome. Ambos vestiram-se rapidamente e preparam-se para partir.

Kirara já estava no portão do castelo quando Sango passou por ela e Miroku a seguiu. Já haviam perguntado ao youkai onde Ruki e Inuyasha estavam e tentavam se dirigir para lá, no entanto, estavam com uma manhã de atraso e não sabiam se seriam capazes de lutar, posto que eles ainda estavam gravemente feridos, mas precisavam fazer alguma coisa.

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Capitulo 36 – A revelação

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A mão subia lentamente pela perna de Kagome. Ela sentiu um pavor tomar conta de todo o seu corpo. Tremeu por um instante e depois arregalou os olhos. As garras arranhavam sua pele delicada e a respiração aumentava conforme ela tentava se libertar das amarras.

_Me solte! – ela gritou. Estava sozinha numa cela. A sua frente, em outra cela, Kaede e Shippou. Eles estavam despertos, mas tinham ataduras em suas bocas e nada podiam fazer diante daquela cena de desespero de Kagome. Myouga e Toutousay estavam numa cela ao lado e também estavam um pouco chocados com o que viam.

_Pare com isso Konaru! – Katina resmungou aproximando-se de Kagome. – Ela não serve nem como refeição! – resmungou colocando a mão no rosto de Kagome a analisando a jovem. – Não sei o porquê tanto interesse numa garota! – ela segurou a gola da roupa de Konaru e passou a arrastá-lo para fora da cela.

_Mas... – Konaru lamentou quando Katina trancou novamente a prisão onde Kagome estava.

_Ela não pode morrer até a lua cheia desta noite. Após isso não há problema algum.

_Quando você chegou? – Konaru perguntou colocando-se numa postura um pouco mais digna e caminhando, juntamente com sua companheira, para fora daquele corredor escuro onde apenas a luz das velas iluminava os rostos dos prisioneiros, enjaulados em grades de metal velho.

_Há pouco. Reuni os exércitos que foram mortos no norte e os trouxe para cá, segundo ordens de Kacius. – ela comentou como se aquilo tudo fosse algo comum.

_Estou entediado. – Konaru fechou a porta que levava ao corredor.

_O que acha de irmos até uma aldeia? Talvez lá você encontre uma garota para comer. – Katina disse animada.

_Tudo bem. Mas quando essa humana não for mais útil, eu quero comê-la! – eles caminharam para fora da casa e foi, em direção, a aldeia mais próxima.

...

“Ele precisa que a lua esteja cheia para realizar a extração do cristal!” – Sesshoumaru refletiu. Diante dele, muitos youkais que viviam naquelas terras há anos. Todos dispostos a, novamente, sacrificarem suas vidas para defender o que lhes pertencia. Lutariam até a morte para defender suas casas, famílias e sua terra. Sesshoumaru não sabia se podia confiar naqueles que se apresentavam a ele, mas tinha certeza de que sem eles não haveria chance alguma de vencer.

O sol brilhava no horizonte, logo a noite chegaria.

O caminho não era difícil. Sesshoumaru só precisava seguir o cheiro de Ruki que estava espalhado por todo o trajeto, indicando a direção em que o esconderijo de Kacius estava. Mas, mesmo sendo guiado pelo perfume da pele de Ruki, ele não era capaz de pensar em nada, a não ser no sangue escorrendo pelas suas garras e com o fim de Kacius.

...

_Logo o sol vai se por. – Ruki sentou-se atrás de uma árvore e deixou que um grupo de mortos passasse por ali. Eles estavam dentro do esconderijo de Kacius, mas isso não queria dizer nada, a não ser que o perigo, a partir dali, passava a ser maior e mais intenso.

_Kagome... – Inuyasha podia sentir que a presença dela estava perto. Queria encontrá-la, porém, Ruki o impedia. Ela tinha algo a mais na mente, não que fosse uma grande idéia, mas achava melhor esperar a lua surgir no céu antes de tomar qualquer providencia.

_Precisamos ajudar Kagome e os outros! – exclamou Inuyasha nervoso e encarando Ruki com um olhar de ódio que parecia querer penetrar em Ruki com uma força tremenda.

_Bem, creio que está na hora de contar o que você está planejando. – Kouga sorriu. Desde o começo sabia que aquela youkai não era de confiança, mas sabia mais ainda, sabia que ela estava planejando algo e que escondia isso de Inuyasha.

_O que você está escondendo? – Inuyasha deixou o tom mais grave e pareceu se acalmar por alguns instantes.

_O cristal da alma de Kacius tem que ser devolvido a ele, só assim ele passa a ser mortal. Além disso, é preciso que ele absorva seus servos para atingir o poder total das suas espadas. Só assim poderemos enfrentá-lo com alguma chance de vencer.

Inuyasha sentiu seu sangue subir repentinamente. Ele havia percebido. O tempo todo que Ruki estava com ele, na verdade o estava manipulando, como se ele fosse apenas um joguete. Mas o que mais deixava a ira de Inuyasha aparente em seu rosto com uma expressão de raiva marcada era que ela estava arriscando a vida dos amigos dele para realizar suas ambições e pior, estava deixando Kagome correr o maior risco de todos.

O meio-demônio tentou controlar seu ódio. Admitia que Ruki, mesmo não gostando de Kagome, o havia ajudado a reencontrar-se com ela. Mas ainda assim, havia algo naquela youkai que não inspirava confiança no meio-demônio. Era como se ela carregasse um segredo que muitas vezes parecia maior do que ele mesmo suspeitava que fosse.

Kouga estava impaciente também. Sentia certa aversão aquela youkai. Claro que já havia visto muitos demônios que arriscavam tudo para terem poder, ou para destruírem seus inimigos, mas Ruki e Sesshoumaru pareciam extrapolar qualquer expectativa.

“E eu não posso fazer nada!” – pensou Kouga.

“Kagome, não importa se eu tiver que matar Ruki, mas eu vou te salvar. Se alguém tocar em você, este vai sofrer muito mais!” – Inuyasha pensou observando os mortos que passavam de um lado ao outro, parecendo que se organizavam para uma guerra que Inuyasha não suspeitava, logo começaria.

_Inuyasha... – Ruki tinha o tom sério. Havia percebido a desconfiança em seus olhos que pareciam mais intensos e brilhantes do que nunca, como se toda a sua raiva estivesse concentrada ali, esperando para sair e atacar o primeiro que aparecesse. Inuyasha, mesmo ouvindo a voz da youkai, não respondeu. Apenas virou o rosto para outra direção e continuou a observar. Logo o sol terminaria de se por no horizonte e a noite encobriria a todos. – Eu ajudei a matar Kikyou! – Ruki disse como se um golpe no estomago tivesse sido dado e ela não fosse mais capaz de respirar. Havia desabafado seu segredo mais profundo. A verdade é que só fazia isso para que, se morresse tivesse a consciência tranqüila de que mesmo não sendo perdoada por Inuyasha, ela teria lhe contado, ao menos uma vez, a verdade.

Os olhos de Inuyasha se voltaram com tanta rapidez para Ruki que ela não soube, de inicio, como reagir. A verdade é que não estava se sentindo preparada para contar tudo, mas naquele momento a única coisa que podia fazer era terminar o que havia começado. Mesmo porque, Inuyasha não a deixaria em paz ou até mesmo a mataria se ela não terminasse o que havia começado.

_Eu criei Naraku. – ela abaixou a cabeça e esperou que Inuyasha resmungasse ou mesmo gritasse. Podia até sentia a lamina da espada do meio-demônio encostar-se a seu pescoço. Porém, nada disso aconteceu. Inuyasha estava paralisado, não era capaz de dizer nada, sentia-se horrorizado em ouvir aquilo, mas sentia-se ainda mais impressionado que, depois de tudo, aquela youkai tivesse a coragem de dizer coisas como aquelas.

_Não é possível! – Kouga impressionou-se e ao mesmo tempo desejou pular no pescoço de Ruki e esganá-la lentamente para que ela sentisse muita dor.

_Explique! – Inuyasha disse baixo. Claro que não mataria Ruki naquele momento, depois da explicação talvez o fizesse, mas não naquele momento. Ele precisava entender o que estava acontecendo.

_Quando você me disse que se tornaria humano, eu não fui capaz de acreditar que estava ouvindo isso do meu protegido. Você sempre foi ambicioso e forte e isso sempre me encheu de orgulho. – ela olhou para os lados. Era estranho como os guerreiros caminhavam de um lado ao outro. – Achei que você seria um grande herdeiro do clã dos cães. Então, resolvi contar-lhe que no sul havia uma aldeia que possuía um grande poder. Não lhe revelei o que era e nem onde encontrar a aldeia, pois sabia que se seu desejo de se tornar um youkai completo fosse forte o bastante, você mesmo encontraria os meios de conseguir tal poder. – ela encarou Inuyasha. Ele, naquele momento, era ainda o pequeno meio-demônio ao qual ela cuidou por muitos anos. – e você foi, deixou seu treinamento e foi em busca de tal poder.

_No caminho, eu conheci uma sacerdotisa. – Inuyasha resmungou deixando o tom de voz enfraquecer um pouco. – Kikyou.

_Eu não sei o que aconteceu durante todo ano em que você esteve longe dos meus olhos, mas quando finalmente nos reencontramos você me revelou o que desejava fazer com a jóia de quatro almas. – ela fechou as mãos, como se pudesse sentir o poder da jóia. – Eu tive muita raiva da sacerdotisa. Você sempre soube que eu as detestava. Um ódio que não vem ao caso. Você afirmou duas vezes para mim que a amava e que ela sentia o mesmo por você. Amor... – Ruki refletiu. Ela talvez soubesse o que era amor, mas preferia fingir que não era mais que um sentimento vazio que fazia as mentes se perturbarem e os desejos destruírem-se.

_Como você... – Kouga ouvia atentamente o que Ruki dizia e queria saber mais.

_Eu então decidi testar tal amor. Durante anos eu e Sesshoumaru percorremos estas terras, que pertencem ao nosso clã e conhecemos e destruímos diversos youkais. Bem, muitos deles queriam um corpo humano para viver e, em especial um youkai com a aparência de uma aranha que era capaz de, mesmo com seu pequeno tamanho, controlar outros demônios maiores. Seu nome não era pronunciado na época. Eu usei este youkai para controlar outros e para criarem o ser que se autodenominou Naraku.

_Mas e Onigumo? – Inuyasha perguntou incrédulo.

_Um ladrão cruel! – Ruki sorriu, havia sido fácil destruir o corpo dele e fazer com que Kikyou tivesse piedade de tal ser. – Eu o tranquei numa casa e o queimei vivo. Claro que o tirei de lá quando seu corpo estava quase todo queimado. Então, o deixei perto de uma caverna e fiz com que Kikyou o encontrasse.

A raiva de Inuyasha crescia a cada palavra que Ruki acrescentava em suas explicações. As mãos apertavam-se com tanta força que Inuyasha podia sentir que logo o sangue escaparia pelas suas garras.

_Certo dia... Apresentei-me ao humano e o provoquei. Disse palavras sórdidas que o fizeram aceitar dar seu corpo em troca de uma nova vida, dominada por youkais que odiavam a sacerdotisa. Isso aconteceu e, bem, o resto você já conhece. – ela encerrou com um certo sorriso no rosto e um alivio no coração. Não que seus gestos fossem honestos ou bons, mas ela havia, enfim, dito tudo que tinha que dizer. E mesmo que Inuyasha a matasse naquele instante, ela não teria pena de si, por havia feito tudo para tentar proteger Inuyasha do que ela achava ser perigoso para ela, o amor de uma humana, mas principalmente, o amor de uma sacerdotisa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capitulo 37 – Inuyasha, Ruki e Sesshoumaru e o passado

...

“Ruki olhava para Inuyasha. Ele estava lacrado naquela árvore. Não acreditava que tudo havia saído de seu controle daquela maneira, havia sido uma idiota. Ela havia errado com Inuyasha, mas havia errado mais ainda em achar que Naraku não fugiria ao seu controle. Agora ela tinha uma sacerdotisa morta e seu protegido preso eternamente numa árvore.
Já fazia cinqüenta anos que Inuyasha estava lá, aquela situação começava a ficar critica, guerras haviam acontecido e a oportunidade de Inuyasha se revelar um grande guerreiro havia passado e todo o esforço que Ruki despendera estava lacrado por uma mera e simplória flecha.

_Não posso removê-la! – irritou-se com mais uma tentativa inútil de libertar o protegido da prisão.

Somente uma coisa vinha à mente de Ruki, como salvar Inuyasha daquela condenação tão terrível, como se libertar da própria condenação que havia instituído para si. Sesshoumaru jogara na cara dela que havia sido imprudente e que não era tão esperta quanto pensava ser, riu quando viu Inuyasha preso. Discutiram algumas vezes e Ruki sempre esteve ao lado de Inuyasha, mas começava a achar que Sesshoumaru tinha razão...

_Se eu o matasse logo... – refletiu, mas não teve coragem de continuar o pensamento.
Dormir eternamente, o castigo de dois num só. Ela estaria condenada a servir alguém que não dava ordens e Inuyasha ficaria ali para toda a eternidade. Claro que ela conhecia muitas lendas e tinha consciência que talvez pudesse haver alguma maneira de salvar Inuyasha, sempre há um meio mesmo que o feitiço seja tenebroso e complexo demais, porém, como? Mas depois da guerra contra dos Gatos do Oeste, ela não sabia se deveria ou não libertar Inuyasha daquela prisão.

_Ele é um inútil, eu mesmo o matarei quando ele acordar! – Sesshoumaru disse para Ruki quando quase se mataram num campo perto dali. Ele havia ido lá para realmente acabar com Inuyasha, mas Ruki o defendeu como pode e ao final, ambos ficaram gravemente feridos.

_Eu ainda sou seu maior adversário. Enquanto estiver aqui, não chegará perto do garoto! – ela respondeu sentindo as pernas fracas.

Mas, ela tinha que protegê-lo e tinha uma missão que a obrigava a buscar a felicidade do meio-demônio. Suas ordens, dadas diretamente por Inu-Taysho, foram de proteger e fazer com que Inuyasha fosse feliz não importando os meios e os fins; nem mesmo os que morreriam para conseguir esta tarefa.

_Quero que vigie este poço. – Ruki falou a uma youkai que parecia enfraquecida.

_Por que eu faria isso?

_Não quer a jóia de quatro almas de volta? Além disso, se não o fizer, eu mesma matarei você. – Ruki insistiu com um tom suave.

A mulher-centopéia olhava atentamente as palavras de Ruki, achava que se ela realmente conseguisse a jóia seria capaz de destruir aquela que lhe dava ordens e talvez tomasse seu lugar como chefe daquelas terras.

_Excelente. – Ruki sorriu. – Entre no poço. E tome... – Ruki deu a ela um frasco com sangue de sacerdotes que ela havia matado há pouco tempo atrás. – Para ir de uma era a outra é preciso uma oferenda e eu lhe dou isso.

_Sangue... – refletiu a youkai centopéia.

_Sim.

_Mas me diga, por que quer a Jóia? – resmungou a youkai.

_Há boatos que a Sacerdotisa que purificava esta jóia, Kikyou, morreu e levou a jóia com ela. Suspeito que ela tenha reencarnado, já que deixou um assunto pendente neste mundo. – ela olhou em direção a árvore onde Inuyasha estava. – Se for verdade. Certamente você vai achar esta jóia e, espero eu, a pessoa que a porta.

_Você quer que eu a traga para cá? – a centopéia perguntou.

_Sim. Quando sentir o cheiro da jóia, derrame o sangue em seu corpo. Poderá passar para a era da jóia e trazê-la para mim. Tanto a jóia como seu portador.

_Está bem! – e a mulher-centopéia entrou no poço e aguardou”.

...

Já era noite quando Ruki terminou de contar a Inuyasha porque tinha ajudado a criar Naraku. Ela podia sentir a vibração de Inuyasha perturbada. Certamente ele queria fazer algo, talvez bater nela até que seu sangue escorrer por sua boca e ela não ser mais capaz de respirar. Mas a reação de Inuyasha foi inesperada.

_Já escureceu, vamos entrar. – Inuyasha saltou da árvore onde estava escondido e começou a esgueirar-se pelas sombras. Ele podia sentir o cheiro de Kagome e talvez por isso sentia-se mais calmo, ela trazia uma paz que ele raramente era capaz de ter dentro de si.

“Ela criou Naraku, ela matou Kikyou duas vezes, ela me fez tanto mal...” – porém, antes que qualquer outro pensamento viesse a sua mente. Uma imagem refletiu nele. Ruki já o havia protegido tantas vezes, quando ele era pequeno. Sesshoumaru e outros youkais não se atreviam a chegar perto dele quando Ruki estava com ele. O cheiro de Kagome ficou mais forte.
Enquanto Inuyasha esgueirava-se atrás da pessoa que amava, seguido, logicamente por Kouga, Ruki caminhava para outra direção. Tinha outros planos em mente. Na verdade, ela não se importava mais se Kagome vivesse ou não. Ela podia sentir que já era tarde de mais para a alma da jovem.

...

_Kana está retirando seu cristal de dentro da humana meu senhor! – disse Julie ajoelhada numa reverencia ao seu senhor.

_Logo você, Katina e Konaru serão mais úteis do que imaginam! – resmungou. Sua mente maldosa engenhava algo que nenhum daquele youkais era capaz de saber o que era. No entanto, pela sua expressão, sua fisionomia satisfeita, certamente aquela seria noite que ele venceria o clã dos cães e extrairia todo o poder que havia, escondido dentro do território dos cães. “Logo o poder será meu!” – ele sorriu mais uma vez e deixou que Julie olhasse com desconfiança para seu mestre.

_Vamos nos retirar Kagura, está na hora de agir! – disse Julie levantando-se e caminhando para a saída.

Neste mesmo instante, Kana entrava serenamente. Com seu corpo quase vazio e um espelho na mão. Dentro dele algo brilhava intensamente.

...

“O sinal!” – Sesshoumaru esperava. Atrás dele muitos youkais haviam se unido para enfrentar o perigo que se aproximava lentamente durante aquela noite em que somente a luz da lua brilhava no céu. Nenhuma estrela podia ser vista ou sentida. Somente o brilho prata refletia-se na terra dos cães.

...

Kagome estava caída no chão e Konaru a observava de fora da cela...

...

“Naraku. Poucos sabem sobre sua real existência. Mas somente eu e Sesshoumaru conhecemos o primeiro youkai que compõem aquele retalho meio humano e meio youkai!” – Ruki penou.

A verdade é que o youkai sem nome que vivia pelas terras dos cães era mais antigo que os atuais senhores daquelas terras. Seu poder era mínimo e por isso ele precisava usar outros youkais para atingir seus objetivos, mas nem sempre foi capaz de conseguir o que queria. Ele sempre foi um ser ambicioso, mas medíocre. Ruki e Sesshoumaru sempre desprezaram sua existência e achavam que eram capazes de controlá-lo.

“Meu pai confiou nele e eu também e fomos, ambos, enganados por um medíocre youkai com o formato de uma aranha. Antes de morrer ele entregou o cristal da alma de Kacius para o youkai sem nome. Inu-Taysho ordenou então que ele fosse embora das terras e procurasse um humano para esconder a alma. Ouvi dizer que ele escondeu a jóia na precursora de Kikyou e por isso Kikyou já levava o cristal dentro de si. E isso aconteceria com sua reencarnação, já que morreu com assuntos pendentes!” – Ruki refletiu subindo as escadas que davam para uma torre.

Lá ela mandaria o sinal para Sesshoumaru.

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Capitulo 38 – Os cristais e a alma perdida

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Kagome estava caída. Seu rosto estava pálido como se tivesse sido sugada, mas ela estava viva e aparentemente normal. Porém, um cheiro estranho saia de seu corpo, como se algo dentro de Kagome tivesse sido modificado e ela não mais estava ali, como se outra pessoa assumisse seu lugar temporariamente. A humana tinha os olhos abertos e vibrantes. Ainda estava um pouco zonza.

Um som estranho veio do corredor. Alguns homens que guardavam o corredor onde os prisioneiros estavam rolaram pela escada e acabaram por quebrar a porta da estreita passagem. Todos se agitaram, exceto Kagome que parecia cansada demais para se levantar.
Inuyasha pulou por cima dos guardas e correu pelo corredor. Ao final, encontrou três celas. Na primeira, soltou Toutousay e Myouga, o primeiro saiu dali rapidamente, o segundo agarrou-se em Inuyasha e sugou um pouco do seu sangue. Kouga estava silencioso e correu para a próxima cela, onde encontrou Kaede e Shippou. Eles estavam amarrados e com mordaças.

_Calma. – disse o youkai. E tirando a mordaça, ouviu um berro do pequeno youkai raposa.

_Kagome! – gritou o Shippou com lágrimas no rosto.
Kaede parecia paralisada e, assustado com a reação de ambos, instintivamente Kouga virou-se para trás. Caída e fraca, Kagome olhava para ele em outra cela. No entanto, antes de correr para ajudá-la, Inuyasha apareceu em sua frente.

_Kagome! – ele sorriu e quebrou o cadeado e entrou correndo. Nunca pensou que sentiria tanto medo como naquele momento. Sentia-se tão feliz ao ver que sua humana estava ali, bem, a sua frente. No entanto, havia algo de estranho com Kagome. Mas isso não importava.
Inuyasha agarrou Kagome pelo braço e a colocou sentada e tentou encostar os seus lábios nos dela, porém, uma mão rápida bateu no rosto dele e fez ele se afastar, um pouco chateado, um pouco desiludido. Kagome havia desprezado um beijo de Inuyasha, havia desprezado sua preocupação e seu amor. O meio-demônio não sabia o que pensar.

_Eu não gosto de você Inuyasha! – disse Kagome friamente, como se um balde de gelo caísse sobre Inuyasha e ele percebesse que não havia mais nada dentro de Kagome, não havia mais amor dentro de sua alma.

_Kagome... – Inuyasha resmungou soltando-a e olhando com tristeza para os amigos, que observavam a cena de fora da cela. Era triste ver que Kagome havia perdido a coisa mais preciosa que possuía o amor por Inuyasha, ela havia perdido a única razão de ainda ir para aquela era, ela havia perdido seu objetivo.

Kagome levantou-se e caminhou para fora da cela sem olhar para Inuyasha. Desde que ele havia chego ela não era capaz de olhar em seus olhos, desviando-se dele com determinação. A jovem saiu e sorriu para os amigos. Shippou pulo em Kagome e a abraçou. Kaede apenas sorriu para a jovem.

Kouga, porém, ordenou que todos saíssem dali. Logo seriam descobertos e seria mais difícil fugir. Kagome, Kaede e Shippou caminharam para fora do corredor sem olharem para trás. No entanto, Inuyasha não se mexeu, estava paralisado. Talvez fosse ódio, ou talvez fosse medo, mas ele não era capaz de se mover. Então, a mão de Kouga foi até seu ombro e tentou acalentar sua dor.

_Vamos trazê-la de volta. – Kouga disse com um tom pesado.

_Eu vou matar o desgraçado que fez isso com ela! – Inuyasha resmungou virando-se para Kouga e o encarando. Nunca pensou que o youkai lobo pudesse compreender seus sentimentos, mas naquele momento isso não importava. Os dois fizeram sinal afirmativo com a cabeça e correram para fora dali.

...

De repente toda a torre da casa começou a pegar fogo. Era um fogo diferente, ele parecia dançar na noite escura, como se estivesse sinalizando alguma coisa. Ao seu lado, Ruki terminava de atear fogo nas bases e preparava-se para a luta que viria.
De longe, Sesshoumaru viu o sinal e avançou. Atrás de si, muitos youkais, todos com um único objetivo, exterminar de vez Kacius.

...

_Então Kana. Onde está meu cristal? – perguntou Kacius um pouco impaciente. Havia esperado séculos para finalmente voltar a ser homem e deixar de ser apenas um corpo vagante. Pois sem seu cristal ele era como aqueles mortos vivos que dependiam de cristais para viver. Embora ele vivesse dos cristais dos seus servos youkais, isso não era o bastante. Ele queria o dele, ele queria poder voltar a sentir o gosto, o toque e a dor.

_No espelho. – a youkai resmungou mostrando o espelho. Não havia reflexo ali, apenas algo brilhava com serenidade dentro do vidro. – Saia! – ordenou Kana.
O cristal saiu lentamente, vagando com um pouco de dificuldade em direção a Kacius. O humano abriu um imenso sorriso e seus olhos se arregalaram. Toda a sua espera estava sendo recompensada. Ele não podia acreditar no que seus olhos viam. O seu cristal finalmente havia voltado para seu corpo. O castigo imposto a ele pelos adversários havia sido acabado.

_Venha... – ele estendeu a mão e segurou o cristal. Então, levando-o ao seu peito, foi como se enfiasse uma estaca no coração. A dor era imensa. Os gritos podiam ser ouvidos e a respiração parecia mais fraca. Então a queda. Kacius caiu no chão e se contorceu como se estivesse a ponto de morrer. O silêncio acalentou a todos os que assistiam aquela cena.
Kacius soltou uma risada e começou a levantar-se lentamente. Ele não tinha mais o aspecto velho de antes. Seu corpo era como o da ultima luta que lutara. O espírito estava cheio de nova vida e ele sentia todo o poder fluindo por suas veias de maneira extraordinária. Estava pronto para lutar.

_Julie, Konaru e Katina, enfim seus esforços serão recompensados! – ele disse. Os youkais aproximaram-se.

Porém, com o olhar frio, ele sorriu mais uma vez e com agilidade, lançou as três espadas contra os três youkais que caíram para trás.

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Capitulo 39 – As espadas se encontram

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Ruki já ouvia de longe os gritos de dor, as lutas e os sons chegando até a mansão em que se escondia Kacius. Ela sabia que a frente estava Sesshoumaru. Seu coração parecia estar mais leve e um pouco menos frio com a presença dele se aproximando. Mas não era momento para se pensar no que poderia ter sido e não foi. Inuyasha ainda olhava para ela com insatisfação, como se ela fosse a culpada de tudo. Kagome resistia aos ataques com as flechas, porém, elas estavam acabando. Kouga estava no seu limite. Sua perna nunca foi à mesma e sem os fragmentos da jóia de quatro almas ele não era capaz de ser tão ágil quanto antes. Kaede estava perdendo as forças devido à pressão maligna que havia no lugar e Shippou era uma criança, mesmo enfrentando os perigos, ainda sim, era uma criança.

_Inuyasha, mate-os! – disse Ruki para Inuyasha. Ele ainda não havia sacado a
Tetsussaiga e parecia um pouco receoso em usá-la. Kagome não queria que ele matasse, mas naquela situação, até mesmo ela estava sendo obrigada a destruir o quê mais queria proteger: vidas. – Não seja fraco! – ela ordenou levantando-se do chão e sacando novamente a espada e partindo em direção ao inimigo.

_Kagome... – ele sussurrou e partiu para a luta. – Morram seus desgraçados! Vocês vão para o inferno! Sai da frente lobo fedido que eu vou...

Não demorou e os portões foram derrubados com um estrondo estranhamente conhecido. A fumaça e o pó subiram e cegaram a todos por alguns instantes. Da sujeira, a imagem de Sesshoumaru foi se formando lentamente, até que ele surgiu na frente de Ruki. Estavam frente a frente e pareciam sentir seus cheiros mais fortes e ardentes.

_Ele está daquele lado. – disse Ruki passando por Sesshoumaru e correndo em direção ao oeste da mansão. Sesshoumaru a seguiu e Inuyasha foi ao seu encalço.
Estranhamente Kagome, por seus pés, foi empurrada a seguir Inuyasha.

Os outros mantiveram suas posições e receberam ajuda dos youkais que seguiam Sesshoumaru. Kouga havia sido ferido no braço e lutava com a dor e os soldados de Kacius para se manter vivo. Estava sendo difícil manter o ritmo de luta, ele estava cansado e os soldados, por estarem mortos, não sentiam nada. Kaede também tinha poucas esperanças de vencer, mesmo tendo, agora youkais para lhe ajudar. Estava muito fraca.

Então um vento estranho cortou o campo de luta e derrubou muitos soldados que estavam ali. Parecia ser um bumerangue feito de osso. Um grito também pode ser ouvido e logo mais dois estavam se juntando ao grupo que combatia os soldados mortos.
Miroku correu ao encontro de Kaede e lhe ajudou a ficar de pé. Com o poder dele ela poderia resistir e ajudá-lo a purificar as almas dos que já estavam mortos. Do outro lado, Sango usava todos os truques e artimanhas que possuía para destruir todos os desgraçados que estavam a sua volta. Kirara também agia, ateando fogo e mordendo os que se atreviam a enfrentá-la.

_Miroku! Sango! – Shippou gritou de alegria. Não sabia como os amigos estavam, não sabia porque eles não haviam aparecido antes e muito menos sabia que eles quase haviam morrido. – Ainda bem que vocês vieram!

_Miroku, está pronto? – perguntou Kaede preparando mais amuletos.

_Claro! – ele respondeu concentrando suas energias.

_Kouga, ajude aquele grupo de youkais, eu dou cobertura. – Sango mostrou um grupo que parecia estar em apuros.

...

Kacius tirava a espada do corpo sem alma de Julie quando Inuyasha, Ruki, Sesshoumaru e Kagome entraram no quarto. Kana já havia se esgueirado para a sacada e estava longe da vista de todos. Já Kagura, entrou na frente de todos e os encarou, porém...

_Saia da frente Kagura! – disse Julie levantando-se do chão. Sua voz estava vazia e seus olhos não brilhavam. Ela estava morta, ou melhor, estava sem alma alguma. Porém, como ela era uma criação da espada, ela mantinha seu corpo com movimentos.

_Agora Sesshoumaru, você vai morrer, e eu vou comer a pequena que estava com você! – disse Konaru se levantando. Seus ferimentos estavam curados e ele parecia mais disposto do que nunca em enfrentar seu inimigo.

_Então Ruki, pronta para morrer? – perguntou Katina sorrindo.

_Seus nojentos, eu vou matar um a um! E você, vai morrer lentamente por ter tocado em Kagome!

“Estes seres vão pagar pelo que fizeram com Kagome!” – Inuyasha partiu para cima de Julie sem pensar nas conseqüências. No entanto, ele sentiu uma mão puxando-o para trás e o jogando contra a parede. Ruki o havia impedido.

_Maldita! Por que fez isso! Sua desgraçada! – Inuyasha estourou.

_Já lhe falei, não lute quando sua mente está vazia! – Ruki continuou a olhar para Katina, mas dirigiu a palavra a Inuyasha. Ela já o havia alertado sobre o que acontece com ele quanto à vingança excede em sua mente, o sangue youkai predomina. Claro que Tetsussaiga pode controlar o poder do sangue, mas nunca se pode prever o imprevisto. E naquele momento, perder não era uma opção.

_Então os herdeiros dos clãs estão novamente juntos! – Kacius resmungou do outro lado da sala. Seu sorriso era intrigante e provocante. Sesshoumaru olhava com desdém para ele e sentia um certo desejo de matá-lo que chegava a ser quase que incontrolável, mas ele era um youkai e não sentia sentimentos humanos e por isso não permitia que em seu rosto o desejo de morte fosse aparente. – Mas, como vocês devem ter visto, eu estou em minha plenitude! Agora que tenho meu cristal de volta! – ele desembainhou as espadas gêmeas e preparou-se. – Os esforços de seus pais foram inúteis! Principalmente o sacrifico do seu pai! O youkai sem nome pode ter colocado o cristal na ancestral da descendência de sacerdotisas, usando o amor dela como esconderijo, mas, eu sabia que isso aconteceria e entreguei tudo o que tinha para me manter vivo, mesmo sem meu cristal.

_Seu bastardo, acha que eu acredito nisso! Eu não perdoarei o que você fez! – “A ancestral de Kikyou?” – Inuyasha meditou por um instante e então olhou para Kagome. “Enquanto você não se esquecer de Kikyou, ela viverá em você!” – A voz de Ruki invadiu a mente de Inuyasha. “Eu gosto de você como você é!” – Kagome parecia invadir novamente seus pensamentos. O que estava acontecendo?

_O youkai colocou o cristal no sentimento que todo humano possui e que é mais valioso que a própria vida, o amor. O amor, mas profundo! Ele não é só por uma pessoa, pode ser por justiça ou vingança, mas assim mesmo é amor. Ouvi boatos que a ancestral de Kikyou amava um humano, mas não se entregou aos seus desejos, porém, manteve o voto sacerdotal e continuou a ser o que era. Sua aprendiza foi predestinada, e quando a antecessora de Kikyou morreu, a própria nasceu herdando o cristal de Kacius. Assim aconteceu com Kagome. Quando Kikyou morreu, ela nasceu eras mais tarde, e herdou o cristal de Kacius. – Ruki explicou.

_Exatamente! – o homem sorriu. Então apontando suas espadas para os youkais que dela se originaram, sugou seus corpos para dentro das espadas e as fez brilhar intensamente, como se fossem feitas de prata pura, porém, adornadas, cada uma com Rubi e Safira.

_O que você fez? – Kagome deu um salto para trás, assustada com o que havia presenciado.

_Ele alimenta as espadas com sangue e carne, assim como eu! – Ruki disse, olhando para Sesshoumaru. Logo estaria na hora de lutar. Porém, algo aconteceu antes que qualquer um dos dois desse o passo inicial para a luta.

De repente Julie partiu para o ataque, ela sabia que seria a próxima a morrer e não sentia mais medo de perder a vida, pois sua alma não mais existia. Ela preparou a espada e pulo para atacar Sesshoumaru. Embora o youkai sempre estivesse pronto para atacar, naquele momento ele distraiu-se por um instante e quando percebeu o ataque já era tarde demais para se desviar. Ou ele desembainhava a espada e esperava que desse tempo de defender-se, ou recebia o ataque de frente. No entanto, nenhuma das opções pareceu satisfatória.

_Não! – Kagura gritou e se jogou na frente de Julie, sentindo a espada penetrar em seu corpo já morto. Ela não poderia deixara aquele youkai morrer. Embora não soubesse a razão de dar sua vida pela dele, assim mesmo ela deu. Era como se Kagura devesse um favor aquele youkai, era como se ela devesse tudo o que tinha a ele. Mas sentia que era algo mais, sentia um calor imenso quando o via e sentia que finalmente podia morrer verdadeiramente em paz, em liberdade, sem medo de enfrentar o inferno, pois ele estava salvo.

_O que você fez? – Julie arrancou a espada dela e a segurou antes de cair. – Por que você fez isso? – e ajoelhando-se enquanto encostava o corpo de Kagura no chão, Julie pensava no que havia feito e no que já havia causado. Nunca pensou que sentiria remorso de ter matado humanos, de ter revivido mortos e de ter se apaixonado por um homem que nunca a amou verdadeiramente. Sentiu o nó na garganta e o desespero no coração. Não havia mais nada que ela pudesse fazer e nem que pudesse perder, a não ser se deixar consumir pela espada.

_Kagura! – Kagome correu e olhou para a youkai. Era estranho, mas sentia piedade da youkai. Ela amava Sesshoumaru, só poderia ser isso, quem daria sua vida por outra pessoa se não fosse isso. Talvez, na verdade, Kagome não tivesse pena da youkai, talvez tivesse inveja dela, porque ela, Kagome, não amava ninguém. Era verdade, ela não sentia amor por ninguém. Todas as lembranças que tinha de amor, ela não sabia que existiam, Kagome não sabia que já havia amado, não sabia que já havia gostado, não sabia que tinha um coração suave e amoroso. Kana havia retirado não só o amor junto com o cristal, mas também as lembranças que ela tinha de amor.

_Deixe-a morrer! – disse Sesshoumaru impaciente. “Idiota! Por que fez isso?” – ele se perguntou olhando sutilmente para Kagura e depois se voltando de volta para Kacius.

_Venha a mim, Julie! – e guardando as duas espadas, ele desembainhou a espada solitária e absorveu Julie igualmente como havia feito com Katina e Konaru.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capitulo 40 – Lembranças de outros tempos

...

“_O que você fez Thorkai! – Inu-Taysho gritou tão forte que as paredes da sala onde ambos se encontravam em sua forma meio-humana estremeceram, dando a impressão que iriam desabar a qualquer momento, porém, o castelo era forte e nada ali cairia se não fosse pelas mãos de seus próprios criadores.

_Achei que ele morreria lentamente se arrancasse o cristal. – resmungou Thorkai.

_Mas como eu mesmo vi naquela arena de lutas, ele não morreu e creio que o que fizemos hoje de nada adiantou, ele um dia voltará. – Thorkai estava ferido e sua morte se aproximava lentamente. A batalha exigiu dele o que ele não queria dar em roca, mas que foi obrigado a ceder. Para garantir algo para sua descendente, ele deu a própria vida para que Kacius fosse lacrado.

_O cristal da alma não é um brinquedo! – Inu-Taysho olhou para o amigo. Ele estava morrendo e com ele, ia as esperanças de paz aos clãs de youkais. Um ela da corrente estava se partindo e mais do que nunca, era hora de ter forças para enfrentar todo O mal que vinha com ele. – Como você fez isso? O que você fez com ele? Quem sabe se destruirmos o cristal...

_Eu já tentei destruí-lo, é impossível! – sussurrou Thorkai. – Eu o roubei com a ajuda do irmão de Kacius, disse que o jovem havia tentado me envenenar, mas era apenas uma mentira, embora eu realmente o tenha matado depois disso.

Durante a noite ele abriu os portões e o extrai, com a Tensiega, o cristal. – ele segurou firme a espada, ela sempre foi sua grande companheira e nunca o abandonou nas horas de necessidade. – Agora a pouco eu dei o cristal para o youkai “sem nome”, ele não é capaz de usar o poder do cristal e ordenei que o escondesse. Não sei até onde ele pode ir com aquele poder, mas creio que no momento era a minha única opção. Eu não podia deixar Ruki carregar o peso do meu erro com ela. – ele olhou para a porta. Ela estava trancada. Somente os dois estavam ali. No entanto, ele podia sentir o cheiro da filha do outro lado. – Peça a Sesshoumaru que entregue isso a ela! – e deu um papel para Inu-Taysho.

_Nunca disse a Sesshoumaru o orgulho que tenho dele! – lamentou Inu-Taysho.

_Ruki não sabe o quanto ela é importante... – mas a voz foi ficando suave demais e os movimentos quase parados, até que os olhos perderam o brilho magnético que possuíam e cerraram-se num suspiro quase inaudível. Morria, naquele instante, o senhor do Clã da Estrela Negra. O fogo da lareira queimava com serenidade e a lua continuava a inundar os olhares”

...

Ruki sentiu uma pequena pontada de raiva de Kagura. Ela não precisava ter pulado na frente de Julie, Sesshoumaru sabia se virar, muito bem, sozinho. Mas, se era para ser daquela maneira ela não iria lamentar.

Inuyasha estava xingando e Kagome estava ainda ajoelhada. Chorando. Desde que Naraku morreu, ela não via cenas de tamanha brutalidade. Seus olhos estavam cheios de lágrimas e ela tinha vontade de gritar.

Estava com medo do que podia acontecer. O que era estranho, já que...
Os olhos de todos, inclusive de Kacius se voltaram para Kagome, ela havia caído no chão, desmaiada, como da primeira vez que sentiu o poder de Kacius. O poder maligno dele era muito grande, ela era incapaz de absorvê-lo e purificá-lo, então, seu corpo, havia se desligado totalmente de si e caído no chão, mostrando sua fraqueza.

Antes mesmo de Kagome encostar ao chão, Inuyasha saltou com Velocidade e a segurou nos braços. Não se importava se Kagome gostava ou não dele, ele ainda sentia um grande sentimento por ela e não deixaria que Kacius levasse Kagome embora, que a machucasse ou que a ferisse de alguma maneira. Sempre a protegeu e sempre a protegerá, não importa o que ela dissesse.

_Seu desgraçado! – ele gritou pegando Kagome no colo. – Vai morrer! – ele levou Kagome até porta e a colocou encostada no batente e, virando-se para Kacius, desembainhou a Tetsussaiga, preparou-se para luta. – Seu idiota, nunca deveria ter encostado um dedo se quer em Kagome!

_Sesshoumaru... – Ruki olhou para Sesshoumaru com um olhar decisivo. – Vamos terminar o que nossos pais começaram!

_Vamos! – ele desembainhou Toukijin e partiu de encontro a Kacius.
A habilidade de lutar do humano era impressionante até mesmo para ele. Desde a primeira estocada que os youkais e Kacius deram, era visível que eles levavam vantagem, devido ao seu numero. Porém, Kacius usava todos os recursos que as espadas lhe permitiam para aparar cada um dos ataques, cheios de ódio e poder que os youkais desferiam com violência contra ele.

Ele lutava com as espadas gêmeas, usando as duas mãos e sendo capaz de combater Ruki e Sesshoumaru de uma única vez. Porém, Inuyasha estava sendo um estorvo a mais, já que ele só tinha duas mãos. Mesmo assim, seu pulso firme e sua longa resistência permitiam controlar a situação. Logo, achava Kacius, ele teria os herdeiros dos youkais cães, ajoelhados aos seus pés.

Por um instante se separaram. Todos ali sabiam que não adiantariam usar os poderes de suas espadas. Kacius as conhecia com brilhantismos. Já Kacius, sabia que suas espadas, contra aquelas, eram inúteis se usadas com poderes, por isso, a luta corpo a corpo era a solução.

_Isso não vai resolver! – Ruki resmungou um pouco ofegante. Estava com um dos braços rasgados e uma perna perfurada, mas mantinha a pose forte e não se deixava dominar pela dor que sentia.

_MALDIÇÃO! – gritou Inuyasha. Ele estava com marcas de tapa no rosto e havia um ferimento em sua barriga. O sangue saia com facilidade e encharcava a sua roupa. “Agente Kagome!” – pensou olhando para a jovem, que ainda estava desmaiada.

_Não temos opção Ruki! – Sesshoumaru parecia um pouco desgastado. Em sua face vertia sangue e em sua cintura Tenseiga vibrava de necessidade de ser usada. “Você quer lutar?”, pensou o youkai – Ruki está na hora!

A youkai nada disse, apenas concordou com a cabeça. Assim como seu pai e Inu-Taysho, eles pagariam o preço por seus erros e, também, trariam paz a todos.

_Sabe por que eu permiti que levassem Kagome, por que não matamos seus youkais e por que você esta completo? – Ruki gritou para Kacius. Podia ver que seu corpo humano estava gravemente ferido, mas que se mantinha de pé. As espadas lhe davam o poder para não sentir a dor.

_Não me importo em saber! – e desembainhando a espada solitária dada pelo demônio de diamante, onde Julie estava presa, ele lançou uma luz branca em direção a todos que estava ali. Inuyasha saltou e protegeu Kagome da intensidade, Ruki e Sesshoumaru receberam o poder diretamente em seus olhos e corpos. Era uma efusão de calor e frio que fazia o corpo arder, como se tivesse sido envenenado, mas causava ferimentos que iam além do aparente. Memórias viam a tona, medos apareciam, dores surgiam. Estavam perdidos em suas mentes e gravemente feridos.

...

“_A guerra contra o clã da estrela negra está no fim, meu filho. – disse Inu-Taysho a Sesshoumaru com um pouco de alivio, como se trégua fosse tão esperada como parecia ser. Sesshoumaru estava um pouco relutante em acreditar nas palavras do pai, ele sentia-se tão bem em matar, mas principalmente, em lutar contra Ruki. Era a cabeça dela que ele queria.

_E como selarão a paz? – perguntou distraído em observar o pai limpando a espada. Estava numa clareira e Sesshoumaru não podia deixar de cobiçar Tetsussaiga, a arma mais bela que seu pai possuía.

_Você e Ruki irão se unir! – ele disse. Sesshoumaru levantou a cabeça para o pai e deixou que seus olhos de raiva transpassassem pelo olhar frio que possuía. – Este é o acordo que fizemos”. – Sesshoumaru despertou repentinamente do seu sonho e percebeu que Kacius ria de todos os que estavam no chão. A dor dos ferimentos parecia aumentar.

...

“_Você não mais está com Sesshoumaru! – disse Inu-Taysho com as palavras pesadas e cansadas. Eles corriam em suas formas youkais em direção a uma casa que ficava a alguns quilômetros dali. O velho senhor estava cansado e mais ainda, estava ferido, gravemente ferido. Ruki começava a duvidar que ele estivesse forte o suficiente para lutar.

_O senhor esta ferido! – disse ela com pesar.

_Por isso você está aqui. – ele resmungou. – Não sei se serei capaz de proteger meu filho de Sesshoumaru. Quero que você cuide dele para mim. Dê sua vida se necessário, pois sei que um dia isso trará paz a nossas terras.

_E Sesshoumaru?

_Meu primogênito jamais entenderia as minhas razões. Sei que você também não entende, mas já que quer uma razão para estar longe de suas obrigações como companheira de Sesshoumaru e das necessidades que a união lhe trouxe, creio que, se jurar proteger Inuyasha, eu possa liberá-la da união que foi feita. Usando o sangue...

_Aceito! – ela disse sem contestar. – Com a minha vida! – Resmungou”... Ruki ouvi a risada de Kacius, era irritante. Sesshoumaru parecia despertar também.

...

“_Inuyasha, eu senti a sua falta. Você já sabe o que sinto e não vou esconder o quanto estou feliz por tê-lo aqui. Não me importo mais como você chegou e nem quando você vai embora, só quero aproveitar este instante, quero tê-lo na minha mente para sempre.

_Kagome... - Inuyasha sussurrou, como se não quisesse estragar tudo, o que acontecia, entre os olhares intensos e as frases não ditas. - Eu... - o meio-demônio olhou para a lua. Ela estava tão bela naquela noite. Brilhava com tanta alvura no céu escuro. - Eu sinto muito por não ter te protegido quando você foi atacada, naquela noite... - ele segurou as mãos de Kagome com força e encarou os olhos negros dela. - Eu não te protegi, mas hoje, hoje eu salvei você... - e Kagome tentou dizer algo, mas Inuyasha a calou com o olhar. - Se eu perdesse você mais uma vez, jamais me perdoaria. - Lamentou.

_Inuyasha, você já me perdeu... - ela resmungou. Sim, era verdade. Inuyasha não pertencia aquele tempo, ele era da era feudal e para lá tinha que retornar. Ele sabia disso, mas por instantes preferiu fingir que não era verdade, que ele poderia viver ali para sempre. - Você me mandou para casa. - ela o encarou.

Era verdade, tudo o que Kagome dizia era verdade. A culpa foi dele de não dizer o motivo de tê-la mandado para casa. A culpa era dele de nunca ter dito o que sentia por ela, era culpa dele o amor estar se perdendo através do tempo.

_Eu te amo! - ele disse como num desabafo. Estava tremendo, como se estivesse com medo. A respiração estava acelerada como se tivesse corrido, mas o coração estava sereno, pois Inuyasha dizia a verdade.

Não houve palavras, nem olhares e nem sussurros. Apenas os lábios se encontraram no ar, os toques acharam-se em si. O calor dos corpos misturou-se ao desejo e ao amor que sentiam um pelo outro. O arrepio da saudade um do outro. Beijavam-se serenamente, como se não se conhecessem, mas se amassem por toda a eternidade.

Kagome podia sentir todos os toque de Inuyasha, todos os seus sentimentos fluindo para ela. Inuyasha ouvia o coração de Kagome bater rápido. Estavam juntos e tudo poderia parar naquele momento. Inuyasha e Kagome desejaram que aquele momento fosse eterno.”...

nuyasha percebeu que Kacius ria e que Ruki e Sesshoumaru também estavam caído, mas acordados.

_Isso foi inútil Kacius. – enfim eles levantaram, com a pouca força que tinham.

_SEU IDIOTA! – Inuyasha gritou.

_Vai morrer! – Sesshoumaru disse baixo como num sussurro e sorriu. – Ruki...

_Eu deixei você levar Kagome porque somente se você estivesse completo poderia ser destruído, meu pai me disse na carta que me deixou. Somente com seus youkais absorvidos, suas espadas poderiam ser aniquiladas e somente com nossas espadas podemos destruir você!

 Ruki sorriu.

_O que... – Inuyasha não pareceu entender.

_Está na hora de mostrar como lutam os cães! – Ruki preparou Tenseiga para lutar. Sesshoumaru fincou sua espada no chão e pegou Tenseiga e Inuyasha ativou a Tetsussaiga.

_Você precisa de sacrifícios! – resmungou Kacius. – Seu pai teve que dar a vida...

_Mas eu não darei menos que isso! – ela disse sentindo-se ofendida. E fez com quem Sesshoumaru arregalasse os olhos por instantes, estava surpreso de ouvir aquilo de Ruki e mais, estava surpreso de ter sentido como se um golpe tivesse sido dado em seu estomago. – O que faremos só poderá ser usado uma vez, porque não há nada mais que possamos oferecer para as espadas depois disso, por isso, não errem! – Ruki olhou para Inuyasha. Ruki já havia dito a ele que as espadas de seu pai, Inu-Taysho, podiam uma única vez, absorver um poder maior que o dela mesma e usar como fonte de energia para um poder que superava a qualquer um, porém, era algo perigoso e que só poderia ser executado uma vez, já que muitas vezes, a espada poderia pedir sua morte para lhe dar o poder para vencer.

_Eu dou a minha espada Toukijin, o bem material mais precioso que possuo! – ele sentiu quando sua espada passou a absorver lentamente a espada Toukijin, parte do poder que Sesshoumaru possuía também estava sendo levado para dentro de Tenseiga.

_Eu dou a minha vida, para a Tenssaiga e assim como meu pai, eu entrego tudo o que tenho para que se cumpra à vontade de Tenssaiga! – Ruki sentiu que lentamente toda a sua energia estava sendo minada para dentro da sua espada. Naquele instante Sesshoumaru arregalou seus olhos, não queria acreditar no que ouvia, Ruki estava disposta a morrer e ele não podia fazer nada naquele momento. Mas Ruki apenas sorriu e esperou que tudo desse certo.

_Meu amor... – ele resmungou e foi como se uma mão entrasse em seu coração e arrancasse seus sentimentos e os colocassem dentro da sua espada.

Os três lançaram seus poderes contra Kacius e Kacius usou a espada solitária mais uma vez...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Capitulo 41 – O golpe final

...

A luz branca que saia da espada de Kacius foi engolida pelo poder dourado da espada de Inuyasha, que foi a primeira energia que atravessou o quarto e atingiu Kacius. Quando ele percebeu, estava envolto de uma energia que o impedia de se mexer. Dentro desta energia ele sentiu quando sua alma foi arrancada por garras poderosas e afiada, arranhando sua carne e tirando de seu âmago uma jóia que simbolizava a sua alma. Junto com a jóia, suas lembranças foram extraídas. Sua esposa, filhos, irmão, inimigos, conquistas e derrotas, todas as imagens de sua vida foram tiradas com brutalidade dele e somente uma dor de não sentir dor foi o que ardeu. Agora ele era novamente uma máquina, um velho que só tinha a mente e o corpo funcionando. A luz dourada ultrapassou o homem e o deixou com a sensação de vazio que ele jamais poderia entender.

Então, uma chama prateada o envolveu. Sesshoumaru sorriu, era a lâmina dele que havia atingido Kacius. Ele gritou de dor, agora podia sentir todo o seu corpo sendo queimado por um calor que não existia. Era como se várias lâminas o estivessem perfurando e queimando seu interior. Mas ainda mais que isso. Sentiu como se duas mãos agarrassem sua cabeça e a esticassem para lados contrários. A dor na cabeça foi quase que insuportável e somente seus berros o faziam se sentir aliviado. A ânsia de vomitar veio como uma necessidade, ele caiu ajoelhado, diante dos três youkais. A chama ainda o envolvia com intensidade.
Seu corpo todo formigava e ele não era mais capaz de ficar acordado, estava morrendo lentamente. Mas as chamas apenas o torturaram e se consumiram, levando consigo seu coração e o fazendo perceber que o castigo maior viria naquele momento.

Ruki avançou lentamente e arrancou de dentro do corpo de Kacius seu cristal da alma e com ele, outros três cristais, um diamante, uma safira e um rubi. Com a lâmina de sua espada ela lançou as pedras para o alto e usando uma profusão de energia, fez com que estourassem os cristais e uma luz brilhasse com intensidade no quarto. O corpo de Kacius sangrava e finalmente caia no chão.

_Agora! – Ruki gritou.

As lâminas perfuraram juntas, o corpo de Kacius, que como se fosse pó, desapareceu com o vento forte que soprou e desapareceu. Apenas uma luz permaneceu onde ele estava e isso fez com que Ruki sorrisse. Sesshoumaru também sentiu certa felicidade, que não demonstrou e Inuyasha ficou paralisado. Eram Inu-Taysho, chefe do clã da lua prateada, devido ao seu cabelo branco, e Thorkai, chefe do clã da estrela negra, devido à pele branca e o cabelo negro como a noite sem estrelas. Estavam presos dentro de Kacius, como lembranças amargas, mas que agora estavam livres para se juntarem aos senhores dos youkais.
Inuyasha caiu ajoelhado. Era estranho, mas estava sentindo uma dor no peito como se seu coração tivesse parado de bater. Ele agarrou as roupas no local onde sentia a dor e soltou um gemido. Ardia como fogo o seu corpo e ele era incapaz de permanecer em pé. Ele caiu, fraco, e incapaz de sentir qualquer coisa, dor, medo ou amor.

Sesshoumaru estava fraco, mas não se sentia assim. Era como se um peso fosse tirado de seus ombros e ele apenas pudesse sentir o alivio de respirar tranqüilamente. Era como se ele finalmente tivesse superado seu pai, como se ele finalmente se sentisse digno de ser herdeiro do clã dos cães. Foi quando ele ouviu um gemido.

Ruki estava ajoelhada, sentiu sua respiração parar lentamente, como se não houvesse mais ar para respirar. Mesmo seu coração, batia lentamente, parando conforme ela se rendia à dor e a morte. Estava terminado e ela não tinha mais razão de viver. Mas ao olhar para Sesshoumaru. Ele estava em pé, parecia se recompor dos ferimentos, ela sentiu como se ainda não fosse a hora de partir daquele mundo, mas o que ela poderia fazer? Havia dado a vida para vencer o inimigo. Porque, diferente de Inuyasha que deu seu amor, ela não teria coragem de viver, sem poder sentir o que sentia por Sesshoumaru.

Quando Ruki pareceu despencar, uma mão a segurou, forte e decidida. Sesshoumaru estava ajoelhado ao lado dela e a confortava naquele momento, ajudando-a a deitar lentamente no chão. Havia sangue e sujeira ali e Ruki só conseguia pensar na primeira noite que conheceu o sorriso de Sesshoumaru.

_Sinto muito! – ela disse sinceramente. Seus olhos perderam o brilho e sua voz perdeu a força. Ela estava morta e não havia mais nada, a não ser o silêncio ali.

...

“_Acorde menina! – Kikyou dizia para Kagome. – Levante! – ordenou a sacerdotisa com impaciência. As duas estavam num ambiente branco, num espaço infinito e dolorosamente branco. Kagome estava deitada no chão, parecia inconsciente e um pouco ferida. Kikyou a observava serenamente, como se já esperasse que aquilo fosse acontecer.

Kagome sentou num chão que parecia feito de nuvens de tão macio que era. A sua frente estava Kikyou, olhando com um ar impassível que lhe era conveniente e segurando um frasco com um liquido estranhamente vermelho.

_Onde estou? – ela perguntou um pouco zonza. Sentia as pernas fracas e por isso não se colocava de pé, mas não era isso que importava naquele momento, a verdade é que a jovem não se sentia bem, como se algo dentro de seu corpo estivesse errado, como se algo tivesse sido extraído de seu corpo.

_Na sua própria mente! Eu creio. – Kikyou olhou em volta. Queria rir, porque se fosse verdade o que acabara de dizer, poderia dizer que Kagome não tinha muita coisa na sua mente. Mas é claro que aquele era apenas um espaço que havia dentro dos sonhos de Kagome.

_Por quê? Inuyasha? Onde? – ela finalmente levantou-se um pouco assustada.

_Deixe-me explicar uma coisa. Você sabe que seu corpo possui duas almas não é? Almas que se completam, mas que, ao mesmo tempo, não vivem juntas. Eu sou parte da sua alma, assim como você é parte da mim. Somos duas almas diferentes que dividem o mesmo corpo.

_Sim, eu entendo. – ela parecia perceber o que estava acontecendo.

_Acontece que algo mudou em sua alma. – Kikyou observou. Este espaço vazio era repleto de um sentimento que foi extraído de você, juntamente com o cristal de Kacius.

_Como assim... Eu não me lembro...

_Claro que não se lembra e nem se lembraria de tal coisa, já que partes das suas memórias foram arrancadas. Acontece que sem esta parte que foi tirada e você, não há razão para você continuar na era feudal. Não há mais nada que te prenda aqui.

_A verdade é que eu estava me perguntando justamente isso. Por que eu voltei para a era feudal depois de ter recuperado a jóia? Não consigo me lembrar o que aconteceu com exatidão, como se algo tivesse sido apagado.

_O que vivia neste lugar e não vive mais era o amor, o amor que você tinha por Inuyasha!

_Amor... Por Inuyasha? Não é possível... – ela assustou-se com o que ouviu.

_Sim, é possível. Kana extraiu de você e eu nada pude fazer para impedir. Mas creio que posso fazer algo para te ajudar. Vê este frasco? – ela mostrou o frasco vermelho. – Isso é parte do que sou e do que eu sinto por Inuyasha. – ela riu um pouco. – Parece pouco não é? Mas não é!

_Não estou entendendo.

_Escute bem o que vou dizer. Somos duas almas separadas num mesmo corpo. Porém, somos iguais e diferentes e nos completamos de maneira estranhamente compatível. Por isso, eu, com esta fresta que surgiu, em sua alma, quero me fundir a você! – disse Kikyou num único fôlego.

_Por quê?

_Estou cansada de ser sozinha! Inuyasha me amou, era por ele que eu queria viver, mas você o curou do mal que eu lhe causei. Então ele começou a se esquecer de mim, como se eu fosse apenas uma lembrança velha. Quando ele não mais me ouvir gritar junto com o vento, eu desaparecerei para sempre e eu não quero ir, eu amo Inuyasha! – a voz pareceu sair fraca, como se a verdade fosse mais cruel que aquelas simples palavras. Kikyou estava desabafando o que sentia e pela primeira vez, saiba, Kagome era realmente a sua reencarnação. – Se eu me fundir a você por completo, não só o amor dele será meu e seu, como o nosso amor por ele será maior! – ela tentou esboçar um sorriso, era difícil. Sentia-se humilhada por uma garota. Ela era uma mulher e estava aprendendo com uma criança a viver um verdadeiro amor.

_Kikyou, eu sinto muito! – Kagome lamentou, e tentando levantar-se sentiu que as pernas começavam a balançar. – Não sabia o quanto era solitário aqui! Desculpe-me por ter fingido que você não estava dentro de mim. – e estendendo a mão para Kikyou, pode sentir quando ela tocou sua mão.

Foi como se Kagome estivesse entrando um espelho. Sentiu um frio tomar seu corpo, depois um calor a inundou repentinamente. Agora ela estava abraçada com Kikyou e seus rostos estavam se unindo, seus corpos estavam se unido e logo elas eram apenas uma. Kagome estava em pé, e o ambiente branco inundou-se de cores e lembranças. A jovem Kagome começava a se lembrar de todos os momentos que havia vivido com Inuyasha, mas havia outros momentos, momentos em que Kikyou havia vivido com Inuyasha, todos se misturavam e uniam-se, formando algo quente que fez Kagome perceber...

_Eu amo o Inuyasha!”...

...

_Inuyasha! – Kagome levantou-se num salto rápido. “O que aconteceu?”.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Capitulo 42 – O amor jamais é em vão

...

_Kana... – Kagome abriu os olhos e viu a imagem branca e vazia da youkai olhando para ela com um pouco de curiosidade, ou seria pena? Então ela percebeu. Inuyasha estava caído, parecia desmaiado e suas roupas estavam rasgadas. Saia sangue dos ferimentos, mas ele parecia pouco machucado se comparado aos golpes que havia levado. – O que aconteceu? – ela sentou-se melhor. Percebeu que estava sem ferimento algum como se tivesse sido protegida de qualquer golpe. Além disso, ainda estava um pouco zonza e mesmo que quisesse correr, naquele momento, para ajudar Inuyasha, não seria capaz, pois estava fraca.

_Kagome! – Miroku e Sango entraram correndo.

_Você está vem? – Shippou apareceu atrás de Miroku e aproximou-se de Kagome. O cheiro dela estava igual ao antes de ser levada para aquele lugar, ela parecia a Kagome de antes, mas tinha um brilho mais intenso no olhar. – Seu cheiro voltou ao normal, você... – tentou dizer, mas ele estava feliz demais em ver Kagome bem que não queria estragar aquele momento.

_Inuyasha! – Sango e Kouga correram ver se Inuyasha estava bem. Ele ainda estava inconsciente.

_Kagome, eu estou morrendo, mas eu queria fazer algo antes. – Kana disse em voz baixa, como que quase sumindo. – Antes de eu sumir, eu queria devolver algo para você. – o espelho refletia as lembranças de Kagome e de Kikyou. Tanto o amor de Kikyou quanto o de Kagome estavam ali, presos, haviam sido sugados para dentro do espelho quando ela extraiu o cristal de Kacius.

_O que... – mas antes de entender, um cristal saiu de dentro do espelho e pouco levemente nas mãos de Kagome. Era um objeto com sete pontas, brilhava em diversas cores e estava quente, como se fosse um coração que pulsava. Kana então desapareceu, como se fosse fumaça, deixando todos confusos e aturdidos.

Ruki e Sesshoumaru não estavam mais lá, havia sangue em diversos lugares e Shippou afirmava que o cheiro deles estava longe, embora um deles parecesse estar morto, já que o odor era como de um cadáver. Kacius havia virado poeira. Inuyasha estava desmaiado. Miroku carregava Inuyasha e Sango caminhava ao seu lado, segurando nos braços Kirara, que estava ferida. Shippou e Kaede pareciam bem e estranhamente felizes. E Kouga ajudava Kagome a se levantar para saírem dali, nas mãos da humana, uma pequena jóia com uma cor intensa e bela.

“O que devo fazer com isso?” – a voz de Kagome soou em sua mente. “Coloque no peito de Inuyasha!” – respondeu a voz de Kagome. Foi a ultima vez que Kagome ouvi a voz forte e decidida da sacerdotisa Kikyou. Depois de se fundirem, Kikyou passou a ser parte de Kagome não mais se revelou para ela como naquele momento em que ela estava desmaiada.

...

Amanhecia quando Sesshoumaru colocou Ruki, morta, apoiada em uma árvore. O rosto branco, mas queimado pelo sol, estava pálido. Os olhos sem vida. A boca seca. Os braços e pernas moles e suas roupas, rasgadas, revelavam partes de seu corpo.
Havia um dilema em seu coração, algo que ele jamais pensou que haveria quando Ruki finalmente fosse destruída. Em suas mãos ele tinha a oportunidade de trazê-la de volta a vida. Mas se fosse fazer isso, teria que ser logo, pois os demônios do inferno já tentavam se apoderar de sua alma. Ele poderia deixá-la ali, para ser devorada pelos carniceiros e animais. No entanto, pareceu doloroso demais fazer isso com ela, deixá-la ali era algo que ele não seria capaz de fazer.

A espada Tenseiga tremia com angustia no flanco de Sesshoumaru, como se quisesse ser usada imediatamente. Sesshoumaru agarrou a espada e por um instante olhou mais uma vez para Ruki.

“_Você tem alguém para proteger?” – a voz de Inu-Taysho e a pergunta que Sesshoumaru nunca havia entendido até aquele momento pareciam fazer mais sentido naquela hora do que nunca havia feito antes. Sesshoumaru nunca pensou em responder aquela questão e muito menos em dizer um “sim”, mas a verdade é que ele queria dizer “Sim”. Mas nada disse.
A visão tornou-se turva e ele pode ver os youkais do inferno. Então Tenseiga se ativou e cortou com força todos que cercavam o corpo de Ruki. Certamente o inferno esperava a alma da youkai com interesse.

Os pés de Sesshoumaru começaram a caminhar para longe dali. Ruki ainda estava dormindo, desta vez seu corpo estava respirando, seu coração batia pausadamente e com um ritmo cheio de tranqüilidade. Seus lábios voltaram a ter a cor vermelha. Seu rosto perdeu o tom pálido e seus braços e pernas voltavam a ter a vida.

“Sesshoumaru me perdoe!” – Ruki pensou enquanto abria os olhos. Eles estavam brilhando intensamente. A youkai estava sozinha, mais uma vez.

“Veremos-nos em breve!” – Sesshoumaru já estava distante quando sentiu que o cheiro de Ruki voltava a tomar vida e que seus cabelos negros voltavam a balançar serenamente com o vento. A estrela negra em sua testa voltava a ter o negro de seus olhos.

...

Era uma aldeia muito parecida com a de Kaede. A velha estava junto da sacerdotisa daquela região. Conversavam amenamente ao lado do rio, como se discutissem algo de reles importância. Ao seu lado, Shippou fazia gracinhas para as meninas que brincavam com ele.

_Minha aldeia foi devastada, seria pedir muito que permitisse minha estada aqui por alguns dias? – perguntou Kaede sorrindo. Ela era muito mais velha que a sacerdotisa daquela aldeia e parecia ter uma sabedoria muito superior.

_Não permitiria que você e seus companheiros partissem. Estou muito feliz de receber à senhora sacerdotisa Kaede, ouvi dizer que é grande conhecedora de antídotos e curas! – a jovem sorriu.

_Obrigada! – Kaede agradeceu.

Shippou havia caído no rio que cortava a aldeia, e todas as crianças riam de suas trapalhadas. Mesmo as duas sacerdotisas soltaram uma risada controlada das brincadeiras do pequeno youkai.

...

Miroku e Sango estavam um pouco distantes de todos. Num pequeno morro, embaixo de uma árvore que dava flores cheirosas e trazia um aroma tranqüilizante para os dois. Eles estavam cansados e por isso, sentados, aproveitavam a paz momentânea daqueles últimos dois dias. Miroku estava apoiado no tronco da árvore e Sango apoiava-se em seu braço, sentada aconchegada nos braços de Miroku. Em seu pescoço uma jóia, um colar de pérolas.

Não haviam sido fáceis aqueles últimos dias. Lutar, perder, sofrer, se arrepender, se compreender, se amar e se odiar. Tudo estava misturado numa profunda tristeza e alegria. Sango havia novamente lutado com seu irmão e com todo o seu clã. Não sabia o que havia acontecido com os corpos. Se eles ficaram jogados ao relento, se foram comidos por carniceiros, ou se viraram pó após perderem o cristal, isso ela não sabia e por isso se enchia de uma agonia quase incontida.

Miroku sentia pena, mas mais que isso, ele quase sentia a mesma dor que Sango. Ele gostava muito dela para pensar somente no que sentia. Se fosse preciso, ele iria até o inferno para ter certeza de que o Kohaku e todos os outros estavam bem.

Tudo para não ver nenhuma lágrima escorrer pelos olhos negros de Sango.

Os olhos de ambos estavam fechados. Miroku estava tentado a tocar em Sango, mas sabia que ela merecia respeito, pelo menos até que ele decidisse pedir ela em casamento. Mas isso ainda demoraria um pouco. Ele queria primeiro ter onde viver e ter certeza de que Sango o amava.

Sango podia sentir o calor do corpo de Miroku. Pela primeira vez, sentia que ele estava mais próximo dela do que nunca estivera antes. Era como se sempre tivessem estado juntos, mas era mais que isso. Ela sabia que podia entregar sua alma a Miroku, pois ele a protegeria de qualquer mal que acontecesse.

_Me desculpe! – disse Miroku segurando com mais força Sango. – Eu não consegui te proteger naquele momento. – ele lembrou-se da cena em que Kohaku atacou Sango e ele não pode fazer nada para ajudá-la.

_Miroku... – ela soltou-se dos braços dele e o encarou. Seus olhos pareciam dividir um momento intenso, uma conexão que não poderia ser cortada por nada. Ela colocou as mãos no rosto dele e acariciou-o. Então, abrindo um sorriso, aproximou seus lábios dos dele e os tocou gentilmente.

No mesmo instante, Miroku envolveu Sango em seus braços e a beijou com toda a paixão que escondia dentro dele. Deslizou suas mãos pela perna de Sango e depois se contentou em sentir que ela tirava as mãos dele de suas pernas. Ela não havia mudado e ele continuava sendo um tarado incontrolável. Mas naquele momento isso não importava, estavam felizes, estavam apaixonados, estavam juntos.

_Pervertido! – ela disse sorrindo.

_Eu te amo! – ele abraçou Sango com carinho e deixou que o calor do corpo dela esquentasse sua alma.

...

_Inuyasha... – Kagome percebeu que Inuyasha estava despertando. Já era noite quando ele recuperou a consciência. Havia dormido dois dias seguidos e todos começavam a duvidar que ele se recuperasse. Mas durante todos aqueles dias, ela permaneceu ali todo aquele tempo, sem desviar um único instante de Inuyasha. As compressas frias, a troca de bandagem no ferimento e as ervas para cura, ela havia feito tudo sozinha. Não que seus amigos não tenham querido ajudar, mas ela sentia-se culpa de ter deixado Inuyasha naquele estado e tinha que compensá-lo de alguma maneira.

O peito de Inuyasha ardia. Ele não sabia, mas Kagome havia posto, através do ferimento que havia em sua barriga, o cristal que Kana lhe havia dado.

...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Capitulo 43 – De volta ao lar

...

Kouga havia partido no mesmo dia em que todos encontraram a aldeia em que estavam hospedados. Depois de enfrentar tantos perigos, de ver Kagome sofrer, Inuyasha quase morrer e perceber o quanto Miroku e Sango estavam unidos, trabalhando juntos, como se fossem um, ele sentiu uma saudade inexplicável de uma jovem youkai que havia deixado no norte, longe dos perigos e das garras de qualquer mal.

Ayame não parecia sair mais dos pensamentos de Kouga. Ele admitia, gostava de Kagome, gostava de seu sorriso e sua voz, isso ele jamais poderia esconder de sua escolhida, mas Ayame era a companheira que ele havia escolhido. O príncipe já havia determinado antes mesmo de conhecer Kagome, quem seria sua companheira e ele não voltaria mais atrás com sua palavra. Mesmo porque, não havia motivos para dizer “não” aos olhos pidões de Ayame e nem recusar seu carinho. Ele já havia se acostumado demais com ela para dizer que não a amava.

Os pés de Kouga pareciam se acelerar ainda mais. Demoraria mais um dia para ele chegar, mas isso não importava. Sentia fortes dores nos braços e no pé esquerdo, ferimentos da luta contra os soldados mortos de Kacius, mas ele sabia que se não tivesse ido ajuda Kagome naquele momento de necessidade, ele estaria sendo um fraco e uma vergonha para o seu clã, afinal, como encarar todos os ancestrais guerreiros do clã dos lobos que havia deixado em Kouga a esperança de uma era de paz para todos os lobos? Além disso, ele jamais deixaria que Kagome sofresse mal algum, pois ela era uma pessoa muito especial para ele, ela era a pessoa que o havia ensinado a ser um líder, um amigo e um youkai com coração humano.

A imagem de Ayame pareceu acenar para Kouga em meio às nuvens. A noite estava encoberta por algumas brancas nuvens que escondiam a lua cheia. Era a primeira noite, em dias que ele se sentia finalmente feliz, não só por ter vencido um inimigo poderoso, mas por se sentir livre de qualquer preocupação que pudesse vir a surgir.

Ao longe, Kouga já podia ver as montanhas que cercavam o vale do norte, logo ele estaria lá, logo estaria em casa.

...

Rin olhava pela janela. Espera pacientemente o retorno de Sesshoumaru. Fazia três dias que ele havia partido e ela não conseguia entender porque não havia se despedido dela, como sempre fazia. Se bem, que tinha que admitir que na época estivesse doente e se ele disse alguma coisa, ela não seria capaz de lembrar, porque sua febre estava alta e mesmo com ajuda de Ruki, ela ainda se recuperava lentamente.

Sentiu-se ainda mais sozinha quando os outros dois humanos que estavam com ela, recuperando-se de uma luta, sumiram e não mais retornaram. Por um instante ela teve um pensamento ruim, teve a impressão de sentir que Sesshoumaru e os outros estavam mortos e isso a assustou. Todos que ela amava estavam mortos? Não poderia ser!

Então, a voz de Jaken a despertou. O servo estava no portão do castelo e parecia esperar pacientemente o retorno do seu senhor. Ele segurava uma tocha e tinha os olhos fixos no caminho que levava ao castelo. Sua esperança de ver a sombra branca e fria de Sesshoumaru se aproximarem era como um desejo jogado ao léu numa noite fria de primavera.

_Senhor Sesshoumaru! – Jaken correu para ver seu senhor.

Sesshoumaru mancava e caminhava lentamente. Estava ferido, como não haveria de estar depois de tantas lutas? Mas seu rosto não estava mais arranhado, já havia cicatrizado todos os ferimentos superficiais. Porém, o coração parecia doer mais que o de costume, como se ele carregasse um peso que não sabia se suportaria por muito tempo.

_Ela está melhor? – perguntou sem olhar para o servo e continuando a caminhar, entrando no castelo com a cabeça erguida, fingindo não estar interessado no estado de saúde de Rin. Claro que ele estava preocupado, mas como não havia recebido nenhuma informação, certamente ela estava bem.

_Sim Senhor Sesshoumaru, ela está saudável. Na mesma noite em que Ruki a tratou ela se recuperou.

“Ruki” – aquele nome pareceu soar com um tom ridículo para Jaken, mas para Sesshoumaru, era como se parte de seu corpo tivesse sido perdida. Era estranho, ele nunca havia pensado em Ruki daquela maneira e se o tinha feito, nunca havia querido pensar nela, mas muitas vezes parecia ser inevitável e aquele era um daqueles momentos em que ele fechava o olho e respirava fundo, para não se arrepender do que já havia feito.

_Senhor Sesshoumaru... – Rin correu alegre, com um sorriso contagiante que fez Sesshoumaru esboçar um olhar mais sincero no rosto alvo. – Fiquei preocupada! – ela sorriu e parou na frente de Sesshoumaru. As garras do youkai desceram até a pequena e pousaram na cabeça da menina.

_Rin... Vou partir! – ele encarou, pela primeira vez naqueles últimos tempos, os olhos negros da menina. Porém, Rin não sorriu e nem chorou, apenas fez um afirmativo com a cabeça e permaneceu parada, sentindo a mão de Sesshoumaru em sua cabeça, como se fosse um abraço que ele jamais daria, um sorriso que ele jamais faria e como se fosse uma palavra de carinho que ele jamais diria.

_Senhor... – Jaken apressou-se.

_Deixo você e Rin aqui! – ele olhou para Jaken. – Voltarei sempre que possível, só assim honrarei a casa de meu pai. Antes não havia motivos para voltar, mas agora terei! – ele recolheu a mão e caminhou para as escadarias. Não olhou para trás. Não queria ver mais ninguém naquela noite. Não queria mais sentir o cheiro de ninguém.

Antes de chegar aos seus aposentos, porém, Sesshoumaru passou por uma porta e pode sentir um cheiro familiar que inundou seu nariz como se fosse um golpe. “O quarto dela!” – e passando pela porta, continuou a caminhar em direção a seu leito de descanso.

...

_Você está bem? – Kagome perguntou quando Inuyasha abriu os olhos cor de âmbar. Ele estava com o corpo descoberto, apenas com faixa que cobriam os ferimentos e a calça vermelha que sempre usava. Ela estava um pouco rasgada, mas parecia estará inteira.

_Por que você está aqui? – ele perguntou com um gelo na voz que fez Kagome se assustar.

_Inuyasha? – ela perguntou aproximando-se um pouco mais dele. Inuyasha sentiu um dor forte e pareceu engolir algo, talvez a frieza que tinha nos olhos, pois logo pareceu que seu corpo se enchia novamente de um calor ameno.

_Ainda sinto um pouco de dor! – ele respondeu baixo. Estava acordando de um logo sono de dois dias. Sua cabeça doía um pouco, além disso, os ferimentos ardiam como se fossem postos em brasa.

_As ervas fazem o machucado arder. Mas logo você vai ficar bom! – Kagome disse tocando levemente um dos curativos de Inuyasha e mostrando as ervas. Ao tocar no corpo dele, Inuyasha estremeceu levemente, como se seu estomago estivesse se embrulhando e sua cabeça ficasse mais leve que o de costume.

_Você está bem Kagome? Está pálida e com olheiras – ele olhou para ela. Tinha alguns cortes no rosto e na perna, mas não parecia estar sentindo dor. Embora ela estivesse mais pálida que o de costume.

_Estou aqui faz dois dias, quase não comi e fiquei muito preocupada com você! – ela disse se levantando e colocando a vasilha de água com compressa um pouco mais longe. – Fiquei com medo de não ver seus olhos novamente! – disse voltando-se para ele. O rosto estava limpo e Inuyasha parecia mais belo que o de costume.

_Pensei que tinha te perdido! – Inuyasha sentou-se. O fogo da casa queimava serenamente. Era como se ele desse a vida ao lugar. Kagome e Inuyasha estavam sozinhos e se sentiam como se olhos observassem seus movimentos.

_Inuyasha, eu... – mas Kagome não sabia o que dizer. Faltavam palavras, faltava coragem, faltava sentimento. Não que ela não o tivesse, mas era como se todo o seu ar, junto com o que sentia, fosse sugado novamente para fora dela. Apenas um sorriso carinhoso esboçado no rosto da jovem foi o gesto que ela conseguiu mostrar.

_Que estranho... – Inuyasha colocou a mão no ferimento perto do coração. “Eu sinto algo muito forte, algo que sempre senti por Kagome, mas, eu pensei que tinha dado isso, esse calor que sinto, para Tetsussaiga. Pensei que havia dado meu amor para Tetsussaiga...” – Inuyasha pensou um pouco confuso, mas a verdade é que ele não parecia se importar com a explicação. Ele sentia amor, ele sentia amor por Kagome e não deixaria que aquela oportunidade lhe escapasse, mais uma vez, pelos seus dedos. – Eu confio em você Kagome! – ele segurou as mãos dela e a encarou por um instante. Ela estava linda. Cabelos soltos e negros que balançavam com o vento que entrava pela janela aberta. Seus olhos pareciam brilhar como estrelas incandescentes e seus lábios estavam rosados.

_Eu... – mas para que dizer “eu te amo?”. Kagome já havia dito isso antes. Então, aproximando-se dele, ela encostou-se em seu peito e sentou-se ao lado dele, sentindo o cheiro do seu cabelo, ouvindo o coração do meio-demônio bater e desejando que aquele momento fosse eterno.

_Eu não vou nunca mais te perder Kagome! Porque eu te amo! – ele disse.
A cena parecia ter parado juntamente com as palavras de Inuyasha. Eles olhavam-se com uma intensidade tão forte, seus cabelos misturavam-se num único tom, as mãos encontravam-se, tocando-se lentamente. Os corpos envolviam-se em um único calor e enfim, os lábios se tocavam em um beijo apaixonado, num beijo que continha a emoção de estarem juntos, que continha todo o amor que parecia perdido, mas que estava vivo dentro dos corações dos amantes.

Os toques eram suaves e delicados, mas continham o desejo de estarem juntos. A respiração estava forte e coração de ambos batia num único ritmo. Era como se eles estivessem juntos e sentissem-se unidos por algo que não podia ser quebrado, estavam unidos num único sentimento, eles se amavam e mais nada importava.

_Pensei que você não me amava mais, tive medo, pela primeira vez, de perder você para sempre! – Inuyasha sussurrou no ouvido de Kagome. E dando um beijo suave em sua testa, acolheu-a em seus braços, abraçando-a e segurando o corpo da jovem, como se nunca mais o quisesse deixar.

_Eu nunca deixei de te a amar Inuyasha! Nunca... – ela sussurrou, mas era como se outra pessoa estivesse falando, ou melhor, como se duas pessoas estivessem falando. Kikyou e Kagome estavam unidas e estavam fundidas numa única pessoa e ninguém mais poderia separá-las. Agora, os sentimentos de Kagome estavam mais intensos e sua alma não era mais duas, e sim uma única.

A noite seguia à dentro, mas para os dois, era o primeiro dia que se conheciam verdadeiramente.

...

 

 

 

 

 

 

 



Capitulo 44 – O inicio da última luta

...

Ruki observava e longe, havia pouco tempo que havia chego àquela aldeia, seguir o cheiro de Inuyasha era fácil, o difícil era caminhar, as pernas de Ruki ardiam um pouco com os ferimentos que se cicatrizavam lentamente. Kagome estava sentada com Inuyasha à beira do rio, estavam um pouco afastados da aldeia, mas dali podia sentir o calor humano que emanava das pessoas. A grama verdade e o sol fraco davam uma sensação de paz ao lugar, parecia que, enfim, ele havia encontrado a paz.

A youkai estava se recuperando do ferimento, mas parecia estará bem. Pelo menos seu coração batia e seus pulmões se enchiam de ar. O que, para ela, significava muito, pois ela só estava viva graças às mãos de Sesshoumaru.

_Tenho que voltar para a minha era, Inuyasha! – Kagome disse com um olhar fixo nas águas cristalinas do rio. Os peixes saltavam, dando um brilho prateado ao caminho das águas.

_Eu sei. – ele resmungou um pouco contrariado. Claro que sabia que isso aconteceria, mas ele não queria a deixar partir. Embora soubesse que ela voltaria, seria difícil esperar até seu retorno, afinal, enfim, ele sentia-se feliz e completo ao lado de Kagome.

_Sinto muito! – ela lamentou segurando a mão dele.

O cheiro de sangue e de poeira que vinha de Ruki despertou Inuyasha dos seus pensamentos, ela estava ali, ela estava viva. Ele levantou-se rápido e sentiu uma contração no estomago, ainda estava muito ferido. Kagome ajudou-o a ficar em pé, ela estava um pouco assustada com aquela reação repentina de Inuyasha, mas ele certamente tinha um motivo. Por que ele tentava colocá-la atrás de seu corpo, como se fosse protegê-la de algum mal que estava se aproximando.

_Então parece que vocês estão bem. – Ruki surgiu na frente dos dois repentinamente. Sua aparência já havia sido melhor, mas naquela atual situação, não havia muito que ela pudesse fazer para mudar as roupas rasgadas, o cheiro de morte que ainda pairava por ela e do sangue seco. Todo o seu corpo estava machucado, o que era esperado para quem havia dado a vida para manter a promessa que havia feito a cento e poucos anos atrás.

_Pensei... – Inuyasha resmungou, não acreditava que ela estava viva.

_Não morro com tanta facilidade. – ela soltou uma risada fraca. Então, voltou seus olhos negros para Kagome. – Kikyou e você... – ela respirou mais fundo. – Se fundiram finalmente! – parecia não estar surpresa com o que havia acontecido. – Mas isso não significa que Kikyou não possa retornar ao nosso mundo! Por isso, não a deixe infeliz... – e voltando-se para Inuyasha percebeu que o corpo de seu protegido estava como o dela, fraco e demorava a cicatrizar – Ainda está muito ferido. – ela olhou para cima, como se buscasse as respostas que queria no céu. – Isso é normal quando se usa a espada como ela foi usada naquela noite. Os ferimentos demoram mais para se cicatrizar, porque junto com você, a espada também está se recuperando. – ela percebeu quando Inuyasha olhou furtivamente para Tetsussaiga, que estava deitada na grama verde, como se descansasse.

_Sim. – ele respondeu.

_Sente-se. – ela desembainhou a espada e colocou-a por cima da cabeça de Inuyasha – Tenseiga não sofre com isso, ela foi feita para ser usada desta maneira. – Então, fechando os olhos e respirando fundo – Dou parte da minha energia. – disse. Sentindo que um pouco da sua força era sugada para Tenseiga. Suas pernas tremeram ligeiramente e ela sentiu como se seus ferimentos fossem novamente abertos, mas isso não aconteceu.

Os ferimentos de Inuyasha fecharam-se, as dores cessaram-se, ele sentia-se bem novamente. Inuyasha olhou para suas mãos, suas garras estavam fortes e sua energia voltava a invadir seu corpo com intensidade. Kagome estava, ainda, de pé e um pouco surpresa com aquela habilidade de Ruki, já havia visto as habilidades de Ruki, mas não sabia que ela tinha que dar, sempre algo em troca.

_O que faz aqui? – Inuyasha perguntou um pouco confuso e desinteressado. Kagome havia sentado ao lado dele.

_Seus modos nunca mudaram. Ao menos perguntasse se eu estava bem, depois de ter recuperado seu corpo. – Ruki resmungou num tom sarcástico. Claro que não estava bem, mas preferia manter a aparência.

_Ruki, você está bem? – Kagome perguntou, realmente estava preocupada, a youkai estava pálida.

_Não se preocupe, ela sempre diz isso. – Inuyasha disse voltando-se para Kagome. – O que quer? – e encarou novamente Ruki.

_Kacius foi apenas o começo Inuyasha! – Ruki deixou o tom sério tomar conta da sua voz. Ela percebeu que os olhos de Inuyasha se arregalaram ligeiramente e que Kagome segurou forte nas mãos dele. – O poder que estava oculto nestas terras, se revelou. Eu senti e sei que Sesshoumaru também. Embora nós tenhamos a ambição de obter tal poder, ao mesmo tempo temos que proteger tal coisa de outros youkais. E isso vai nos levar a uma guerra maior do que todas as lutas que travamos durante estes anos. – ela olhou para longe, como se sentisse que os exércitos inimigos se movimentavam.

_O que quer dizer? – Kagome resmungou assustada.

_Que está na hora de você voltar para a sua era e se preparar, porque a morte será apenas o começo de uma nova jornada. E acredite muitos vão morrer até que a paz volte a reinar! – e um vento bateu forte e desapareceu. Ruki parecia ter ido com ele. Deixando, em cima da espada de Inuyasha um pequeno pedaço de papel.

...

“Inuyasha, meu filho amado, tenho orgulho de ser seu pai. Eu mesmo escolhi seu nome, antes mesmo de te conhecer e agora que você está lendo as minhas palavras fico satisfeito em saber que é digno das minhas palavras. Não sei as maravilhas que você fará e nem os amores que irá viver, mas acredite em seu coração, como eu acreditei no meu um dia, quando encontrei sua mãe e nos amamos pela primeira vez. Confiar não é uma tarefa fácil para um youkai, mas você não é um simples meio-demônio, você é meu filho e príncipe do clã dos cães da lua prateada, por isso, não tenha medo. Assim como deixei uma lição ao meu primogênito, deixo uma para você, não é o que você é por fora que te faz um guerreiro, mas o que você sente por dentro que o torna mais forte! Tempos difíceis virão e irão, mas você deve permanecer forte e decidido, pois só assim viverá segundo a honra de minha casa, do meu sangue e da minha carne.” – Inuyasha e Kagome leram várias vezes o papel. Ele estava amarelado e era, realmente, velho. A letra estava um pouco tremida e parecia ter sido escrita com sangue, pelo menos era este o cheiro que Inuyasha sentia sempre que abria o bilhete. Junto a este papel, havia outro, um que tinha o cheiro de Ruki.

“Seu pai me deu isso antes de morrer, agora passo a você, pois finalmente você honrou as esperanças do grande Inu-Taysho. Há mais uma coisa que devo dizer. A sua espada é a espada do presente. Ou seja, você pode confiar nela para todas as situações, pois além de destruir cem youkais num único golpe, ela mantém em você, o sangue do seu pai, vivo e quente. Quanto a Sesshoumaru, sua espada pertence ao passado, porque são das lembranças dos tempos de glorias que ele vive. Além disso, a espada dele pode reviver cem mortos e isso o torna poderoso, pois ele pode, mesmo não sabendo, manipular as almas. Já eu tenho a espada do futuro, pois ela vive da morte e da vida. E enquanto eu der a minha carne para ela se alimentar, então eu a terei sob meu poder. Espere noticias minhas, elas virão mais rápido do que imagina!” – Ruki havia deixado novamente Inuyasha e sumido para voltar quando fosse necessário.
Kagome olhou para Inuyasha.

O sol parecia surgir mais forte naquele instante, como se abrisse um sorriso para aqueles dois amantes. Era bom sentir a brisa morna no rosto, estarem com as mãos unidas, as de Kagome e as de Inuyasha. Kagome se sentia feliz de estar ali, de sentir o cheiro de Inuyasha e de ouvir sua voz forte abraçá-la com emoção conforme ele falava com ela. Pela primeira vez na vida ela pensou que nunca havia amado mais ninguém, ela havia reservado todo aquele carinho, aquela emoção para uma única pessoa e ele a estava recebendo com todos os toques e carinhos que havia guardado por em tempos passados. Inuyasha estava retribuindo tudo que Kagome já havia feito por ele, porque naquele momento, não havia mais nada que ele quisesse fazer a não ser olhar para o rio cristalino e sentir o cheiro de primavera que vinha dos cabelos negros de Kagome.

Um beijo e nada mais. Somente o silêncio e o sol que ardia sob mais um dia de vida para os dois.

...

_Jaken, cuide de Rin enquanto eu estiver fora. – ele ordenou ao servo com olhos frios e cheios de um sentimento estranho. Já havia passado uma semana e seu corpo estava novamente recuperado.

_Rin, minhas servas cuidarão de você, não sei quando voltarei, mas eu voltarei. – ele disse dando as costas para a menina e partindo em direção a floresta que fazia limite com o castelo. “Tenho um longo caminho para trilhar!”

Rin deixou uma lágrima escorrer do seu rosto e soluçou baixo. Sabia que Sesshoumaru sempre cumpria a sua promessa, mas não sabia quando ele cumpriria.
A noite caia lentamente enquanto os cabelos do youkai brilhavam prateados com a luz do luar e balançavam com a brisa serena da noite. O youkai partia, mas não partia para sempre, seu coração estava decidido a voltar mais uma vez para a casa de seu pai, que agora, pertencia, verdadeiramente, a ele, Sesshoumaru.

...

_Estou procurando um Monge chamado Miroku – uma mulher bateu na porta da sacerdotisa da aldeia onde todos estavam hospedados...

...

Era noite quando Ruki parou de correr. Inuyasha estava feliz e por algum tempo haveria paz no coração de seu protegido, o que facilitaria a vida de Ruki, que poderia cuidar de seus próprios assuntos, e havia muito a ser feito. Isso ela sabia. A noite estava limpa, a lua minguante parecia sorrir para o rosto impassível da youkai e ela pode ver uma estrela cadente cair serenamente, riscando o céu com um brilho prata. Um pedido e novamente a escuridão.
Sesshoumaru olhou para o céu, uma estrela cadente caia, lentamente, como se indicasse algo para ele. Mas não era nada apenas um brilho longínquo. Então o cheiro invadiu seu nariz e ele voltou novamente seu olhar para a floresta. Era como se seu desejo se realizasse pela primeira vez. Nunca havia sentido seu coração bater tão rápido quanto naquele momento e nunca havia ouvido sua própria respiração acelerar ao sentir a presença daquele ser tão perto.

“Sesshoumaru?” – Ruki correu na direção contrária ao vento. O youkai estava por perto.

“Ruki?” – Sesshoumaru partiu em disparada e parou numa clareira.
A luz do luar invadia o ambiente com ternura e trazia um pouco de paz aos corações que ali se encontraram. O rosto de Sesshoumaru estava mais frio que o de costume e seus olhos pareciam congelar toda a vida que ali havia. Ruki não estava diferente. Suas roupas estavam limpas e sua aparência parecia mais bela do que antes. Os lábios estavam inquietos, mas os olhos estavam impassíveis e cheios de raiva.

Um sorriso brotou em ambos os lábios. Ruki desembainhou sua espada, a que usava para lutar e Sesshoumaru, após perder sua espada de luta, preparou suas garras e seu chicote de veneno. Era hora de lutar.

Os olhos se encontraram por um instante e depois apenas um encontro frontal e sangue. O cheiro de sangue e de morte parecia dominar o ambiente. O gosto do veneno de Sesshoumaru e o corte no rosto feito pela lâmina de Ruki. Novamente risos, ambos estavam de costas um para o outro e pareciam achar graça da cena.

_Por que não me deixou morrer? – Ruki disse com o tom baixo e frio.

_Queria eu mesmo matá-la! – respondeu achando graça na pergunta.

_Tenho certeza que sim! – ela partiu novamente para o ataque.

_Por que me deixou? – ele perguntou instintivamente.

_Por que você não tinha ninguém para proteger! – ela respondeu.

“Ela ouviu tudo!” – Sesshoumaru pensou. Claro que na época em que brigou com o pai, havia estado muito bravo com Ruki, pelo fato do pai dela ser responsável pelas guerras no oeste, mas nunca pensou que suas palavras com seu pai fossem as culpadas daquele afastamento. Afinal, ele era culpado do ódio dela e ela era culpada pelo ódio dele.

_Não tenho ninguém para proteger! – ele disse dando uma chicotada no braço de Ruki, fazendo-a perder a espada. Porém, ela também tinha garras venenosas e podia lutar de igual com Sesshoumaru.

As mãos se encontraram e passaram a se empurrar no centro da clareira. Era uma briga de forças, não havia mais polidez e nem mais delicadeza, o que eles queriam era vencer um o outro, e era o que iriam fazer. Pelo menos era o que eles achavam.

Seus rostos estavam perto demais. Ruki ouvia a respiração ofegante de Sesshoumaru, já havia sentido sua respiração antes, era quase hipnotizante. Sesshoumaru ouvia o coração de Ruki bater, ardia em sua mente pensar que já encostara, em seu peito, para ouvi-lo palpitar de emoção.

_Você nunca me quis! – ela disse com a voz alterada, uma raiva estranhamente incontida.

_Você nunca me compreendeu! – ele respondeu com o mesmo ímpeto que Ruki.
Então, se separaram e encararam-se por alguns instantes. Ruki deu as costas para Sesshoumaru e caminhou para fora da clareira. Porém, as garras dele a seguraram pelo braço, a impedindo de prosseguir.

_Por que você se entregou a mim naquele dia? – ele perguntou um pouco transtornado. Embora mantivesse em seu rosto a frieza que lhe era conveniente. Não demonstrando nenhuma emoção que comprometesse sua honra.

_Porque eu te amei! – ela respondeu puxando seu braço para si e saindo o mais rápido possível dali.

O rosto de Ruki estava pronto para derramar suas primeiras lágrimas, mas ela foi forte e não deixou que o choro chegasse. Sesshoumaru permaneceu ali por alguns instantes, pensando no que havia ouvido. Depois, olhando novamente para o céu, viu mais uma estrela cadente cair. Mas agora ele não precisava pedir nada, por tudo o que queria, ele tinha. E voltando a caminhar, partiu em direção oposta a Ruki.

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